Post do professor Ricardo Vélez-Rodríguez, do blog Rocinante, sobre o ataque a Bolsonaro em Juiz de Fora:
Os acontecimentos da rua Halfeld, em Juiz de Fora, na quinta-feira 6
de setembro, deixaram uma lição: "O Mecanismo" funciona. (Refiro-me à
série de TV, lançada a começos deste ano e dirigida por José Padilha,
Felipe Prado e Marcos Prado, que se debruça sobre as práticas de
corrupção e violência sistêmicas introduzidas pelo PT, ao ensejo do
Petrolão e que foram objeto da Operação Lava-Jato) .
Na arruaça que quase põe fim à vida do candidato Jair Bolsonaro
revelou-se a ponta do iceberg do crime organizado, que motivou o famoso
seriado da Netflix. Além da estrutura empresarial para roubar dinheiro
público à sombra da Petrobrás, foi posta em prática, pelos petistas, a
tecnologia high tech do terrorismo midiático: a arruaça para movimentar a
opinião pública e plantar a incerteza. Essa escalada já tinha mostrado a
sua cara na confusão realizada pelos apoiadores de Lula quando da
decretação da sua prisão, ao ensejo da visita de despedida (com direito
a show litúrgico e tudo o mais), que o condenado fez à sede do
sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, em abril deste ano.
A escalada midiática foi repetida, depois, nas chicanas jurídicas que
os causídicos do PT têm feito sucessivamente perante os tribunais, com a
finalidade exclusiva de tumultuar o processo eleitoral e conferir
visibilidade ao mandante de todo o esquema, o presidiário Lula.
O empreendimento midiático fundamentou-se em pífia prova: um
documento assinado por dois membros do Comitê de Direitos Humanos da ONU
(integrado por 18 participantes), que exigiam a imediata libertação do
Lula para que pudesse participar da campanha presidencial e das
eleições. Ora, o documento não tem valor legal, pois o tal Comitê não
possui nenhuma autoridade sobre os governos dos países filiados ao
organismo internacional.
Mas voltemos à tecnologia da arruaça para conquistar audiência. No
mundo globalizado de hoje, ela não é novidade. Trata-se de, com eventos
produzidos a partir da cotidianidade, gerar a incerteza e plantar o
sentimento de terror nas grandes massas, como nos atentados de 11 de
setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas, em Nova York, que deram origem
à forma até então inédita da guerra global. Simples decolagens de
aviões de carreira tornaram-se, então, em mãos dos terroristas, eventos
trágicos que movimentaram a opinião pública mundial, colocando em
destaque o novo tipo de ator que aparecia na guerra high tech: o
fundamentalista.
Essa modalidade delitiva foi rapidamente copiada por terroristas pelo
mundo afora, gerando, ao longo do Planeta, a insegurança e o terror
entre as mais variadas sociedades, desde as prósperas classes-médias
estadunidenses (com ataques a bomba, como na maratona de Boston, em
2013), ou com os costumeiros tiroteios indiscriminados, passando pelas
cidades europeias (com carros sendo jogados sobre pedestres na
Inglaterra, na França, na Espanha e na Alemanha), com tiroteios como o
que vitimou jornalistas do semanário Charlie Hebdo em Paris, no
barBataclan e outros lugares da capital francesa em 2015 e com atentados
terroristas no metrô de Moscou (em 2010) efetivados pelos militantes
chechenos. A nova onda do terror global golpeou inclusive os mais pobres
no Planeta como no Egito, na Nigéria e outros países africanos, que
conheceram também as desgraças do terrorismo midiático com as
espetaculares investidas da Irmandade Muçulmana e do Boko Haram contra
indefesas populações civis. Isso para não falar do costumeiro terrorismo
que mata indiscriminadamente na Síria, no Iraque, no Paquistão, no
Afeganistão, etc.
Essa tecnologia da morte e da ameaça universal espraiou-se também
pela América Latina, com a violência generalizada expandida no México e
em outros países pelos cartéis da droga. O Brasil (com os nossos mais de
60 mil assassinatos por ano) não ficou alheio a esse mal. São
conhecidos os espetaculares procedimentos terroristas dos "Salves" do
PCC, que foram colocando em mãos dos marginais da sigla os presídios de
norte ao sul do Brasil. Dividendos políticos começaram a aparecer ao
longo dos anos dos governos petistas, com os meliantes desatando ondas
de violência sistemática que abarcavam desde assassinato continuado de
policiais até incêndios de veículos de transporte coletivo, notadamente
em estados governados pela oposição ao PT como São Paulo, Santa
Catarina, Paraná, etc. No Rio de Janeiro já tinha se sedimentado o
terrorismo dos narcotraficantes contra a população civil e os agentes
policiais desde finais do século passado, o que conduziu à atual
intervenção federal na área de segurança. Na Colômbia, a nova onda de
terror povoou de vítimas fatais as cidades do interior do país na guerra
desatada pelas FARC e pelos cartéis das drogas contra o Estado (ao
longo do período que vai de 1990 até 2002). Essa guerra foi, no sentir
de um estudioso francês, "uma guerra contra a sociedade".
