sexta-feira, 30 de julho de 2021

Violência é tumor ditatorial que estende seus tentáculos pela sociedade

 



Violência foi plantada pela esquerda e é regada pela esquerda, ONGs, universidades e judiciário. Sem eles, não há guerrilha urbana nas favelas brasileiras. Bruna Frascolla via Gazeta do Povo:


A discussão da violência no Brasil lembra a letra de Raul Seixas: “eu também resolvi dar uma queixadinha/ Porque eu sou um rapaz latino-americano/ Que também sabe se lamentar”. Os motivos das queixas existem, mas tudo é porque somos latino-americanos e queixar-se é o nosso papel. Se for artista, então, pior ainda: “agora pra fazer sucesso/ Pra vender disco de protesto/ Todo mundo tem que reclamar”, canta Raul.

Queixa é oba-oba; não é análise séria. Por que há violência no Brasil? Porque há negros; negros são pobres; pobres roubam. E tome-lhe intervenção artística de gosto duvidoso bancado pelo edital de cultura aparelhado. Ao menos os artistas da época de Raul eram bons. E ao menos na época de Raul a violência não era um problema sério no Brasil.

Como mostrei ao tratar do movimento negro, nos anos 1970 o “genocídio” do negro brasileiro era apenas miscigenação e “embranquecimento” cultural. A morte causada pela guerrilha urbana dos narcotraficantes nas favelas foi uma bênção para o movimento negro, pois deu-lhe de presente cadáveres para ornar sua narrativa de genocídio. Pois falar de genocídio sem mortes é ridículo. No Rio de Janeiro, o perfil demográfico dos soldados do tráfico de fato tem características africanas visíveis, e não é um abuso dizer que negros morrem. Mas, com a explosão da violência na Amazônia, a demografia muda e é incrementada por uma população esmagadoramente parda, de aspecto indígena. Para instrumentalizá-la, fraudaram o IGBE e passaram a considerar negros os pardos.

Guerrilha comunista

No nosso oba-oba, encaramos como natural a violência no Brasil. Somos uns vira-latas tropicais, qualquer desculpa para o estado de coisas serve. Mas as cidades brasileiras não são violentas desde sempre. Se não acredita, pergunte a quem viveu em capitais nos anos 1970.

Nessa época, já haviam surgido as favelas, mas não a violência. Negros estão nas cidades brasileiras desde o século XVII, mas não se pode imputar a eles a violência desse período. (Dá até vergonha escrever este tipo de frase, porque sua negação é de um racismo tão evidente que nem deveria ser cogitada. Que fique, então, o registro de que a ideia tão em voga nas redações hoje – a de que negros estão associados à violência urbana, por causa do “racismo estrutural” – é uma ideia racista vergonhosa).

A primeira facção narcotraficante do Brasil surge com o nome de Falange Vermelha em 1979, no presídio de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. Depois resolveu-se que falange era “coisa de fascista” e o nome mudou para o atual, Comando Vermelho. O leitor sabe que grupos terroristas comunistas atuavam, na década de 1970, na chamada “guerrilha urbana”; que assaltavam bancos e sequestravam gente importante em troca de dinheiro. Um nome célebre que conta essas coisas em detalhe é Fernando Gabeira, que sequestrou o embaixador Charles Elbrick e escreveu o autobiográfico “O que é isso, companheiro?”.

Nesse cenário, existiam os quadrilheiros nos morros: gente que fazia comércio ilegal como qualquer outro. A maconha já tinha consumidores de todas as classes sociais no Nordeste, onde é plantada desde o século XVII. (Chamava-se “fumo de Angola”, pois os bantus a trouxeram de lá e introduziram o seu uso aqui). Não havia comércio de derivados de cocaína. Havia, isso sim, comércio da própria cocaína – mas era coisa restrita à elite. Há uma razão óbvia para isto: a folha da coca só nasce no Peru, na Bolívia e na Colômbia, e a demanda é alta entre ricos de todo o Ocidente. Assim, é preciso trazer para o Brasil de modo ilegal um bem escasso procurado também por europeus e norte-americanos endinheirados.

Os quadrilheiros ficaram presos junto com os guerrilheiros em Angra dos Reis. Os guerrilheiro converteram os quadrilheiros e lhes ensinaram o modus operandi das guerrilhas marxistas. Em 1979, as FARC já tinham 15 anos. E seu modus operandi inclui o domínio territorial de áreas pobres e a tentativa de substituir o Estado, administrando justiça e fazendo favores.

