Manifestantes pró-Lugo bloqueiam lado paraguaio da fronteira

Passagem de veículos foi interditada por 15 minutos no início da tarde.
Eles protestam contra o impeachment do ex-presidente paraguaio.

Cassiane Seghatti Do G1 PR, no Paraguai

Manifestantes bloquearam alfândega (Foto: Cassiane Seghatti)

Depois de quatro horas reunidos em frente à Prefeitura de Cidade do Leste, no Paraguai, cerca de 500 manifestantes, entre sem-teto, líderes políticos e integrantes de movimentos sociais, bloquearam a passagem de veículos na alfândega do lado paraguaio da Ponte da Amizade, por volta das 12h30 desta quarta-feira (27).
Durante 15 minutos, o trânsito ficou parado. Depois que os policiais montaram um cordão de isolamento, todos foram impedidos de seguir em direção à ponte que liga o Foz do Iguaçu, no Brasil, e o Paraguai.

Policiais foram chamados para isolar
manifestantes (Foto: Cassiane Seghatti)

Impedido de seguir, o grupo voltou a se concentrar em frente à prefeitura.
De acordo com um dos organizadores, uma assembleia deve ser realizada, ainda na tarde desta quarta-feira (27), para decidir se ele vão tentar fechar a Ponte da Amizade.
Nos dias de maior movimento, cerca de 35 mil pessoas cruzam a Ponte da Amizade, e 15 mil veículos passam de um país para o outro.
Os manifestantes protestam contra o impeachment de Fernando Lugo, ocorrido na sexta passada.
Eles afirmam defender a democracia e o respeito à vontade popular. O objetivo de fechar o principal acesso entre os países vizinhos é chamar a atenção para a situação política do país.
Afastamento de Lugo
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra ele foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país. A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".

O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do presidente socialista. A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.
Na tarde de sexta-feira, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.
Em discurso, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado e na ocasião pediu que seus partidários fizessem manifestações pacíficas e que "o sangue dos justos" não seja mais uma vez derramado no país.
O país enfrenta uma série de protestos.