Michel Temer nunca foi um líder, sempre foi eleito na rabeira, como se dizia antigamente. Na última eleição que disputou, em 2006, ficou como primeiro suplente e deu a sorte de um dos deputados ser cassado logo na abertura do mandato. Depois, em 2010, virou vice-presidente de Dilma Rousseff, continuou no jogo com o repeteco de 2014 e acabou na Presidência. Fraco e corrupto, gastou todos os seus recursos para evitar a cassação e permanecer na ilusão de um poder efêmero. Dois anos depois de assumir, é hoje um morto-vivo que ronda os porões dos palácios do governo e se recusa a morar no Alvorada, porque à noite costuma fantasmas disputando espaço nos salões.
Na verdade, Temer jamais governou. Preferiu delegar poderes ao ex-tucano Henrique Meirelles e aos companheiros da cúpula do PMDB, que formavam uma quadrilha de alta periculosidade. Três deles estão hoje na cadeia – Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Filho – e os outros respondem a processos e inquéritos. Romero Jucá teve de se afastar do Ministério, Renan Calheiros virou oposicionista e só restaram Eliseu Padilha e Moreira Franco. O último a sair que apague a luz.
PATO MANCO – Não há dúvida de que Temer está sofrendo a chamada Síndrome do Pato Manco (“Lame Duck”), uma expressão muito usada na política americana, para caracterizar o final de governo de presidentes que não podem ser candidatos à reeleição. São governantes que ficam sem poder algum e se limitam a aguardar o final do mandato, que será uma tragédia no caso de Temer, porque significa cadeia na certa.
Temer enfrentou os patos gigantescos da Avenida Paulista e até tentou a reeleição, com apoio entusiasmado de Padilha, Moreira e demais membros da quadrilha, mas a sucessão dos fatos veio a demonstrar que é uma possibilidade zero, não adianta sonhar com o impossível, embora o último casamento de Temer até indique que ele é bom nisso.
A VEZ DE MEIRELLES – Ninguém pode confiar no que Temer fala. Por isso, ainda não se tem certeza se ele realmente desistiu da candidatura e cedeu a vez a Henrique Meirelles, ou se é mais uma jogada para sair candidato e colocar Meirelles de vice, no desespero de reforçar a chapa.
O pior é que o pato manco deu uma tremenda mancada, ao desprezar a gravidade da greve dos caminhoneiros, deixando Padilha e Moreira se virando no Planalto na quinta-feira, enquanto ele passeava no interior do Estado do Rio.
Somente no dia seguinte é que a ficha caiu e Temer mais uma vez decidiu recorrer às Forças Armadas. Desse jeito, seria melhor que o pato manco entregasse logo o governo aos militares, colocando um general na Casa Civil, para segurar a onda até o final do mandato.
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