Coluna do jornalista Carlos Brickmann, do Chumbo Gordo, publicada hoje em diversos jornais do país:
Em Brasília, todos são gente do ramo, hábeis, espertíssimos. Mas…
1 – O
PSDB voltou ao poder aliando-se a Temer. Porém, ao perder a eleição,
processou os vitoriosos “só para encher o saco do PT”, como Aécio agora
admitiu. Esta ação, revanche infanto-juvenil, se não derrubar Temer, o
enfraquece. O PSDB encheu o saco do PT. E perde junto.
2 – a
queda de Dilma se acelerou porque o PT queria vingar-se de Eduardo
Cunha. Cunha avisou que, se o PT o deixasse em paz, ele não poria o
impeachment em pauta. O PT pôs Cunha em julgamento, Cunha pôs Dilma em
julgamento, deu no que deu: Cunha preso e Dilma fora.
3 – Hoje
o grande problema de Temer é seu amigo Rocha Loures. Loures era
suplente. Assumiu a deputança (e o foro especial) quando Temer nomeou o
inacreditável Osmar Serraglio para ministro da Justiça. Serraglio não
deu certo, Temer resolveu trocá-lo de Ministério, sem se dar ao trabalho
de conversar com ele – justo Temer, sempre tão educado! Serraglio
recusou a troca e reassumiu o mandato, deixando Loures sem foro
especial. Temer podia ter mantido Loures na Câmara nomeando outro
deputado do Paraná. Não o fez. Rocha Loures, sem foro, foi preso. E ele
era da tchurma, sabe o que todos fizeram no verão passado. Numa delação,
pode acelerar a queda de Temer e até mesmo ameaçar sua liberdade.
Quando a esperteza é muita, dizia Tancredo, vira bicho: come o esperto.
O PSDB
Aécio
foi secretário de seu avô, Tancredo Neves, e teve a oportunidade de, bem
jovem, acompanhar a costura política que destruiu por dentro o bloco
governista e lhe permitiu derrotar Paulo Maluf. Tancredo jamais “encheu o
saco” dos adversários. Mantinha com eles um diálogo urbano, que lhe
permitiu, por exemplo, aceitar José Sarney como vice e com ele devolver o poder aos civis.
Pensava-se que Aécio seria o herdeiro do talento de Tancredo. Quem imaginaria que herdasse apenas o sobrenome?
O PT
Apesar
do bombardeio que vem sofrendo, e da derrota eleitoral em 2016, o PT
lidera as pesquisas para 2018, com Lula. Então entra em campo,
recém-saído da cadeia, aquele que Lula já chamou de “capitão do time”,
José Dirceu, e propõe controles bolivarianos sobre quase tudo, mas em
especial a imprensa.
Em
seguida, na mesma cerimônia petista, Benedita da Silva diz que só se
pode reformar o país com derramamento de sangue. No Rio, que Benedita já
governou, há muito derramamento de sangue. E, como mostrou Cabral,
reformas não houve. Junte-se a corrupção a essas duas propostas e Lula,
se puder concorrer, terá muito trabalho. Ainda mais precisando explicar
por que disse que não conhecia vários delatores, esquecendo que esta é a
época dos celulares: todos tinham fotos com ele.
Dinheiro sai
Derrotada
a dinastia Sarney, o comunista Flávio Dino, PCdoB, assumiu o Governo
com promessas de mudança. Já começou a mudar: em vez de pendurar o
pessoal do Sarney nas tetas do Estado, está pendurando o seu.
O Procon
do Maranhão tem 76 funcionários. O governador Flávio Dino nomeou, para
chefiá-los, 347 novos chefes, todos sem concurso. São mais de quatro
chefes por funcionário. Mas Dino tem um problema no Supremo: o ministro
Alexandre de Moraes pede explicações sobre a violação da lei que criou o
Procon, que exige o preenchimento dos cargos por concurso.
Dinheiro voa
Lembra
de Carlos Gabas, ministro da Previdência de Dilma, que levava a chefe na
garupa em passeios de moto? Não se preocupe com ele: já está bem
empregado. Ganhou um cargo do senador Lindbergh Farias (PT-Rio) no
gabinete da liderança da minoria. Salário (bruto): R$ 20.950 mensais.
Lindbergh
Farias foi também quem contratou Gilberto Carvalho, que foi ministro de
Lula e Dilma. Gilbertinho ganha R$ 15.700. Nenhum dos dois precisará
assinar o ponto ou comprovar presença. Você, caro leitor, paga.
Pra que dinheiro?
De
acordo com o Tribunal de Contas da União, o prejuízo da Petrobras pela
compra da refinaria de Pasadena, no Texas, foi de US$ 800 milhões. A
refinaria era conhecida como Ruivinha, por estar inteirinha enferrujada.
Mas o
maior prejuízo brasileiro em refinarias não foi culpa da Petrobras. Em
2006, por ordem do presidente Evo Morales, o Exército boliviano ocupou
duas refinarias da Petrobras, e passou-as ao controle de La Paz. Foi uma
ação sem reação, já que o Governo brasileiro silenciou sobre o caso.
Mais tarde, a Bolívia decidiu pagar US$ 112 milhões pela
“desapropriação” das duas refinarias, cujo valor estimado era de US$ 1
bilhão.
Mais um
Renato
Duque, ex-diretor da Petrobras condenado a 40 anos de prisão pelo desvio
de R$ 650 milhões, se ofereceu para ser delator. Sabe muito.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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