“Uma andorinha só não faz verão” se constitui num
provérbiosurgido da genialidade humana ,e que acabou traduzindo com extrema fidelidade
uma situação comum na vida.Sem dúvida ele é um dos provérbios mais conhecidos e invocados no mundo. Todos passam por determinadas situações em que essa
frase se ajusta com perfeição. Frequentemente as pessoas o invocam, segundo a
visão de que uma pessoa sozinha em muitos casos dificilmente consegue mudar algo que supõe
errado. O uso de um conjunto de forças
sempre funciona melhor. Segundo esse princípio, a autossuficiência é inimiga
dos bons resultados.
Sua origem se liga a um grande pensador da Antiguidade. É do filósofo grego Aristóteles, discípulo de Platãoe
fundador da escola do “Liceu”, em
Atenas. Faz parte do seu livro “Ética a Nicômaco”,que era seu filho e a ele foi dedicado. Com essa afirmação, o
filósofo pretendeu expressar que para provar que o verão efetivamente começou seria
preciso mais de uma andorinha chegando ou mais de um dia quente.
Se trouxermos a história da “andorinha” de Aristóteles para
a política em curso no Brasil de hoje muitas “afinidades” serão encontradas. E
surgirão com certeza na polêmica candidatura de Jair Messias Bolsonaro à
Presidência da República,nas eleições de 1918,ou antes, se porventura
antecipada essa data,como quer insistentemente o Partido do Trabalhadores-PT, buscando com
essa medida uma nova vitória
eleitoral para o seu “deus”,Lula da
Silva, apesar de todos os estragos que ele e a sua sucessora Dilma Rousseff já
fizeram ao Brasil, desde 2003, durante
os 13 anos contínuosem que governaram.
Pouco se sabe sobre Bolsonaro. Se um eventual governo dele
seria bom ou mau ninguém pode garantir. Os pontos positivos que o recomendariam
ao eleitorado são poucos. Talvez os principais estejam no fato dele não
estar vinculado a NENHUM dos partidos
políticos que desastraram o Brasil, desde a “Nova República” de Sarney
(1985),mais precisamente,ao PMDB,PSDB ou PT, e partidos
coligados ,do mesmo “sangue ruim”. Outro ponto positivo que estaria
recomendando essa candidatura é que Bolsonaro não responde a nenhum dos
processos que envolvem corrupção governamental ,alvos das operações da Polícia
e Ministério Público Federais ,como “Mensalão”,”Lava Jato”,etc. Seria o típico cara
“mãos limpas”,resumidamente. Nos
“outros” grandes partidosdá para se contar nos dedos das mãos os que não têm algum envolvimento criminal de
corrupção.
Mas Bolsonaro também tem pontos negativos . Talvez o
principal deles se constitua na
incógnita que ele estaria representando. Outro ponto que particularmente não
gosto nele é a sua maneira de ser que muito lembra aquele tipinho ordinário de politicodemagogo
que sempre mandou na política ,agradando
o povo e recebendo o voto de um eleitorado que para “burro” falta pouco. Mas
esse problema já resolvi. E se
permanecer o quadro atual com as candidaturas presidenciais já cogitadas, é
evidente que “vou de Bolsonaro”, sem dúvida alguma. Vejo nele uma grande chance
de recuperar os estragos feitos no Brasil
após o término do Regime Militar em 1985,e principalmente de 2003 até
agora. E isso só vai depender dele. Talvez a coragem que ele aparenta ter - se
de fato de confirmasse - possa ser decisiva.
É exatamente nesse ponto que entra a figura da “andorinha”. As pesquisas
eleitorais indicam que Bolsonaro tem
chances concretas de vencer o pleito
presidencial em 2018, ou antes,apesar de não contar com o apoio dos grandes
partidos,provavelmente não por seus
méritos próprios, mas pela “oposição” que ele representa ao crime organizado com formato de partidos políticos, e que manda no
Brasil desde 1985. Também o “demérito”
dos seus adversários está dando uma “forcinha”. Muitos nem objetivariam votar “nele”, e sim “contra” os outros ,que
ele estaria representando.
Mas, independentemente da vitória, ou não, de Bolsonaro, com
certeza os grandes partidos que infelicitaram o país durante todo esse tempo
elegerão a maioria das casas legislativas. E se Bolsonaro eleito não ceder aos seus interesses ele
certamente não conseguiria governar nem fazer tudo o que vem prometendo, notadamente moralizar a
política. E se “teimar” ,irá fazer o papel da andorinha voando sozinha. Não
conseguirá governar,em síntese. Veja-se o que está acontecendo com Donald Trump, lá nos “States”,que apesar
de ter a maioria parlamentar
republicana, não está conseguindo governar a contento. Bolsonaro teria que ter
mais peito“aqui” que Trump “lá”.
Seria necessário, por conseguinte, que desde logo Bolsonaro
tivesse um “Plano 2”,um plano alternativo, para que o seu governo tivesse o
sucesso que ele prometeu.´É absolutamente
certo que ele não conseguiria governar tendo que compartilhar o seu governo com
as politicasdos outros Dois Poderes : o
Legislativo e o Judiciário. O Legislativo pouca alteração deve sofrer com as
eleições, como sempre foi, e a maioria deverá ser reeleita. Já o Judiciário,através não só
do Supremo Tribunal Federal,mas também
de todos os outros Tribunais Superiores,fica absolutamente inalterado, pois os
cargos ali são “perpétuos”. E todos sabem que as instituições públicas e
privadas são feitas pelos homens e mulheres que as compõem.
Mas o citado “Plano
2” (alternativo) de governo não poderia ser
“discursado” antes de Bolsonaro vencer e tomar posse no dia 1º de janeiro de
2019. Esse plano deveria ficar guardado a
“sete chaves” no cofre até que as questões de governo se agravassem e exigissem
o seu desengavetamento e uso. E com certeza isso aconteceria rápido.
Na montagem do seu possível governo, Bolsonaro deveria reservar
exclusivamente para si a prerrogativa de escolha do Ministro da Defesa, dentre
outros , e participar diretamente da
nomeação dos Comandantes das Três Forças Militares. Teria que ser
gente de total confiança. Também não poderia desprezar uma assessoria
jurídica independente e descompromissada com o “status quo” político e jurídico reinantes ,com capacitada
para estudar a alternativa da eventual necessidade de acionar a prerrogativa
presidencial contida no artigo 142 da Constituição (intervenção cívico-militar do poder
instituinte e soberanodo povo - art. 1º,parágrafo 1º,,combinado com o 142 da
CF)), evidentemente se esse se tornasse
o preço único da governabilidade e
da reimplantação da decência política prometida por ele na sua campanha.
Trocando tudo em miúdos, o que se pretende deixar bem claro
é que provavelmente Bolsonaro não conseguiria governar com decência se tivesse
que se indispor com o Legislativo e o Judiciário,por não ceder às suas pressões
ilegítimas, naquele mesmo regime de “troca-troca” de interesses que sempre
caracterizou antes as relações entre os
Três Poderes Constitucionais. Nesse regime imaginário e funesto, Bolsonaro seria a “andorinha” voando
solitária ,cercada por urubus (uns até
já usam vestimenta preta) ,e nunca conseguiria governar como
deveria ,ou “fazer verão”,ao passo que usando a alternativa colocada na mesa de
discussão, o Presidente conseguiria “fazer verão”, bem governar, cercado pelo
vôo livre dos pássaros da sua espécie, das andorinhas que
“fazem verão”.
Sérgio Alves de Oliveira
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