Por Redação BNews | Fotos: Folhapress
Líder
da bancada do PMDB no Senado até o final de junho, Renan Calheiros (AL)
diz que "ninguém aguenta mais o governo" e aponta o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como possível condutor da "inevitável
travessia". Apesar de ser do
partido do presidente Michel Temer, o senador bate de frente com o
correligionário e é um dos principais críticos da reforma trabalhista.
“Foi o maior equívoco defender uma agenda
unicamente do mercado. O presidente, pela circunstância, foi colocado
na cadeira de piloto de um avião sem plano de voo, sem saber de onde
estava vindo nem para onde estava indo. Lá atrás os passageiros estavam
aguardando sinais do comandante. Ele disse: 'Fiquem calmos, temos um
rumo, devemos chamá-lo de ponte para o futuro e vamos rapidamente, sem
sobressaltos, chegar lá.' Num primeiro momento, foi alívio e alguma
esperança. Aí acontece um desastre: o avião entra numa tempestade e um
raio fora do radar atinge as duas asas”, disse ao jornal Folha.
E continua: “o avião fica sem asas e sem
turbina, o comandante passa a navegar por instrumentos e quem tenta
alertá-lo passa a ser considerado inconveniente. Ele continua com a mão
no manche, pisa cada vez mais fundo, e os passageiros começam a perceber
que o comandante não tem noção do que acontece fora da cabine e o que
querem fazer é tirar de qualquer forma o piloto porque a turbulência
está cada vez mais insuportável. Ninguém aguenta mais. Por isso esse
sentimento de que o governo já foi. Não devemos descartar o Rodrigo Maia
como alternativa constitucional e como primeiro e decisivo passo para
essa inevitável travessia que nós deveremos ter de fazer”.
Sobre Rodrigo Maia, ele disse: “em regra
geral, independentemente de partidos, quase todos apoiam uma saída.
Porque a turbulência está insuportável. O Rodrigo parece um bom
político. Tem sido fundamental nos últimos anos pelo equilíbrio e
responsabilidade que demonstra. Acho que ele não pode ser descartado.
Talvez nós tenhamos que contar com sua participação nessa travessia”.
Ainda na entrevista, ele comentou sobre a
saída da liderança do partido no Senado. “O PMDB é o maior partido do
Brasil, mas tem se fragilizado com o estilo de Temer. Às vezes o
presidente lida com o partido como se fosse uma imobiliária, como se
pudesse ter dono. Eu jamais seria um líder de aluguel. Nunca tive e
nunca terei senhorio. Por isso resolvi sair”.
Ele ainda voltou a defender a renúncia de
Temer. “É preciso construir uma saída. O problema de Temer é que ele
sempre foi a ponta mais vistosa, mais diplomática de um iceberg. As
investigações implodiram a parte que ficava abaixo da linha d'água. Na
hora que a parte debaixo se desintegra, a de cima naufraga. O governo
nasceu com uma razão questionável do ponto de vista político, que era
reanimar a economia e estabilizar a política. Mas a política nunca
esteve tão caótica e a economia continua desfalecendo. O governo parece
um filme de terror. As pessoas foram ver um entretenimento e estão
saindo desesperadas com um filme pavoroso. Foram ver o Batman e o Charada dominou a cena”.
Renan é alvo de mais de dez investigações
e uma denúncia na Lava Jato, além de ter renunciado em 2007 ao comando
do Senado sob a suspeita de ter despesas privadas bancadas pela
empreiteira Mendes Júnior.
Em uma das primeiras críticas a Temer, em
abril, ele comparou a gestão peemedebista à seleção do Dunga. À Folha
disse que gostaria de se retratar: "Dunga foi um vencedor, não é
oportunista, é sério, foi tetracampeão e, como treinador, conquistou
vários títulos. Dunga não merecia, sinceramente, essa comparação".
Nenhum comentário:
Postar um comentário