Estudo mostra que a economia tem mudado o destino de brasileiros que trocam de cidade à procura de trabalho.
JORNAL NACIONAL
Em uma caixa enorme vai o bem mais precioso na mudança da desempregada Monica Cipriano de Oliveira.
“Roupas, travesseiro, televisão”, descreve. “São três dias de viagem”.
Na térmica, a água para aguentar até Juazeiro do Norte, no Ceará. Evandro de Lima Rodrigues chegou para trabalhar como pedreiro, arrumou emprego, mas decidiu voltar para o Maranhão depois que a saudade da mulher bateu forte. “Danielle, estou chegando de São Paulo para Parnaíba, diretamente do Tietê. Me aguarde, eu te amo”, anuncia.
Histórias como as que a equipe do Jornal Nacional ouviu agora são parte de uma tendência nos últimos anos. São Paulo ainda atrai investimentos e cresce. Mas o desenvolvimento econômico de outras regiões do país tem feito muita gente pensar duas vezes antes de ficar ou ir para a capital. É o que revela um estudo demográfico da Fundação Seade.
Entre 2000 e 2010, cerca de 30 mil migrantes por ano deixaram a Região Metropolitana de São Paulo. Nos anos 1990, o saldo ainda era positivo. O que se vê agora em nada lembra os anos 1970, quando o saldo positivo de migrantes na região passava dos 200 mil por ano.
“Outras áreas estão conseguindo ser bastante dinâmicas e atrair essa população”, revela a analista da Fundação Seade Sonia Perillo.
Um casal foi atrás de sossego. Trocou a cidade de São Paulo por um condomínio fechado na região de Campinas, um dos novos centros de atração de migrantes. A maioria é de moradores do próprio estado de São Paulo. Ela passou a trabalhar em casa. Ele, que era professor, virou representante comercial.
“A gente começa a perceber que é super possível progredir profissionalmente aqui também, mesmo que se mude de área, que se faça outra opção”, comenta José Carlos Aloya.
Monica quer ter a mesma sorte da mãe, que já está em Juazeiro e empregada. O Ceará é um dos estados que crescem acima da média nacional, segundo o IBGE. “Minha mãe falou que lá tem muita fábrica, muito emprego. Então, estou indo para lá, viver minha vida, ver se consigo um emprego melhor”, planeja Monica.
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