Pedro do Coutto
A inflação anunciada pelo IBGE para 2017 foi de 2,9%, mas os juros cobrados pela rede bancária oscilam de 30 a 300%a/a. A taxa de 30% é a menor registrada e se refere aos créditos consignados em folha salarial. São basicamente de 2,4% ao mês, o que no montante, pois se trata de juros sobre juros, atingem 30%. O Banco Central determinou o recuo do crédito rotativo dos cartões. Mesmo assim eles estão na escala de 170% a/a, conforme revela reportagem de Geralda Doca, Ana Paula Ribeiro e Renan Setti, O Globo desta terça-feira. Mas existem também os juros que incidem sobre os cheques especiais. Quando os correntistas entram no vermelho, o que acontece com extrema frequência, os juros cobrados passam de 300% ao longo de 12 meses.
Como se vê, uma discrepância muito grande entre os índices que regem o reajuste de salários e as taxas cobradas pelos financiamentos.
CRÉDITO PESSOAL – O Globo acentua que o crédito pessoal, sistema no qual se inclui o consignado, estão em média na casa dos 40% a/a. Como se vê, na essência da questão, assumir dívidas é impraticável no Brasil, sob pena, o que acontece hoje, do aumento do grau de inadimplência. Os salários estão contidos numa escala que não ultrapassa a correção de 2,9 pontos. No caso do salário mínimo, o reajuste foi de 2%, portanto menor que a inflação. E 2% também foi o índice aplicado aos aposentados e pensionistas do INSS. O panorama financeiro no qual se enquadra a população brasileira, evidentemente é de concentração de renda cada vez maior.
Essa concentração de renda, com base em dados do Banco Central, ocorre de forma intensa. já que todas as operações de crédito verificadas no país, em 2017, atingiram nada menos que um montante de 3 trilhões e 86 bilhões de reais. Nessas operações de crédito inclui-se o que o governo paga de juros aos bancos pela rolagem da dívida interna do país. Entretanto, a Taxa Selic, que é aplicada ao caso, está em 7% a/a e incide sobre o endividamento superior a 4,7 trilhões de reais.
ESPIRAL DE DÍVIDAS – Pode-se até considerar que o Brasil vive mergulhado numa espiral de dívidas, se considerarmos que o orçamento federal para 2018 situa-se também na escala dos 3 trilhões. Assim, constata-se que a dívida interna do país é bem maior do que o orçamento atual da União.
Como sair de tal situação? É a pergunta que contém na prática um desafio para as novas gerações. Porque, ninguém se iluda, vencer o redemoinho das dívidas e dos juros é tarefa para um período que pode oscilar entre 10 a 20 anos.
Vai demorar, portanto. Embora os analistas do mercado financeiro não abordem a essência do problema. Teorias não faltam, porém escasseia a execução na prática de medidas efetivamente saneadoras. A questão não é somente o déficit da Previdência Social. É, sobretudo, o déficit acumulado pela incompetência em governar o Brasil.
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A inflação anunciada pelo IBGE para 2017 foi de 2,9%, mas os juros cobrados pela rede bancária oscilam de 30 a 300%a/a. A taxa de 30% é a menor registrada e se refere aos créditos consignados em folha salarial. São basicamente de 2,4% ao mês, o que no montante, pois se trata de juros sobre juros, atingem 30%. O Banco Central determinou o recuo do crédito rotativo dos cartões. Mesmo assim eles estão na escala de 170% a/a, conforme revela reportagem de Geralda Doca, Ana Paula Ribeiro e Renan Setti, O Globo desta terça-feira. Mas existem também os juros que incidem sobre os cheques especiais. Quando os correntistas entram no vermelho, o que acontece com extrema frequência, os juros cobrados passam de 300% ao longo de 12 meses.
Como se vê, uma discrepância muito grande entre os índices que regem o reajuste de salários e as taxas cobradas pelos financiamentos.
CRÉDITO PESSOAL – O Globo acentua que o crédito pessoal, sistema no qual se inclui o consignado, estão em média na casa dos 40% a/a. Como se vê, na essência da questão, assumir dívidas é impraticável no Brasil, sob pena, o que acontece hoje, do aumento do grau de inadimplência. Os salários estão contidos numa escala que não ultrapassa a correção de 2,9 pontos. No caso do salário mínimo, o reajuste foi de 2%, portanto menor que a inflação. E 2% também foi o índice aplicado aos aposentados e pensionistas do INSS. O panorama financeiro no qual se enquadra a população brasileira, evidentemente é de concentração de renda cada vez maior.
Essa concentração de renda, com base em dados do Banco Central, ocorre de forma intensa. já que todas as operações de crédito verificadas no país, em 2017, atingiram nada menos que um montante de 3 trilhões e 86 bilhões de reais. Nessas operações de crédito inclui-se o que o governo paga de juros aos bancos pela rolagem da dívida interna do país. Entretanto, a Taxa Selic, que é aplicada ao caso, está em 7% a/a e incide sobre o endividamento superior a 4,7 trilhões de reais.
ESPIRAL DE DÍVIDAS – Pode-se até considerar que o Brasil vive mergulhado numa espiral de dívidas, se considerarmos que o orçamento federal para 2018 situa-se também na escala dos 3 trilhões. Assim, constata-se que a dívida interna do país é bem maior do que o orçamento atual da União.
Como sair de tal situação? É a pergunta que contém na prática um desafio para as novas gerações. Porque, ninguém se iluda, vencer o redemoinho das dívidas e dos juros é tarefa para um período que pode oscilar entre 10 a 20 anos.
Vai demorar, portanto. Embora os analistas do mercado financeiro não abordem a essência do problema. Teorias não faltam, porém escasseia a execução na prática de medidas efetivamente saneadoras. A questão não é somente o déficit da Previdência Social. É, sobretudo, o déficit acumulado pela incompetência em governar o Brasil.
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