Prevista
no Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária em 2006 e
elaborada pelo Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente
(CONANDA), a busca ativa na adoção é
um importante recurso facilitador para que as crianças e os
adolescentes que ainda não encontraram pretendentes cadastrados com
perfil compatível aos seus consigam uma família. “Ao
contrário do que muitos acreditam, não se trata de um movimento que os
pretendentes à adoção fazem no intuito de encontrar filhos no perfil
desejado”, explica Jussara Marra, Presidente da ANGAAD - Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção. “Não
significa passar na frente da fila da Adoção. Se você é um pretendente
habilitado e não tem um perfil compatível com os perfis da Busca Ativa, a
chance desse método dar errado é grande, já que as famílias precisam
ser preparadas para a adoção, e especialmente para a busca ativa”, afirma Kelly Rufino, Assistente Social do Grupo de Apoio Pontes de Amor, de Uberlândia (MG), filiado à ANGAAD.
Com
o reconhecimento da Busca Ativa como parte estratégica de políticas
públicas em diversas áreas (Saúde, Educação, Assistência Social), surgem
muitas possibilidades de ação e de criação de projetos inovadores, e
assim também acontece no mundo da adoção. Segundo Vera Cardoso,
co-fundadora do Grupo de Apoio à Adoção Conviver, de Goiânia (GO), e
Coordenadora da região Centro-Oeste da ANGAAD, a Busca Ativa na Adoção
supõe, em primeiro lugar, a escuta que aproxima os voluntários dos
Grupos de Apoio à Adoção e técnicos do Judiciário das reais
necessidades, tanto dos pretendentes quanto de crianças e adolescentes
acolhidos. “A postura
proativa torna possível a construção de campos de mediação, promovendo
encontros entre famílias e crianças maiores, adolescentes, grupos de
irmãos ou crianças com problemas de saúde”, afirma Vera.
Embora
a Busca Ativa tenha se iniciado informalmente, ela passou aos poucos a
ser reconhecida, formalizada e, mais adiante, instrumentalizada por
aplicativos criados especificamente para que o trabalho se tornasse mais
efetivo. “Além disso, recentemente, houve a inclusão de ferramentas sobre o tema dentro do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento”,
resume a Presidente da ANGAAD. Hoje, essa busca segue sendo realizada
por equipes técnicas, Grupos de Apoio à Adoção e aplicativos chancelados
pelos Tribunais de Justiça dos Estados aos quais se vinculam. “Temos ainda programas que vem ganhando bastante força, como o “a.dot” e o “Adote um boa noite”, entre outros”, conta Jussara.
Considerando
o cenário brasileiro, alguns perfis de crianças e adolescentes (grupos
de irmãos, crianças com deficiências, questões de saúde etc.) aguardam
um tempo maior para encontrarem uma família, se comparado a outros
perfis. “Portanto, a
ferramenta de busca ativa viabiliza a possibilidade de que esses perfis
também estejam em família. Ela é legal, ética e ocorre em consonância
com os procedimentos legais previstos no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). E só acontece mediante prévia autorização Judicial”, ressalta Kelly Rufino.
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