O Brasil deve ser reconhecido como um país produtor e exportador de
cacau fino e de aroma pela Organização Internacional do Cacau (ICCO). A
inclusão no rol de países certificados no Acordo Internacional do Cacau
deve ocorrer durante a reunião do Conselho Internacional da ICCO, na
Costa do Marfim, no período de 9 a 13 de setembro. A certificação que dá
status diferenciado para países que exportam cacau fino e de aroma é
feita desde 1972 pela ICCO. A última atualização da lista, que
atualmente conta com 23 países, ocorreu em 2015. A aprovação definitiva
do Brasil deve ser homologada pelos membros do Conselho no próximo mês.
O Brasil é um dos 52 membros da ICCO, mas é o único País da América do
Sul que ainda não integra a lista do cacau fino e de aroma.
O dossiê brasileiro sobre a produção nacional de
cacau fino apresentado ao ICCO foi elaborado por técnicos da Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento responsável por impulsionar a
cacauicultura no país. Por meio de videoconferências coordenadas pela
ICCO, a equipe brasileira chegou a uma versão definitiva do relatório. A
solicitação foi finalmente aceita em abril deste ano, em reunião da
organização realizada na cidade de Abidjan, Costa do Marfim. A
expectativa do governo brasileiro é que o reconhecimento possa aumentar o
interesse do mercado internacional pelo cacau produzido na Mata
Atlântica e na Amazônia. “Isso é muito importante para a economia do
país, porque além de ser uma possibilidade de oferecer para os
produtores uma alternativa de renda a partir da qualidade, garante para o
país um sinalizador de que cuida de um produto tão importante quanto o
cacau”, afirma Fernando Mendes, pesquisador da Ceplac e representante do
Brasil nas reuniões da ICCO. O cacau fino e aromático é identificado
por apresentar sabores diferenciados, desde frutados, florais,
amadeirado, entre outros. A definição leva em consideração a origem
(“terroir”) do cacau, as características genéticas e a qualidade da
fermentação das amêndoas. O comércio mundial de cacau e chocolate fino
atende a um mercado de nicho e representa menos de 5% do total
comercializado entre os países. Contudo, o produto tem preço elevado no
mercado, podendo custar até três vezes mais do que o cacau comum ou a
granel, conhecido como “bulk”.
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