Dilma, Tarso e Olívio Dutra: ela afundou o BR; eles, o RGS. |
"Estatoafetividade", valha o neologismo criado por Percival Puggina: "É
o que estamos assistindo, nestes dias, no Rio Grande do Sul, um Estado
que, à exemplo da União, após o desastroso e funesto governo petista,
agravado pela recessão gerada pelo governo Dilma, afundou numa crise
fiscal sem precedentes. O Estado tem duas opções: ou deixa de pagar sua
dívida com a União e fecha as portas, ou se livra provisoriamente dessa
conta por três anos e adere a um duro ajuste fiscal que pode levá-lo a
horizontes menos encardidos ao término desse prazo. E quem se ergue para
obstar a adoção de tais medidas, que envolvem privatizações e limites
para o aumento da despesa? Os mesmos que tendo recebido o poder com as
contas equilibradas produziram o desastre fiscal do Estado". Segue o
texto na íntegra:
Não
creio que adoração do Estado (estatolatria) designe de modo adequado a
relação de certas pessoas e partidos políticos com o Estado. Quem adora
não se serve do objeto de sua adoração. Um neologismo como
estatoafetividade, expressando um sentimento quase carnal, resulta mais
fiel para descrever essa relação. É tesão pelo Estado, mesmo.
O tipo
de relação a que me refiro e a perspectiva política em que se escora
desbordam de toda razoabilidade. Atribuir excessiva importância à
política é mais perigoso do que não lhe conferir qualquer valia.
Colocá-la acima de tudo mais é da essência dos totalitarismos, é uma
hipertrofia de consequências nefastas. De outra parte, não encontrar na
vida um espaço para cuidar do interesse geral, numa hipótese branda, é
facilitar as coisas para aqueles que se valem do Estado para abusar do
poder e para seu bel-prazer.
Nem
tanto ao mar, nem tanto à terra, ensina conhecido provérbio português
sobre a necessidade de moderação. E essa moderação se faz necessária
mesmo quando entendemos a política como a ciência e o ofício de governar
a sociedade. Imagine, então, quão mais danosa se pode tornar a obsessão
pela política quando aplicada de modo exclusivo à conquista e à
manutenção do poder, aos impulsos da estatoafetividade!
É o que
estamos assistindo, nestes dias, no Rio Grande do Sul, um Estado que, à
exemplo da União, após o desastroso e funesto governo petista, agravado
pela recessão gerada pelo governo Dilma, afundou numa crise fiscal sem
precedentes. O Estado tem duas opções: ou deixa de pagar sua dívida com a
União e fecha as portas, ou se livra provisoriamente dessa conta por
três anos e adere a um duro ajuste fiscal que pode levá-lo a horizontes
menos encardidos ao término desse prazo. E quem se ergue para obstar a
adoção de tais medidas, que envolvem privatizações e limites para o
aumento da despesa? Os mesmos que tendo recebido o poder com as contas
equilibradas produziram o desastre fiscal do Estado.
No mesmo
período, os petistas também exerciam o governo da União e nada fizeram
na linha das inexequíveis alternativas que agora apresentam. Nada
obtiveram do governo Dilma, tampouco, em acordos que poderiam ter sido
celebrados – se desejados e possíveis - numa salinha do diretório
nacional ou estadual do partido, em meio a rodadas de chimarrão. Agora,
porém, aparecem cheios de ideias sobre direitos e haveres estaduais
junto à União.
A
orientar esse entrevero que se desdobra em turnos e returnos na tribuna
do parlamento gaúcho está a conduta referida acima: a obsessão pelo
poder, ainda que à custa do bem da população. Não descrevo algo inédito.
É possível que em outros estados e municípios se reproduzam situações
análogas, envolvendo diferentes partidos. O mesmo se passa, também, no
Congresso Nacional. As expectativas eleitorais para outubro vindouro, a
ideia de um ajuste fiscal sem sacrifício, tipo happy hour, e o amor
quase carnal ao Estado e seus seios murchos patrocinam o ânimo desses
inacreditáveis debates.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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