Em
um dia de setembro do ano 2000, o maestro Leonardo Garcia Alarcon fazia
pesquisas na Biblioteca do Vaticano, quando, sem querer, descobriu uma
pérola: a ópera “O Palácio Encantado”,
de Luigi Rossi. Foram muitos anos, mais precisamente duas décadas, para
que ele pudesse realizar o sonho de transformar a partitura em um
espetáculo que agora será exibido no Brasil através do Festival Ópera na Tela. Na segunda-feira, 22 de novembro, a
récita será projetada na tela gigante localizada na estrutura em
formato de tenda, montada no Parque Lage, um cartão-postal carioca.
“Ao
ler esta obra, não pude crer nos meus olhos. Jamais teria acreditado
que pudesse existir uma ópera de tamanha riqueza”, conta. Movido por sua
paixão por descobrir partituras antigas, ele estava diante de algo que
sequer tinha ouvido falar e, de pronto, reconheceu tratar-se de uma
obra-prima. Acabou descobrindo que a ópera havia sido encenada pela
primeira vez em Roma, em 1692, e depois – talvez por questões políticas e
religiosas da época – não seguiu mais nos palcos, perdendo-se entre os
arquivos vaticanos.
Este
ano, devido à pandemia, ganhou uma encenação sem público realizada pela
Ópera de Dijon. Com Coro da Ópera de Dijon e Coro de Câmara de Namur,
participaram 16 solistas, coros duplo e triplo com seis e 12 vozes e
dezenas de bailarinos. Todos saíam pelas ruas de uma Dijon completamente
deserta, devido a quarentena, para ensaiar no confinamento do teatro.
Coincidentemente,
essa realidade em muito se relaciona com o enredo do próprio
espetáculo, em que os personagens são aprisionados por um mago em um
palácio encantado e labiríntico. “É certo que sentiremos falta da
respiração do público. Mas, nesse caso, esta obra é uma metáfora do que
nós estamos vivendo. É quase como se uma dor tivesse se tornado uma
forma de arte, como se o poeta e o compositor tivessem imaginado que
esta ópera seria apresentada hoje”, analisa Alarcon.
No domingo, 21, às 17h,
um dia antes da exibição de “O Palácio Encantado” no festival, o
maestro dará uma palestra gratuita através de videoconferência: “A Redescoberta da Obra-Prima Esquecida de Luigi Rossi: O Palácio Encantado”.
Ele contará todos os detalhes da longa trajetória percorrida pela ópera
desde a sua descoberta no Vaticano até sua chegada aos palcos.
O
Festival Ópera na Tela tem produção da Bonfilm – responsável também
pelo Festival Varilux de Cinema Francês – e patrocínio de Engie,
Servier, Sofitel, Varilux, Persol. Os copatrocinadores são Air France,
Edenred, MedRio, Naval Group,Total, Vallourec e Voltalia. O evento tem
apoio institucional da Embaixada da França, da Aliança Francesa e do
Consulado Alemão.
O PALÁCIO ENCANTADO - 22 de novembro
De Luigi Rossi - Teatro de Dijon - Azione in musica (Ação musical)
Libreto: Giulio Rospigliosi
Cantada em italiano
Encenada pela primeira vez em 1642, em Roma, e pela segunda vez em 2021 em Dijon (França)
Duração: 3h34
Maestro: Leonardo García Alarcón
Diretor: Fabrice Murgia
Cappella Mediterranea
Coro da Ópera de Dijon e Coro de Câmara de Namur
ELENCO
Orlando - Victor Sicard
Angélica - Arianna Vendittelli
Ruggiero - Fabio Trümpy
Bradamante | A Pintura - Deanna Breiwick
Atlante - Mark Milhofer
SINOPSE Para
salvar seu protegido de uma desgraça, um mago aprisiona cavalheiros e
damas num palácio encantado e labiríntico, até que eles acabam perdendo a
razão. O palácio é uma representação da vida humana, pela qual as
criaturas passam quase sempre ansiosas, na busca dessa felicidade que
raramente ou nunca conseguem encontrar.
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Hashtag #ÓperaNaTela
Festival Ópera na Tela 2021
Parque Lage, Rio de Janeiro
De 13 a 24 de novembro
Ingressos podem ser comprados na tenda ou no site https://bileto.sympla.com.br/event/69927/d/114968/s/675400
Ingressos: R$28; R$14 meia-entrada
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