Para que o Brasil se enchesse de viciados em derivado de coca, foram necessárias três coisas: invenção de uma droga que diluísse a cocaína (fazendo render mais), aumento da produção cocaleira e logística internacional. Inventou-se o crack, a Bolívia tornou-se um país cocaleiro esquerdista e, após a queda de Escobar, a Venezuela chavista transformou seu próprio exército no maior cartel distribuidor de cocaína do mundo (o Cártel de los Soles).

Intervenção no Rio

O Rio de Janeiro é um local crucial para entender a violência do Brasil. Primeiro, é o berço da facção narcoterrorista mais antiga do nosso país. Depois, em 1982, elegeu Leonel Brizola, que proibiu o ingresso de forças policiais nos morros cariocas. Assim, contribuiu com o modus operandi guerrilheiro ao tirar o Estado do local e entregar os moradores à tutela dos traficantes armados. Você pode clicar aqui e ver William Professor, um fundador do CV, declamando poesias na reitoria da UFRJ, cheio de prestígio.)

Não tenho nenhuma grande vivência de favela em Salvador. De gente que tem, ouvi que antigamente não existia a figura do “dono do morro”. O traficante Ravengar era conhecido de todos, mas era mais parecido com um comerciante irregular como outro qualquer. Não havia moleque com arma dando ordens a pai de família, como há hoje, e é isso que faz toda a diferença: a criação de um poder policial paralelo. Ouvi que isso começou na década passada. O primeiro governo petista na Bahia iniciou-se em 2007. Desde lá, Salvador vem se riodejaneirizando.

Algo a que se deu pouca atenção é a queda da violência no Brasil. Nosso país dispõe de poucos dados. Em 2020, numa série histórica divulgada pelo G1, cujos dados mais antigos são de 2007, constatou-se que 2019 tinha sido o ano com menor violência de todos. Desde 2018 a violência passara a cair em vez de subir.

O PT saiu do poder em 2016. O ano seguinte foi mais violento do que 2016, mas 2018 foi menos violento do que 2017. Teria o racismo estrutural tirado férias em 2018? Novamente, o Rio de Janeiro é o centro das atenções do país. Em 2018, o governo Temer faz uma intervenção federal contra o crime organizado no local. A população celebrou, outros estados queriam intervenção também, mas a Universidade recebeu a notícia desse jeitinho aí que está na foto que ilustra este texto, tirada por mim na Unicamp.

O mesmo balanço do G1 indica que o Brasil contrariou a tendência global de diminuição da violência na pandemia e 2020 retomou a tendência de crescimento. Mas, porém, contudo, todavia, só nesse ano o índice passou a computar bandidos mortos pela polícia. Os parâmetros mudara, portanto – e mudaram de um jeito que faz o índice subir.

Last, but not least, os bandidos contaram com uma baita ajuda do judiciário. As favelas de Salvador tiveram tiroteios no começo da pandemia por causa da soltura generalizada. Afinal, confinamento vale para todo mundo que não é bandido. E, no Rio de Janeiro, tivemos o neobrizolismo de Fachin, que nenhum carioca elegeu, mas que decidiu mesmo assim proibir a polícia de subir morro.

A violência no Brasil não é de geração espontânea, não é natural, não é – pelo amor de Deus! – uma consequência de haver negros em nossa sociedade. Foi plantada pela esquerda brasileira e é regada diuturnamente pela esquerda, por ONGs, por universidades e pelo judiciário. Sem eles, não há essa guerrilha urbana nas favelas brasileiras.

Enquanto isso, nos EUA…

Sem maquiagem do G1, os EUA são outro país que contraria a tendência global e cuja violência aumenta. A razão óbvia e ululante para isso é a campanha “Defund the police”, iniciada após o martírio do São George Floyd. É espantoso que esse radicalismo imbecil tenha surtido efeito nos EUA e eles ainda insistam no erro.

Os EUA são um país rico, com polícia bem treinada e leis que desestimulam o crime. Uma vez que se abrace uma ideia estúpida, nada disso impede que o crime aumente. Assim como no Brasil, nos EUA os progressistas têm uma agenda antipolícia que, no frigir dos ovos, é pró-tráfico.

É sempre bom lembrarmos que a atuação da polícia está sujeita às leis, as quais são elaboradas numa democracia. Submeter-se à polícia é, nos países democráticos, submeter-se à democracia. Mas não há democracia alguma a regular o poder armado exercido por traficantes. Ao contrário, instaura-se uma ditadura encastelada numa área pobre, que vai crescendo como um tumor e estendendo seus tentáculos no resto da sociedade.

Podemos dizer que há nas Américas uma tentativa de transformar tudo em Venezuela. Uma tentativa de colocar o poder armado na mão do dinheiro sujo, sem nenhum respeito por leis.
 
BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

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