MEDIÇÃO DE TERRA

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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Economia será teste para Dilma em 2013

João Pedro Pitombo A TARDE

  • ED FERREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO
    Dilma terá de enfrentar desafios na economia dois anos antes de tentar a reeleição
Depois de dois anos em que o país registrou um crescimento modesto, a presidente Dilma Rousseff entrará em 2013 -  ano que antecede as eleições presidenciais de 2014 - com uma série de desafios no campo econômico. O principal deles, avaliam os economistas ouvidos por A TARDE, será balizar a política econômica no enfrentamento à  recessão, dando sinais claros do rumo que pretende seguir na segunda metade do seu mandato, além de aprimorar liderança política no combate à crise.
O baixo crescimento registrado em 2012, ano em que a economia deve fechar com um avanço de 1% no Produto Interno Bruto, acirrou as desconfianças do mercado e trouxe novos questionamentos sobre eficácia das políticas de enfrentamento à crise adotadas pela presidente.
Este ano, a presidente repetiu a fórmula utilizada em 2008 ao reduzir a alíquota dos Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) em setores como o de automóveis e construção civil. Por outro lado, buscou reduzir o custo brasil com a desoneração da folha de pagamento e redução da tarifa de energia, além de apostar em concessões para impulsionar o investimento em trasnporte e logística.

Na avaliação do economista e professor da Universidade Federal da Bahia, Oswaldo Guerra, as medidas são importantes, porém não demonstram unidade e coerência, deixando os empresários receosos.
"Uma hora é concessão, na outra é redução de impostos. Sempre uma novidade diferente. E não pode ser assim. As empresas trabalham com planejamento de longo prazo. O empresário gosta de estabilidade", avalia Guerra.
Segundo ele, são necessárias  medidas mais estruturais e que atinjam todos os setores da economia, como a retomada de reformas como a tributária. "Não adianta  reduzir os  custos das empresas de forma não linear, privilegiando determinados setores. Isso acaba se tornando um problema", afirma.
Liderança política - Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Sicsú afirma que os baixos crescimentos registrados em 2011 e 2012 são reflexos da crise econômica na Europa e Estados Unidos, que atingiu a economia nacional, sobretudo a indústria.
Segundo ele,  mais do que aperfeiçoar sua política econômica e intensificar medidas para redução do custo Brasil, o governo Dilma precisa aprimorar sua liderança política na economia.
"Na crise de 2008, Lula teve liderança política para convencer a população a consumir mais e, consequentemente, o  empresariado a investir", lembra Sicsú, destacando que o avanço do consumo é o principal chamariz para a intensificação dos investimentos.
Papel do Estado - O cenário de dúvidas ao fim de 2012, resultado do crescimento muito aquém do esperado no início do ano, também trouxe à tona uma discussão sobre a interferência do governo no mercado.
Analistas ligados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os economistas Armínio Fraga e Maílson da Nóbrega - ambos ex-presidentes do Banco Central - dizem que o País tem tomado um caminho de crescente intervenção do Estado na economia.
Estes movimento que, alegam os economistas, remeteriam às políticas do governo de Ernesto Geisel, no período militar.   O crescente intervencionismo, conforme afirmou Armínio Fraga em artigo, seria o fim da "herança bendita" do governo Fernando Henrique Cardoso - uma economia mais aberta, com  privatizações e controle de agências reguladoras.
O professor João Sicsú traz uma visão distinta, classificando como "falácia" as críticas sobre o intervencionismo. "O governo está intervindo para atender a demandas antigas do empresariado, reduzindo custos", alega.
Para o economista Oswaldo Guerra, a maior intervenção é reflexo  do momento de crise. "Esta maior presença do Estado é resultado de uma conjuntura especial de  transição para um novo modelo. Até países mais liberais como os Estados Unidos estão intervindo mais", afirma.

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