Projeto de criação de peixes vira desperdício de dinheiro público

 

Cooperativa deveria gerar emprego e renda em regiões pobres do Brasil.
No Vale do Jequitinhonha, em MG, obras foram feitas, mas nada funciona.

Do Globo Rural

O caminhão-frigorífico novinho nunca fez uma viagem a trabalho. Dentro do galpão estão barcos, refrigeradores, toneladas de equipamentos empilhados. A promessa era gerar renda com a criação de peixes em cativeiro em cidades pobres no sertão de Minas Gerais.

Morador de Araçuaí, o agricultor Antônio Almeida foi um dos primeiros a trocar o gado pela piscicultura. “Nós éramos 23 sócios, mais ou menos 100 pessoas, em uma região carente onde falta emprego para maioria das pessoas”.

Foram três anos de sonhos e investimentos. “Nós chegamos a ter 40 toneladas de peixe, que tivemos que jogar no aterro sanitário porque não tinha onde ser abatido”, lamenta Antônio.

Um dos problemas do projeto teria sido um erro na construção da unidade de processamento de pescado, de onde o peixe sairia prontinho para venda. Mais de R$ 200 mil foram investidos em dinheiro público, mas água tratada nunca chegou.

O Ministério da Integração Nacional financiou R$ 1 milhão, mas nunca fiscalizou o uso do dinheiro, a gestão do recurso era do governo de Minas. Sem conseguir licença para o abate do peixe por erros no projeto, as atividades foram suspensas.

A Rural Minas, empresa do governo do estado responsável pelo projeto, informa que a atividade da associação foi paralisada porque a unidade de processamento de peixe dependia de adequações pedidas pela vigilância sanitária municipal. Um novo projeto, com as mudanças, foi encaminhado ao Ministério da Pesca, junto com um pedido de mais recursos.
Já o Ministério da Integração Nacional diz desconhecer o abandono do projeto e prometeu enviar técnicos ao local para avaliar os equipamentos. Se for constatado o mau uso do dinheiro público, será exigido que o governo de Minas devolva os recursos