Violência foi plantada pela esquerda e é regada pela esquerda, ONGs, universidades e judiciário. Sem eles, não há guerrilha urbana nas favelas brasileiras. Bruna Frascolla via Gazeta do Povo:
A
discussão da violência no Brasil lembra a letra de Raul Seixas: “eu
também resolvi dar uma queixadinha/ Porque eu sou um rapaz
latino-americano/ Que também sabe se lamentar”. Os motivos das queixas
existem, mas tudo é porque somos latino-americanos e queixar-se é o
nosso papel. Se for artista, então, pior ainda: “agora pra fazer
sucesso/ Pra vender disco de protesto/ Todo mundo tem que reclamar”,
canta Raul.
Queixa
é oba-oba; não é análise séria. Por que há violência no Brasil? Porque
há negros; negros são pobres; pobres roubam. E tome-lhe intervenção
artística de gosto duvidoso bancado pelo edital de cultura aparelhado.
Ao menos os artistas da época de Raul eram bons. E ao menos na época de
Raul a violência não era um problema sério no Brasil.
Como mostrei ao tratar do movimento negro,
nos anos 1970 o “genocídio” do negro brasileiro era apenas miscigenação
e “embranquecimento” cultural. A morte causada pela guerrilha urbana
dos narcotraficantes nas favelas foi uma bênção para o movimento negro,
pois deu-lhe de presente cadáveres para ornar sua narrativa de
genocídio. Pois falar de genocídio sem mortes é ridículo. No Rio de
Janeiro, o perfil demográfico dos soldados do tráfico de fato tem
características africanas visíveis, e não é um abuso dizer que negros
morrem. Mas, com a explosão da violência na Amazônia, a demografia muda e
é incrementada por uma população esmagadoramente parda, de aspecto
indígena. Para instrumentalizá-la, fraudaram o IGBE e passaram a considerar negros os pardos.
Guerrilha comunista
No
nosso oba-oba, encaramos como natural a violência no Brasil. Somos uns
vira-latas tropicais, qualquer desculpa para o estado de coisas serve.
Mas as cidades brasileiras não são violentas desde sempre. Se não
acredita, pergunte a quem viveu em capitais nos anos 1970.
Nessa
época, já haviam surgido as favelas, mas não a violência. Negros estão
nas cidades brasileiras desde o século XVII, mas não se pode imputar a
eles a violência desse período. (Dá até vergonha escrever este tipo de
frase, porque sua negação é de um racismo tão evidente que nem deveria
ser cogitada. Que fique, então, o registro de que a ideia tão em voga
nas redações hoje – a de que negros estão associados à violência urbana,
por causa do “racismo estrutural” – é uma ideia racista vergonhosa).
A
primeira facção narcotraficante do Brasil surge com o nome de Falange
Vermelha em 1979, no presídio de Angra dos Reis, no estado do Rio de
Janeiro. Depois resolveu-se que falange era “coisa de fascista” e o nome
mudou para o atual, Comando Vermelho. O leitor sabe que grupos
terroristas comunistas atuavam, na década de 1970, na chamada “guerrilha
urbana”; que assaltavam bancos e sequestravam gente importante em troca
de dinheiro. Um nome célebre que conta essas coisas em detalhe é
Fernando Gabeira, que sequestrou o embaixador Charles Elbrick e escreveu
o autobiográfico “O que é isso, companheiro?”.
Nesse
cenário, existiam os quadrilheiros nos morros: gente que fazia comércio
ilegal como qualquer outro. A maconha já tinha consumidores de todas as
classes sociais no Nordeste, onde é plantada desde o século XVII.
(Chamava-se “fumo de Angola”, pois os bantus a trouxeram de lá e
introduziram o seu uso aqui). Não havia comércio de derivados de
cocaína. Havia, isso sim, comércio da própria cocaína – mas era coisa
restrita à elite. Há uma razão óbvia para isto: a folha da coca só nasce
no Peru, na Bolívia e na Colômbia, e a demanda é alta entre ricos de
todo o Ocidente. Assim, é preciso trazer para o Brasil de modo ilegal um
bem escasso procurado também por europeus e norte-americanos
endinheirados.
Os
quadrilheiros ficaram presos junto com os guerrilheiros em Angra dos
Reis. Os guerrilheiro converteram os quadrilheiros e lhes ensinaram o
modus operandi das guerrilhas marxistas. Em 1979, as FARC já tinham 15
anos. E seu modus operandi inclui o domínio territorial de áreas pobres e
a tentativa de substituir o Estado, administrando justiça e fazendo
favores.
