Por Folhapress | Fotos: Ricardo Borges // Folhapress
Os economistas Elena Landau, Gustavo
Franco e Edmar Bacha, formadores da política econômica dos governos de
Fernando Henrique Cardoso, publicaram carta aberta ao presidente
interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), pedindo que o partido
deixe a base do governo de Michel Temer.
Em texto publicado nas redes sociais
pouco depois da sessão na Câmara que arquivou pedido de investigação de
Temer, os economistas tucanos pedem que os quatro ministros do partido
no governo entreguem seus cargos.
Landau, Franco e Bacha pedem também a
renovação na direção do PSDB. Após suspeitas de corrupção, o senador
Aécio Neves (MG) foi afastado da presidência nacional da sigla.
Landau disse à reportagem que a carta foi
uma alternativa à desfiliação dos economistas do PSDB. Os signatários
manifestaram apoio à permanência de Tasso no comando do partido.
Os economistas fazem críticas à aliança
atual com o PMDB, diante das denúncias que recaem sobre o presidente
Michel Temer e seu núcleo político. Dizem que o governo atual é manchado
pela "corrupção institucionalizada".
"Infelizmente, incapaz até agora de se
dissociar de um governo manchado pela corrupção institucionalizada que
herdou do PT, o PSDB tem optado por deixar vazio o centro político e
ético de que o país tanto precisa", diz o documento.
ELEIÇÕES 2018
Eles relatam temer o enfraquecimento do
partido diante da proximidade das eleições de 2018. Dizem acreditar que o
partido poderá perder protagonismo no cenário, deixando o caminho para
que adversários vençam a disputa.
"Trata-se da possibilidade da eleição de
um radical populista, de esquerda ou de direita, que arruinaria com as
perspectivas econômicas e talvez mesmo com a democracia no país", diz a
carta sem citar nomes.
Landau presidiu o BNDES nos anos 1990,
durante o período das privatizações de FHC. Franco e Bacha participaram
da elaboração do Plano Real. No documento, dizem acreditar que suas
opiniões podem influenciar em uma mudança de orientação do partido.
Landau disse que eles são favoráveis às
reformas em curso no país, como a da Previdência e a trabalhista, e que
mantêm o apoio à atual equipe econômica. A divergência seria mesmo no
campo da ética e nesse sentido o partido precisaria "praticar o que
prega".
"Não precisamos estar no governo para
defender as reformas. O partido precisa ter coerência e não precisava
ter capitaneado o relatório para arquivar a denúncia", disse Landau.
Desde que as suspeitas contra Temer
vieram à tona que o PSDB está rachado. O relatório que pedia
arquivamento da denúncia foi elaborado pelo tucano Paulo Abi-Ackel (MG),
mas o líder do partido, Ricardo Trípoli, pediu voto contrário à
bancada. Dos 47 deputados, 21 votaram pela abertura de inquérito,
enquanto 22 votaram contra a denúncia. Quatro não compareceram.
"Fica o nosso apelo para que, na
convenção de agosto, sob sua liderança [de Tasso Jeireissati] o PSDB
-reafirmando seu apoio e mantendo-se à frente das reformas no
Legislativo- decida (i) renovar sua direção, (ii) entregar os
ministérios que têm no governo, e (iii) refundar-se programática e
eticamente", diz a carta.
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