Peixes se 'acostumaram' com o novo caminho construído, diz biólogo.
Das 70 espécies de peixes do Madeira, 25 já passaram pelo canal.
Peixes enfrentam a correnteza para a piracema (Foto: Gabriel Villela Torquato/Divulgação)
Uma das preocupações com a construção de usinas hidrelétricas no Rio
Madeira era em relação à reprodução dos peixes. A primeira piracema após
o desvio do rio e o início de operação da Usina Hidrelétrica Santo
Antônio não foi prejudicada. Milhares de peixes de escamas como pacus,
tambaquis e jatuaranas nadam contra a correnteza do Rio Madeira para
desovar nessa época do ano.Para garantir a passagem dos peixes, os engenheiros da construtora projetaram um canal artificial de um quilômetro de extensão construído no meio da barragem, onde antes havia a cachoeira de Santo Antônio.
O Sistema de Transposição de Peixeis (STP) construído imita as nuances do rio como a das corredeiras e barreiras naturais que os peixes precisam passar para desovar. Entre as pedras, se formam os lagos onde os peixes descansam a cada barreira que passam. As dificuldades são menores, mas permanecem. Segundo o biológo, sem dificuldades os peixes não sobem o rio para procriar.
Vinte
e cinco espécies, das 70 do Rio Madeira, já passaram pelo Sistema de
Transposição de Peixes (Foto: Gabriel Villela Torquato/Divulgação)
Os peixes, ao que tudo indica, se acostumaram rapidamente com a nova
passagem. “Os sistemas desse tipo em outras usinas costumam demorar até
quatro anos para começar a dar resposta. Desde o início do sistema de
funcionamento de transposição a gente tem observado peixes aqui dentro,
então é um resultado muito positivo para nós”, explica o biólogo
Alexandre Marçal, da Santo Antônio Energia.O trabalho é permanente, as equipes da empresa contratada fazem o monitoramento no trecho do canal. Os peixes são pescados por amostragem; identificados e depois devolvidos a água. Das mais de 70 espécies que habitam a região do Rio Madeira, segundo estudos anteriores, 25 estão passando pelo canal.
Bagres do Madeira
Os testes definitivos começam em dezembro, quando se inicia a temporada de chuvas na Amazônia; e as espécies de peixe de couro, os chamados grandes bagres que estão no topo da cadeia alimentar, começam a desovar. Nos últimos dois anos, os biólogos instalaram chips em mais de 200 peixes de couro capturados perto da usina.
Quando o ciclo de desova dos peixes de couro começar, os sinais emitidos pelos chips serão captados pelas antenas colocadas; com isso os cientistas poderão saber qual a proporção de bagres que conseguiu subir e chegar até a represa.
Sistema de Transposição de Peixes construído onde antes era a cachoeira de Santo Antônio (Foto: Alex Araujo/Divulgação)
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