Por Redação BNews | Fotos: Folhapress
A crise aberta pela delação da JBS ameaça dissolver um bloco de
centro-direita articulado por mais de um ano por PSDB, PMDB e DEM para
as eleições de 2018. De acordo com a coluna Poder, da Folha, o
derretimento do presidente Michel Temer, a divisão dos tucanos e o
fortalecimento de Rodrigo Maia (DEM-RJ) mudaram o equilíbrio de forças
nesse grupo –que pretendia chegar unido à disputa, sob a bandeira da
recuperação econômica, mas passou a se mover em direção incerta.
A disputa interna do PSDB em relação ao governo deixou sequelas graves
nas relações dessa trinca de siglas. Peemedebistas que contavam com uma
aliança com os tucanos nas próximas eleições dizem que esse caminho
ficou interditado depois dos movimentos do partido a favor do rompimento
com Temer.
Ainda conforme a coluna, tucanos e dirigentes do PMDB tratam como certo
um desembarque do PSDB do governo no ano que vem, em um movimento para
se distanciar da impopularidade de Temer. Nas condições atuais, uma
recomposição é vista como improvável. A articulação do governador
Geraldo Alckmin (PSDB) para que a bancada paulista da sigla votasse em
massa na Câmara pelo prosseguimento da denúncia de corrupção contra o
presidente teve impacto direto sobre essas negociações. Como o
governador paulista é o principal nome colocado na corrida pelo
Planalto, DEM e PMDB consideraram que o tucano traiu um bloco que
cogitava lhe dar suporte.
Dirigentes peemedebistas e auxiliares de Temer acreditam que o DEM está
prestes a deslocar o PSDB do papel de protagonista dessa coalizão. O
partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cresceu como consequência
da crise e poderia chegar a 2018 com mais força que os tucanos para
articular alianças eleitorais do bloco. "Diferentemente das últimas três
eleições, nossas conversas não se darão só com o PSDB. Vamos procurar
diversos atores, sem condições preestabelecidas", diz o prefeito de
Salvador, ACM Neto (DEM).
O estremecimento das relações com o PSDB abriu flancos para a busca por
candidatos ao Planalto. O DEM tenta construir um nome próprio, mas
esbarra na limitada projeção nacional de Maia. O baixo desempenho do PIB
também dificulta o projeto de lançar o ministro Henrique Meirelles
(Fazenda), como defensor das reformas econômicas. Alguns dirigentes
admitem que o prefeito paulistano, João Doria, poderia representar essa
coalizão de centro –seja pelo PSDB ou por outro partido, caso sua
disputa interna com Alckmin gere uma cisão incontornável.
O PMDB também trabalha reservadamente com o plano de filiar um novo
quadro para disputar a vaga de Temer, mas o partido corre o risco de ter
voz discreta nessas composições. Acusado de corrupção, o presidente
teria que restringir sua atuação a bastidores, sem capital político para
impor sua vontade na construção da candidatura.
Desde os primeiros meses de governo, Temer tenta consolidar esse bloco
como um polo alternativo ao chamado "centrão", então tutelado por
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso no Paraná.
Em troca da sustentação a seu governo, o presidente ofereceu ao PSDB a
inclusão das reformas na pauta prioritária do país. Se o movimento fosse
bem-sucedido, os tucanos encontrariam a agenda limpa para disputar o
poder em 2018 sem ter que enfrentar medidas impopulares.
Essa aliança foi selada em 12 de julho de 2016. Naquela noite, Temer e
Aécio Neves (PSDB) foram a um restaurante no Clube de Golfe de Brasília,
para fechar o apoio do PMDB e do PSDB à candidatura de Maia à
presidência da Câmara. Os três grupos saíram de lá entoando o discurso
de que estava fechado ali um compromisso para 2018. Presidente do PMDB, o
senador Romero Jucá (RR) reconhece que a crise prejudicou a coesão
desse bloco para as próximas eleições, mas defende a reconstrução de
pontes. "O PSDB é uma força política importante, mas tem que se resolver
internamente", afirmou. "Quem tem responsabilidade tem que se juntar
agora para ajudar a recuperar o país."
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