Com
base nos relatos mais frequentes de atendimentos feitos no
Metropolitano, a hipótese é que a maioria dos acidentes acontece quando
os responsáveis estão segurando as crianças no colo enquanto cozinham ou
enquanto realizam outras atividades domésticas. Esse tipo de acidente,
segundo a pesquisa, também atinge as mães — em 20% dos casos, por
exemplo, mulheres com idades entre 31 e 45 anos foram atingidas.
“Os
acidentes podem ser os mais variados, desde uma fogueira no quintal ao
manuseio de isqueiro, fósforo e fogão ou até mesmo o cabo da panela
virado para fora. É importante que as pessoas sigam em alerta e
vigilantes para que os casos diminuam e que tenhamos cada vez menos
crianças acometidas com queimaduras que, em muitas vezes, deixam
sequelas graves e irreversíveis”, diz Leonardo Ramos, coordenador de
Ensino e Pesquisa do HMUE.
O
estudo foi divulgado no site da Revista Brasileira de Queimaduras,
referência nacional em pesquisas sobre a temática, em setembro deste
ano, e teve como base a análise de 553 prontuários de pacientes
internados no hospital, no período de janeiro de 2017 a dezembro de
2018.
Rômulo
Roberto Conceição, 56, é comerciante e mora em Maracanã, interior do
Pará. Ele é pai do pequeno ítalo Pinto, de apenas seis anos, que está há
mais de um mês internado no Hospital Metropolitano para tratar as
queimaduras sofridas após cair em um buraco com chamas de fogo.
“Eu
pensei sim que perderia o meu filho. É uma dor que só quem é pai pode
sentir ao ver o seu filho naquela situação, mas graças a Deus ele está
bem e se recuperando”, comenta. “O acidente é sempre muito rápido, então
o cuidado deve ser redobrado. Ele estava brincando de pipa no quintal e
caiu no buraco com mais de um metro de profundidade”, lembra.
Ionan
Dias de Carvalho tem 29 anos e é mãe de Bianca Carvalho, de dois anos,
que também se acidentou brincando próximo a uma fogueira. Vindas de
Barcarena, a pouco mais de 200 km de Belém, mãe e filha passaram pela
Unidade de Tratamento Intensivo do HMUE e hoje estão na enfermaria.
“O
susto foi enorme. Eu não estava em casa no momento do acidente só o meu
marido e meus outros filhos. Ela estava brincando no quintal próximo a
uma fogueira e houve uma explosão que atingiu várias partes do corpo
dele. Quando sair aqui do hospital, os cuidados que já existiam serão
redobrados”, diz Ionan.
Assim
como nos casos dos pequenos ítalo e Bianca, grande parte dos
acidentados por queimaduras é encaminhada para o centro de queimados do
Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua,
considerado o mais avançado e importante local de atendimento público em
toda a região Norte.
“Os
nossos esforços são para que essas pessoas que precisam de rápido
tratamento o recebam e, mais que isso, consigam êxito durante todo o
processo de internação e não só passem por aqui como estatística. Todos
aqui atuam com isso em mente, com foco no ser humano”, diz a diretora
Hospitalar do Hospital Metropolitano, Alba Muniz.
Aproximadamente
um milhão de acidentes com queimaduras acontecem todos os anos no
Brasil. Desse total, estima-se que 100 mil pacientes buscam atendimento
médico e outros 2.500 não resistem às lesões e morrem. Para atender os
pacientes vítimas de queimaduras, o SUS destina cerca de 55 milhões de
reais todos os anos.
Humanização no atendimento
Dentro
do Hospital Metropolitano, os doentes contam com atendimento
multiprofissional que envolve médicos, enfermeiros, psicólogos, além de
fisioterapeutas para a realização de exercícios por meio de recursos
como, por exemplo, a gameterapia. Muitos passam, ainda, por cirurgias
complexas, onde são usados métodos que atuam para diminuir o risco de
amputação de membros e aceleram a recuperação do paciente.
“Quando
o paciente chega ao hospital para o tratamento de uma queimadura, ele
chega fragilizado. É um processo que envolve uma equipe de profissionais
e exige tempo e resiliência para resultados consideráveis”, diz
Nellyane Ferro, coordenadora de enfermagem do Centro de Tratamento de
Queimados (CTQ) do HMUE.
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