MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 20 de outubro de 2012

Exposição de design de joias tem de vestido a 'chapéu-gaiola' de ouro


Mostra fica em cartaz no Museu de Artes e Ofícios até dia 28 de outubro.
Estilista mineiro Renato Loureiro avalia trabalhos a pedido do G1.

Cristina Moreno de Castro Do G1 MG

Elmo de ouro (Foto: Cristina Moreno de Castro / G1)Elmo de ouro exposto na mostra de design de joias.
(Foto: Cristina Moreno de Castro / G1)
Um vestido inteiro com fios de ouro entrelaçados, um colar com pedras parecidas a bolas de gude, um chapéu em formato de gaiola, todo de ouro. Essas e outras peças, em formatos e conceitos inusitados, estão expostas na mostra de design de joias "PetrAurum", no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, até o último domingo de outubro (28).
A exposição faz parte da 4ª Bienal Brasileira de Design, em cartaz até 31 de outubro – é a primeira vez que o design de joias é abordado pela Bienal. Ela faz uma retrospectiva de 20 anos de produção das preciosidades no país, com os trabalhos de vencedores do concurso do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos), que existe desde 1992, e do AuDITIONS, promovido pela mineradora multinacional Anglo Gold Ashanti desde 2002.
São mais de 200 joias, incluindo algumas que estão pela primeira vez no Brasil, vindas da Índia, China e África do Sul.
A convite do G1, o estilista mineiro Renato Loureiro, 68, foi avaliar a exposição na última terça-feira (16). Loureiro começou no mundo da moda há 42 anos e fez parte, há dez anos, do primeiro júri do concurso AuDITIONS.
Renato Loureiro avalia exposição de design de joias a convite do G1 (Foto: Cristina Moreno de Castro / G1)Renato Loureiro avalia exposição de design de joias a convite do G1 (Foto: Cristina Moreno de Castro / G1)
Design mineiro
Num primeiro momento, chama a atenção de Loureiro o excesso de joias feitas por designers mineiros. Segundo a organização da mostra, elas são 60% das peças expostas. "O design mineiro é referência nacional. Aqui é um celeiro de novos talentos", justificou Loureiro.
Para ele, concursos como o AuDITIONS, que é tido como o maior do mundo, têm a vantagem de apresentar designers desconhecidos e iniciantes, que não teriam como confeccionar tantas peças valiosas sem patrocínio. "E quando não tem aspecto comercial, o designer dá asas à imaginação. Ele 'solta os capetas' e consegue surpreender pela criatividade", diz Loureiro. O estilista ressalva que, às vezes, "acabam pecando pelo exagero para chamar a atenção."
Por isso, peças muito ousadas no conceito, embora "maravilhosas", nem sempre são viáveis comercialmente. Ele aponta para um colar com incontáveis pedras preciosas, que não arrisca estimar quanto custa. "Cria-se aquela situação em que a mulher vai a uma festa, com um segurança e um cofre, e só pode vestir o colar lá dentro."
Aquela é a primeira das quatro salas da mostra, apenas com as peças do concurso do IBGM, que é voltado para peças comerciais e apenas com gemas de cor.
Loureiro avalia peças de uma das salas da exposição. (Foto: Cristina Moreno de Castro / G1)Loureiro avalia peças. (Foto: Cristina Moreno de
Castro / G1)
Sem informaçõesSurge a primeira curiosidade: nenhuma das placas informativas explica o material usado pelos designers. Todas aquelas pedras coloridíssimas não são identificadas.
A crítica de Loureiro é justamente por conta da falta de informações sobre cada peça: também há várias sem o nome do autor e nenhuma delas tem o nome do projeto ou um resumo com a intenção do designer.  "Isso é um problema. O artista tem que ser conhecido. Todo designer justifica sua criação."
Segundo Manoel Bernardes, curador da exposição, as informações não foram colocadas porque a intenção era focar no design produzido no Brasil historicamente, não nas peças específicas. "Agrupei pelos fatores permanentes na percepção do design do Brasil, considerando as formas, sensualidade e repetição das peças."

Liberdade de criarQuando perguntado sobre qual foi sua peça favorita, Loureiro diz: "Não gostei de uma, mas de várias." E elogia a exposição por dar liberdade para as pessoas criarem.

Já estamos na segunda sala visitada, que é a que Loureiro mais gosta. "Aqui podemos ver que tem design sem nenhum tipo de impedimento. É muito mais impactante que na sala anterior, que tinha jóias que poderiam estar em lojas."
Loureiro acha colar sensual (Foto: Cristina Moreno de Castro / G1)Loureiro acha colar exposto sensual.
(Foto: Cristina Moreno de Castro / G1)
Loureiro se impressiona com um colar "delicado, muito sensual, que vai se modelando ao corpo", todo feito de fios e círculos de ouro. Gosta menos da vitrine que exibe peças de roupas feitas com o metal. "Não é o material inusitado que vai fazer a peça ser criativa. É só um vestido, que poderia ser de seda, mas é de ouro."
O importante nesses concursos, diz ele, é justamente poder ousar nos conceitos, mesmo que não sejam peças que poderiam ser usadas depois. Por exemplo, ele aponta um elmo todo de ouro e um chapéu em formato de gaiola, que "seriam interessantes na cabeça de um modelo, em um desfile, ou da Madonna e da Lady Gaga".
Identidade brasileira
Na terceira sala, batizada de "Diálogos", há as peças vindas da África do Sul, Índia e China, ao lado de outras brasileiras. Embora Loureiro considere o artesanato africano "um dos melhores do mundo", prefere as peças brasileiras, como o colar formado por formas de garotos brincando de roda. "A identidade brasileira é mais evidente."
Ao fundo, peças do Brasil, África do Sul, Índia e China. (Foto: Cristina Moreno de Castro / G1)Ao fundo, peças do Brasil, África do Sul, Índia e China, na sala "Diálogos", da exposição de joias.
(Foto: Cristina Moreno de Castro / G1)
Essa identidade fica "explícita demais" na quarta e última sala, com o tema "Brasilidade". Há joias em formato de tambores, búzios, bandeira do Brasil, penas, fitinhas do Bonfim e a favorita do estilista: uma pulseira em formato de tapetinho colorido artesanal. "Perde valor como joia, mas ganha valor agregado pelo design e é pop."
Exposição PetrAurumAté dia 28 de outubro
Museu de Artes e Ofícios
Praça Rui Barbosa s/n
Horário de funcionamento: terça e sexta, das 12h às 19h, quarta e quinta, das 12h às 21, fim de semana e feriado, das 11h às 17h
Entrada gratuita
Telefone: (31) 3248-8600

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