De acordo com a CNI, países têm de trabalhar fortemente para implementar os compromissos
assumidos. Para o Brasil, foco principal é zerar o desmatamento ilegal até 2028
A Confederação Nacional da Indústria (CNI)
avalia de forma positiva o “Pacto Climático de Glasgow” e os
compromissos adicionais assumidos pelos países na 26ª Conferência das
Partes sobre Mudanças Climáticas (COP26), que se encerrou em 13 de
novembro, em Glasgow, na Escócia. Entre os avanços está o recente acordo
bilateral entre Estados Unidos e China, os maiores emissores de gases
de efeito estufa do mundo, para reforçar ações de redução de emissões, o
compromisso de reduzir em 30% as emissões de metano e o compromisso
brasileiro de zerar o desmatamento ilegal até 2028. A CNI também
considera relevante a finalização do artigo 6º do Acordo, cujo impacto
para o Brasil e, em especial para a indústria, dependerá dos caminhos
que o governo brasileiro adotará.
“Essa
Conferência do Clima trouxe avanços significativos para a agenda da
sustentabilidade. O foco dos países agora está em implementar de forma
efetiva e estratégica os compromissos assumidos em Glasgow”, avalia o
presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. “Para dar a agilidade
necessária, a definição de fontes de financiamento, sobretudo para
projetos em países em desenvolvimento, é fundamental.”
Para
o Brasil, dos compromissos assumidos, o principal é o de zerar o
desmatamento ilegal até 2028. Segundo a indústria, essa questão
contribuirá de forma mais significativa para cumprir-se a nova meta de
redução das emissões, que passou de 43% para 50% até 2030.
Segundo
Robson de Andrade, o Brasil precisa implementar rapidamente o mercado
regulado interno de carbono, já existente em vários países, incluindo
países em desenvolvimento como China e México, e de forma independente
do Artigo 6º, que ainda tem um longo caminho para sua regulamentação. “O
país precisa estar alinhado com essa tendência para aproveitar as
oportunidades. Certamente, temos muitas oportunidades aí e precisamos
nos adiantar”, destaca.
A
CNI considera positivos os compromissos assumidos pelo Brasil na COP26.
Saiba quais foram esses compromissos e porque são importantes para o
país:
1) Apresentação do plano para atingimento da meta de neutralidade de carbono até 2050: A CNI apoia essa meta ao colocar o país alinhado à tendência adotada pelas principais economias do mundo.
2) Aumento da meta de redução de emissões de gases de efeito estufa de 43% para 50% até 2030, com base nas emissões de 2005: Com
essa nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDCs), o Brasil
continua com uma das metas mais ambiciosas do mundo e atende aos pleitos
da comunidade internacional para aumentar a ambição de redução de
emissões de gases de efeito estufa. Ao se comprometer com essa meta o
país deverá ter mais força para cobrar reciprocidade, sobretudo, dos
países desenvolvidos.
3) Anúncio de novo plano de combate ao desmatamento, com meta de zerar o desmatamento ilegal até 2028: Esse
compromisso é uma resposta ao principal problema de emissões de gases
de efeito estufa no Brasil e pode ajudar a melhorar a imagem do país. No
entanto, são necessárias medidas e políticas efetivas para o
atingimento dessa meta e o aumento da credibilidade do país com seus
principais parceiros comerciais.
4) Adesão à Declaração sobre florestas e uso da terra: Na
prática, o Brasil já possui uma das legislações e políticas mais
rigorosas do mundo, em especial o Código Florestal. É necessário que o
país mostre à comunidade internacional ações concretas de que está
realmente implementando suas regras e combatendo o desmatamento ilegal, a
fim de continuar no caminho da conservação florestal.
5) Adesão à meta global de redução em 30% das emissões de metano, com base nas emissões de 2020: Trata-se
de uma meta global e não individualizada para os países e pode ser
contemplada entre as metas de redução de emissões já estabelecidas na
NDC. Há a necessidade de se aprofundar a questão de metodologias para
mensurar, monitorar e verificar as emissões, além de fontes de
financiamento para a adoção de tecnologias que contribuam para a
mitigação do metano.
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