MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Usuários de planos de saúde em Salvador reclamam de atendimento


Estrutura das redes privadas para gestantes é um dos maiores problemas.
Médicos paralisaram atendimento na Bahia a partir desta quarta-feira (10).

Do G1 BA, com informações da TV Bahia

Em algumas emergências e urgências de hospitais particulares de Salvador, os pacientes chegam a esperar durante horas até que sejam atendidos. Além disso, existem dificuldades para conseguir consultas com médicos especializados.

Quatrocentos mil segurados de sete planos de saúde vão ficar sem atendimento na Bahia a partir desta quarta-feira (10). A paralisação dos médicos conveniados vai durar dez dias e neste período só vão ser feitos atendimentos de urgência e emergência.
Em um dos três hospitais particulares de Salvador que possuem emergência pediátrica uma mãe, que prefere não se identificar, esperou por cinco horas. "Chegamos aqui às 10 e pouca da manhã e ainda tem nove pessoas na frente dele", disse a mulher às 15h30.
A superlotação das emergências pediátricas é um dos sintomas do descompasso entre a quantidade de pessoas com plano de saúde na Bahia e a estrutura disponível para atendê-las. Com mais de um milhão e quinhentos mil usuários de plano de saúde, a Bahia se destaca com o maior número de credenciados. Só na capital, mais de 700 mil pessoas têm a carteira de um plano, mas só têm acesso a 15 hospitais.
"Nós hoje não temos leitos suficientes de emergências e de emergência pediátrica, não temos leitos de UTI. Várias especialidades médicas nós não estamos conseguindo atendimento porque não há suficiente oferta desse serviço de atendimento à população", explica o presidente da Associação de Hospitais na Bahia, Marcelo Brito.
planos de saúde; usuários reclamam de atendimento (Foto: Reprodução/TV Bahia) Mesmo com plano, Tânia Menezes fez cesária na
rede pública. (Foto: Reprodução/TV Bahia)
Atendimento para gestantes
A estrutura das redes privadas para atender as gestantes é um dos maiores problemas. Nos últimos quatro anos, aproximadamente 100 leitos para gestantes deixaram de funcionar em Salvador. De 2008 até 2012, apenas 50 novos leitos de obstetrícia foram criados.
"Isso resulta na falta de vagas e elas terminam buscando uma maternidade pública para poder ter atendimento garantido", afirma o presidente da Associação Baiana de Medicina, Antonio Carlos Vieira Lopes.
Isso aconteceu com Tânia Menezes. Ela tem plano de saúde, mas no dia em que estava marcado a cesariana ela não encontrou vaga em nenhum hospital credenciado. Como não dava mais para esperar, o filho acabou nascendo em uma unidade do estado. "É um constragimento pagar um plano de saúde e na hora que precisa eu não ter o direito de utilizar. Foi um momento de revolta, eu fiquei muito chateada e meu marido ficou muito revoltado", diz.
Falta de especialistas
Além da falta de vagas nas maternidades, Salvador sofre com a pequena quantidade de médicos credenciados em algumas especialidades. "Existem casos extremos em que até o associado quer uma consulta com o especialista, ele vai no local da rede própria, lá ele é recebido, faz uma consulta tipo uma teleconferência. O médico está em outro estado, escuta a queixa daquele paciente e manda-se por fax o pedido de exames e orientações. Isso é uma coisa grave, está sendo apurada, agora nós precisamos que a população denuncie", afirma a coordenadora do Comitê Honorário de Médicos, Débora Angeli.
A Agência Nacional de Saúde disse que acompanha de forma permanente o trabalho das operadoras de planos de saúde.
Paralisação
Até o dia 19 de outubro estão suspensos os exames, procedimentos, as cirurgias e consultas médicas realizados pelos planos Hapvida, Amil/ Medial, Sulamérica, Cassi, Petrobras, Geap e Golden Cross.
"Nós pagamos um plano relativamente caro para ficar sem ser atendido é um absurdo", diz uma usuária.
"Se emergência pode eu vou para a emergência, é o único jeito, né?", indaga uma idosa.
A categoria médica afirma que a paralisação é motivada por três fatores principais. "A questão do desequilíbrio econômico, com a remuneração inadequada, a questão da interferência abusiva em atitudes antiéticas em relação à autonomia do profissional médico e um problema grave, que é a questão dos contratos. A maior parte dos médicos não têm um contrato com uma periodicidade, índices de reajuste nem critérios para descredenciamento. Muitas vezes, o profissional indica e solicita procedimentos e tratamentos e os planos muitas vezes postergam a liberação, dificultam e questionam aquela indicação médica, e o maior prejudicado é o paciente, porque o médico não lida com a questão do lucro, ele está lidando com a melhor escolha para seu paciente", diz Debóra Angeli, médica.
ReajustesA Federação Nacional das Empresas de Saúde Suplementar informou que as operadoras de plano de saúde têm concedido reajustes regulares aos médicos, acima da inflação. Disse ainda que os médicos ganham, em média, R$ 58 por consulta, o que em 22 dias trabalhados daria um rendimento de quase R$ 20 mil. A Federação alegou, ainda, que no ano passado o setor gastou mais do que arrecadou, e que é preciso manter as contas equilibradas para garantir a manutenção dos serviços.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar, que fiscaliza os planos de saúde, informou que  o protesto dos médicos não pode prejudicar o atendimento aos segurados. Disse ainda que é proibido cobrar valores adicionais por consultas ou qualquer outra prestação de serviço que tenha cobertura obrigatória pelo plano contratado.
Alternativas
De acordo com a superintendente do Procon, os pacientes devem buscar uma negociação com a operadora do plano de saúde. "Se ele não teve a devida resposta do plano, ele ligue para a ANS, registre, protocole, ou então, é importante também que ele venha para o Procon", orienta Gracielle Leal.
Existe ainda a possibilidade do paciente pagar a consulta e solicitar o reembolso ao plano de saúde posteriormente. "É extremamente importante que o consumidor pegue sua nota fiscal, peça o reembolso a posteriore, caso o reembolso não seja pago de forma integral, esperemos, no contexto dessa greve que ele seja pago de forma integral, ele busque o Procon, ele registre essa queixa, e também vá ao judiciário, porque com certeza o consumidor não pode ser prejudicado em momento nenhum por essa paralisação, que é um direito dos médicos, mas também envolve o direito à vida do consumidor baiano. Ele não pode ser prejudicado em hipótese nenhuma", destaca a superintendente.

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