MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Lula e Putin

 

BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

Quase um ano após o início da guerra Lula recebeu o Chanceler alemão Scholz. Na conferência de imprensa falaram da guerra na Ucrânia e Lula usou os mesmos argumentos que Bolsonaro e, em Portugal, o PCP. João Marques de Almeida para o Observador:


No caso de Lula, poderíamos dizer que nunca demora muito tempo a apanhar um radical. O facto de Bolsonaro fazer Lula parecer um moderado, não significa que Lula o seja. Apenas mostra que Bolsonaro ainda é mais radical do que Lula. O radicalismo de ambos é claro quando falam da guerra na Ucrânia. Aí, Lula e Bolsonaro estão completamente de acordo. Lembram-se quando Bolsonaro visitou Putin uns dias antes da Rússia atacar a Ucrânia para mostrar a “amizade entre o Brasil e a Rússia”?

Ontem, quase um ano depois do início da guerra, Lula recebeu o Chanceler alemão Scholz. Na conferência de imprensa, falaram da guerra na Ucrânia, e Lula usou os mesmos argumentos que Bolsonaro e, em Portugal, o PCP. Insinuou que a NATO, a União Europeia e a própria Ucrânia também tinham responsabilidades pela guerra. Lula acrescentou ainda uma frase extraordinária: “só há guerra quando as duas partes querem combater.” Nunca ninguém ensinou o Presidente brasileiro que as potências invasoras nunca querem uma guerra, apenas pretendem invadir e conquistar em paz. Hitler também nunca quis a segunda guerra mundial, apenas quis invadir e conquistar a Polónia, a França e até a União Soviética. Se usarmos a lógica de Lula, só houve guerra porque os países atacados e os seus aliados resolveram defenderem-se.

As afirmações de Lula foram de tal modo inaceitáveis que Scholz, habitualmente, um politico controlado e frio, se viu obrigado a responder de um modo pouco diplomático (convém recordar que Scholz é um político de centro esquerda, não é um populista de direita). Afirmou que “a agressão da Rússia não é apenas uma questão europeia mas constitui uma violação do direito internacional.” Scholz foi ainda mais longe e, dirigindo-se directamente a Lula, disse que “a história do Brasil teria sido menos pacífica se alguns dos seus vizinhos quisessem alterar as fronteiras pela força.”

Mas a guerra na Ucrânia não é apenas uma invasão militar da Rússia, também é um conflito entre uma ditadura e um país democrático. Lula passou os últimos meses a afirmar que lutava pela democracia brasileira contra Bolsonaro e a extrema direita. Acusou o seu antecessor de ter provocado uma tentativa de golpe de estado em Brasília. Como é que Lula percebe o que é uma ameaça à democracia no Brasil e não entende que Putin é um ditador? Se Lula não entende o óbvio da política – qual é o lado certo numa guerra entre uma ditadura e uma democracia – o futuro do Brasil continua a ser muito preocupante.
Postado há por

Nenhum comentário:

Postar um comentário