Na
quarta-feira (27), a Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura anunciou que o geoparque mineiro, conhecido como Terra
dos Gigantes, entrou para a Rede Global de Geoparques
Centro
de Pesquisas Paleontológicas Lewellyn Ivor Price e Museu dos
Dinossauros, no Geoparque Uberaba (Fonte: volume I do livro Geoparques
do Brasil) |
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O
Brasil tem mais um geoparque reconhecido mundialmente, após estudos do
Serviço Geológico do Brasil (SGB), que embasaram a proposta. Nesta
quarta-feira (27), a Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO) anunciou a chancela do “Geoparque de Uberaba –
Terra dos Gigantes”, no Triângulo Mineiro.
Com
o status, o Geoparque Uberaba se une aos outros 212 geoparques de 48
países - sendo cinco brasileiros - que já fazem parte da Rede Global de
Geoparques, ganhando visibilidade e notoriedade internacional. O local é
o primeiro geoparque do estado de Minas Gerais e da Região Sudeste,
sendo também o único de todas as Américas a ser chancelado pela UNESCO
em 2024.
“O
diferencial deste geoparque e sua relevância geocientífica se devem aos
fósseis de dinossauros e de outras espécies que foram descobertos no
local. Existem geossítios de interesse paleontológico, que podem ser
visitados e precisam ser geoconservados, pois foram locais de
descobertas de fósseis e podem ainda revelar novas descobertas”, explica
o geólogo Carlos Schobbenhaus, um dos idealizadores do Projeto
Geoparques do SGB e co-autor do estudo sobre a proposta do Geoparque
Uberaba, publicado em 2012.
Geossítio
Caieira: marco das primeiras escavações paleontológicas sistemáticas
desenvolvidas em Uberaba e o mais relevante sítio de ocorrências de
vertebrados do Cretáceo continental brasileiro (Foto: Carlos
Schobbenhaus/SGB) |
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No
local, foram encontrados fósseis, dentes, ovos e ninhadas de
dinossauros do período Cretáceo Superior – entre 80 milhões e 66 milhões
de anos atrás. Dentre eles, os ossos do Uberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro brasileiro e um dos últimos titanossauros do planeta, com 27 m de comprimento e 14 m de altura.
Na região também foram descobertos fósseis de grandes carnívoros terópodes, como o Abelissauro (Abelisaurus comahuensis), com cerca de 8 metros de altura, além de crocodilomorfos, como o Uberabasuchus terrificus (foto abaixo), expostos no Museu dos Dinossauros de Peirópolis - que fica no Geoparque Uberaba.
Crânio do Uberabasuchus terrificus (Foto: André Borges Lopes) |
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Há
também dois outros atributos históricos e culturais que foram
considerados para indicar a representatividade internacional do
geoparque. Um deles é que Uberaba é considerada a “Capital Mundial do
Zebu”, devido ao potencial agropecuário para criação desse tipo de gado.
A cidade foi também onde viveu o líder espírita Chico Xavier.
SGB é o principal indutor do reconhecimento de geoparques
Em
2012, o SGB apresentou a proposta de criação do Geoparque Uberaba, em
capítulo do volume I do livro “Geoparques do Brasil - Propostas” do SGB
(disponível aqui) , que evidencia a relevância geocientífica da região.
Desde 1940, a área é foco de pesquisas paleontológicas, inclusive do SGB.
“Nós
já conhecíamos o potencial daquela localidade para a proposição de um
geoparque e aprofundamos os estudos por meio do Projeto Geoparques”,
detalha o geólogo Schobbenhaus, que também é membro-fundador e
presidente da Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos
(SIGEP).
O geólogo Carlos Schobbenhaus com o volume I do livro Geoparques do Brasil - Propostas (Foto: Larissa Souza/SGB) |
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No ano de 2022, pesquisadores visitaram a unidade para complementar o inventário geológico e, em 2023, foi publicado o Mapa do Patrimônio Geológico do Geoparque de Uberaba - Terra dos Gigantes,
com o inventário de 31 geossítios e sítios da geodiversidade do local.
Além da paleontologia, o estudo apresentou inventário de geossítios nos
temas: vulcanismo, estratigrafia e sedimentologia, geomorfologia,
hidrogeologia e patrimônio geomineiro. Todos os geossítios estão
cadastrados na plataforma Geossit.
Esse
estudo fortaleceu o dossiê de candidatura do Geoparque Uberaba,
encaminhado à UNESCO, conforme avalia o geólogo da Universidade Federal
do Triângulo Mineiro (UFTM) Luiz Carlos Borges Ribeiro, um dos
idealizadores do Projeto Geoparque Uberaba e co-autor do estudo sobre a
proposta da unidade: “O SGB foi determinante para esta conquista
internacional, que demandou 14 anos de muito trabalho, esforço e
determinação”, destaca.
Projeto Geoparques
Os
trabalhos realizados fazem parte do Projeto Geoparques, por meio do
qual o SGB atua como importante indutor no processo de reconhecimento
das áreas. Ao longo dos últimos 20 anos, foram elaborados relatórios com
identificação, levantamento, descrição, inventário e diagnóstico de
geoparques potenciais, do ponto de vista geocientífico e geoturístico.
“Em
2007, sugeri criar o projeto Geoparques porque vi o grande potencial do
país para a criação de novos geoparques, com importantes geossítios e
sítios da geodiversidade. Diversos desses geossítios representam
importante patrimônio geológico, que precisa ser divulgado e preservado
por fazer parte da história da evolução do nosso planeta”, relata
Schobbenhaus. O geólogo acrescenta: “Nosso país tem registros dessa
história, desde os mais antigos até os mais recentes. Assim, uma boa
parte da história da Terra está representada no Brasil”.
Além
do Geoparque Uberaba, a instituição realizou estudos que contribuíram
para o reconhecimento de outros quatro geoparques brasileiros: Seridó,
no Rio Grande do Norte; e Caminhos dos Cânions do Sul, Quarta Colônia e
Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul. Esses dois últimos receberam a
chancela em 2023. No Brasil, ainda há o Geopark do Araripe, no Ceará, o
primeiro a entrar para a Rede Global de Geoparques, em 2006.
A
designação de Geoparque Global é concedida por um período de quatro
anos. Após esse prazo, os geoparques passam por um processo de
revalidação, em que são novamente avaliados o funcionamento e a
qualidade de cada unidade.
Núcleo de Comunicação
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