Integrantes do governo que acompanham de perto o Mercosul
avaliam que o Brasil “vai explorar alternativas” caso a Argentina -na
hipótese de uma vitória peronista nas eleições- se converta numa
barreira para as duas prioridades atuais da administração Jair Bolsonaro
no bloco: a redução da chamada tarifa externa comum e a negociação de
acordos comerciais, como o anunciado no final de junho com a União
Europeia. Caso o kirchnerista Alberto Fernández, que recebeu 47% dos
votos nas eleições primárias do fim de semana, confirme seu favoritismo e
seja eleito no pleito de outubro, o governo brasileiro considera que
deve ser retomado um receituário protecionista no país vizinho que vai
impor travas para as reformas do Mercosul patrocinadas desde o início do
ano pelos presidentes Bolsonaro e Mauricio Macri. Um interlocutor na
Esplanada dos Ministérios diz, sob condição de anonimato, que o Brasil
quer avançar na sua agenda com a Argentina, quem quer que esteja
ocupando a Casa Rosada. Ainda não está claro quais alternativas estão em
estudo. Enquanto alguns assessores de Bolsonaro dizem que tudo está
sendo analisado, inclusive a possibilidade de Brasil abandonar o bloco
se a relação com um governo peronista se tornar lesivo à agenda
econômica do país, outros descartam essa hipótese por considerá-la
extremada. O presidente Bolsonaro disse na segunda-feira (12) que “não
quer romper unilateralmente a relação” com os argentinos. “A gente vai
ver como é que fica a situação [entre os dois países]. Ninguém quer… Eu
[não quero] romper unilateralmente [a relação]. Mas ele mesmo, o
candidato [Fernández], cujo partido ganhou as prévias, falou que quer
rever o Mercosul. O primeiro sinalizador é de que vai ser uma situação
bastante conflituosa”, afirmou o mandatário.
Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário