A saída será pela terceira via. Ainda tímida e embrionária, mas nossa última esperança. Eduardo Ribeiro para a Gazeta do Povo:
Jair
Bolsonaro não é mais o presidente em exercício. Após os rompantes
juvenis em 7 de setembro e de ter sido duramente repelido pelas
instituições republicanas, o Presidente da República capitulou frente ao
iminente impeachment e precisou socorrer-se de um eterno Michel Temer e
das forças do Centrão. Sobraram, inclusive, elogios à atuação do até
então algoz Alexandre de Moraes, em uma carta que fez corar o
bolsonarista mais apaixonado. Resta alguma dúvida sobre quem manda no
Brasil?
Não
é de agora que Bolsonaro vem entregando gordas fatias da governança, do
bolo orçamentário e do nosso destino aos caciques partidários em nome
da sua sobrevivência política, mas os últimos acontecimentos provaram
que, até mesmo no xadrez 4D do mundo paralelo bolsonarista, o presidente
é só um peão que jura ser rei. Restaram somente as bravatas que ninguém
mais leva a sério, porque, de agora em diante, qualquer movimento
concreto de avanço contra os Poderes pode desencadear um contragolpe
fatal.
A
situação é conveniente para quase todo mundo: ao Centrão, detentor de
estatais e órgãos federais, por onde podem fluir bilhões de dinheiro
público para as suas bases, sem qualquer amolação; ao PT e ao lulismo,
que desejam Bolsonaro de joelhos nas eleições para alavancar Lula.
Nenhum deles quer o impeachment, uns para não perder o poder, outros
para chegar ao poder. As forças políticas de Brasília estão assentadas e
o Brasil que se dane. Se nenhum fato relevante acontecer nos próximos
meses, é muito provável que o Brasil vá se danar mesmo.
A
última esperança está na construção da terceira via. Ela começou tímida
e sob desconfiança, mas essa alternativa já está na boca do povo. Falta
apenas definir o nome. Mais de um se apresentou, a maioria dentro do
espectro da centro direita. Por ora, o fundamental é o compromisso
público destes políticos e seus partidos contra o populismo e a vaidade,
que tanto têm feito o Brasil sofrer.
É
bem verdade que tanto Lula quanto Bolsonaro precisarão lidar com seus
altos índices de rejeição, mas engana-se quem acha que um adversário de
pouca rejeição poderia facilmente vencê-los. Qualquer candidato
enfrentará as duas maiores máquinas de difamação do país. De um lado, a
petista, que destruiu a imagem de Marina Silva nas eleições de 2014, de
outro, o gabinete paralelo bolsonarista, que alimenta diariamente sua
gigantesca rede de influência digital com narrativas fantasiosas.
Apesar
dos desafios e do receio, nós brasileiros podemos ser bem-sucedidos na
empreitada chamada “terceira via”. Se tivermos sucesso, amadureceremos
enquanto nação e democracia. Devemos dar voz e vez às novas lideranças,
construir o diálogo propositivo e, sobretudo, combater o populismo,
nosso mal fundamental.
O
Brasil está machucado com o histórico de corrupção e dos programas
econômicos desenvolvimentistas, e isso não pode ser esquecido. O Brasil
fez uma aposta arriscada em 2018 e perdeu. Recebeu de presente um
estelionato eleitoral - isso também não pode ser esquecido. O Brasil
está desmotivado, desiludido, desempregado, enlutado, vendo sua renda
corroer-se com a inflação e à beira de uma crise energética cujas
consequências ainda não podem ser medidas. Só o rompimento com o círculo
vicioso bolsopetista e a construção de uma nova opção pode mudar o rumo
desse país.
blog orlando tambosi

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