A arruaça da rua Halfeld e a tentativa de assassinato do deputado
Jair Bolsonaro desmoralizaram a Polícia Federal que fazia a segurança do
candidato. A vítima, carregada nos ombros dos policiais federais,
recebeu a estocada assassina que quase a mata. A Polícia Federal, ferida
na sua honra, reagiu com rapidez, prendendo e isolando o meliante, e
pedindo à Justiça que o colocasse rapidamente numa prisão federal de
alta segurança.
Falta que sejam cumpridas outras providências, como prender os outros
membros da quadrilha que certamente estava na rua dando apoio ao
criminoso mor, como revelam vários vídeos postados nas redes sociais.
Sabe-se que até uma funcionária pública do setor bancário teria
participado, entregando a faca ao executor, pois foi identificada num
desses vídeos. Falta que seja esclarecido de onde provieram os fartos
recursos financeiros que pagaram a turma dos meliantes da Rua Halfeld e
quem contratou em tempo recorde a banca de advogados para defender o
criminoso. Falta que seja divulgado à opinião pública o roteiro dos
terroristas em Juiz de Fora, em Minas Gerais e em outros estados. O
meliante principal já tinha seguido os passos da sua vítima em Santa
Catarina. Falta identificar os militantes que nas redes sociais
postaram, antes do atentato contra Jair Bolsonaro, mensagens em que
pediam claramente o assassinato dele. É necessário que tudo seja
plenamente esclarecido perante a opinião pública, inclusive elucidando
se houve - como parece - partidos políticos que atuaram por trás da
iniciativa criminosa e que sejam chamados às suas responsabilidades,
perante a lei, aqueles que a tenham transgredido acobertando ou
facilitando a ação terrorista. E que celeremente sejam colocados atrás
das grades todos os envolvidos na tentativa de assassinato.
Algumas conclusões: em primeiro lugar, deve ficar bem claro perante a
opinião pública que o monopólio do uso legítimo da violência é do
Estado, representado no caso da segurança pública pelas suas
instituições: Ministério Publico, Magistratura, Forças Armadas e Forças
Policiais. Acho muito pertinente o alerta dado pelo Comandante do
Exército, general Vilas Boas, na sua entrevista de domingo passado
("Legitimidade de novo governo pode até ser questionada", O Estado de
S.Paulo, 09/09/2018, p. A4), quando, se referindo às chicanas jurídicas
realizadas pelos advogados de Lula, frisou: "O pior cenário é termos
alguém sob judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha
Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a
governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade
brasileira. A Lei da Ficha Limpa se aplica a todos. (...). As Forças
Armadas são instituições de Estado, de caráter apolítico e apartidário.
(...). A postura e a conduta das Forças Armadas serão exatamente as
mesmas em um governo de esquerda ou de direita, sem fulanizar (...)". Os
protestos da presidente do PT e da militância petista contra a
autoridade moral do Comandante do Exército são apenas esperneios de
afogado. Não têm nenhuma legitimidade.
Em segundo lugar, na atual campanha é de primordial importância que
rigorosos protocolos de segurança sejam adotados, imediatamente, pela
Polícia Federal, a fim de garantir efetivamente a integridade física dos
candidatos, impedindo, por exemplo, como ocorreu em Juiz de Fora, a
indiscriminada mistura deles com a multidão. A PF já aumentou o número
de agentes que cuidarão da segurança dos candidatos
Em terceiro lugar, a última instância do Judiciário Brasileiro, o
Supremo Tribunal Federal, deve cumprir a contento com a sua missão de
garantir o respeito à Constituição e a sadia aplicação das leis. A
prática de solturas inesperadas de presos condenados, como ocorreu com
José Dirceu, um conhecido e perigoso agitador, deve cessar
imediatamente. Os juízes togados do Supremo não podem, com as suas
decisões esdrúxulas de soltura indiscriminada de meliantes condenados,
espalhar a insegurança jurídica que hoje campeia.
Em quarto lugar, a sociedade brasileira já está dando a sua resposta,
no apoio incondicional que tem externado ao candidato Jair Bolsonaro,
via redes sociais e em manifestações públicas, como a carreata que teve
lugar em Fortaleza, no domingo passado. Os índices nacionais de
preferência do eleitorado pelo candidato ferido na rua Halfeld
aumentaram sensivelmente no início desta semana.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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