Para
que o Brasil se enchesse de viciados em derivado de coca, foram
necessárias três coisas: invenção de uma droga que diluísse a cocaína
(fazendo render mais), aumento da produção cocaleira e logística
internacional. Inventou-se o crack, a Bolívia tornou-se um país
cocaleiro esquerdista e, após a queda de Escobar, a Venezuela chavista
transformou seu próprio exército no maior cartel distribuidor de cocaína
do mundo (o Cártel de los Soles).
Intervenção no Rio
O
Rio de Janeiro é um local crucial para entender a violência do Brasil.
Primeiro, é o berço da facção narcoterrorista mais antiga do nosso país.
Depois, em 1982, elegeu Leonel Brizola, que proibiu o ingresso de
forças policiais nos morros cariocas. Assim, contribuiu com o modus
operandi guerrilheiro ao tirar o Estado do local e entregar os moradores
à tutela dos traficantes armados. Você pode clicar aqui e ver William
Professor, um fundador do CV, declamando poesias na reitoria da UFRJ, cheio de prestígio.)
Não
tenho nenhuma grande vivência de favela em Salvador. De gente que tem,
ouvi que antigamente não existia a figura do “dono do morro”. O
traficante Ravengar era conhecido de todos, mas era mais parecido com um
comerciante irregular como outro qualquer. Não havia moleque com arma
dando ordens a pai de família, como há hoje, e é isso que faz toda a
diferença: a criação de um poder policial paralelo. Ouvi que isso
começou na década passada. O primeiro governo petista na Bahia
iniciou-se em 2007. Desde lá, Salvador vem se riodejaneirizando.
Algo a que se deu pouca atenção é a queda da violência no Brasil. Nosso país dispõe de poucos dados. Em 2020, numa série histórica
divulgada pelo G1, cujos dados mais antigos são de 2007, constatou-se
que 2019 tinha sido o ano com menor violência de todos. Desde 2018 a
violência passara a cair em vez de subir.
O
PT saiu do poder em 2016. O ano seguinte foi mais violento do que 2016,
mas 2018 foi menos violento do que 2017. Teria o racismo estrutural
tirado férias em 2018? Novamente, o Rio de Janeiro é o centro das
atenções do país. Em 2018, o governo Temer faz uma intervenção federal
contra o crime organizado no local. A população celebrou, outros estados
queriam intervenção também, mas a Universidade recebeu a notícia desse
jeitinho aí que está na foto que ilustra este texto, tirada por mim na
Unicamp.
O
mesmo balanço do G1 indica que o Brasil contrariou a tendência global
de diminuição da violência na pandemia e 2020 retomou a tendência de
crescimento. Mas, porém, contudo, todavia, só nesse ano o índice passou a
computar bandidos mortos pela polícia. Os parâmetros mudara, portanto –
e mudaram de um jeito que faz o índice subir.
Last,
but not least, os bandidos contaram com uma baita ajuda do judiciário.
As favelas de Salvador tiveram tiroteios no começo da pandemia por causa
da soltura generalizada. Afinal, confinamento vale para todo mundo que
não é bandido. E, no Rio de Janeiro, tivemos o neobrizolismo de Fachin,
que nenhum carioca elegeu, mas que decidiu mesmo assim proibir a polícia
de subir morro.
A
violência no Brasil não é de geração espontânea, não é natural, não é –
pelo amor de Deus! – uma consequência de haver negros em nossa
sociedade. Foi plantada pela esquerda brasileira e é regada
diuturnamente pela esquerda, por ONGs, por universidades e pelo
judiciário. Sem eles, não há essa guerrilha urbana nas favelas
brasileiras.
Enquanto isso, nos EUA…
Sem
maquiagem do G1, os EUA são outro país que contraria a tendência global
e cuja violência aumenta. A razão óbvia e ululante para isso é a
campanha “Defund the police”, iniciada após o martírio do São George
Floyd. É espantoso que esse radicalismo imbecil tenha surtido efeito nos
EUA e eles ainda insistam no erro.
Os
EUA são um país rico, com polícia bem treinada e leis que desestimulam o
crime. Uma vez que se abrace uma ideia estúpida, nada disso impede que o
crime aumente. Assim como no Brasil, nos EUA os progressistas têm uma
agenda antipolícia que, no frigir dos ovos, é pró-tráfico.
É
sempre bom lembrarmos que a atuação da polícia está sujeita às leis, as
quais são elaboradas numa democracia. Submeter-se à polícia é, nos
países democráticos, submeter-se à democracia. Mas não há democracia
alguma a regular o poder armado exercido por traficantes. Ao contrário,
instaura-se uma ditadura encastelada numa área pobre, que vai crescendo
como um tumor e estendendo seus tentáculos no resto da sociedade.
Podemos
dizer que há nas Américas uma tentativa de transformar tudo em
Venezuela. Uma tentativa de colocar o poder armado na mão do dinheiro
sujo, sem nenhum respeito por leis.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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