O sexto
Congresso Nacional do PT nada trouxe de novo. Apenas mostrou um partido
dividido, mas sempre conduzido pelo hexa-réu Lula, o Pequeno Timoneiro
que pretendeu um dia se eternizar no poder. Editorial do Estadão:
O PT
encerrou seu 6.° Congresso Nacional sem oferecer praticamente nenhuma
grande novidade ao distinto público de convertidos à fé inabalável nos
superpoderes de Lula da Silva, que, pessoalmente, parece ser a única
unanimidade – ou quase – dentro do partido. Como de hábito, foi eleito
para presidir a legenda o nome imposto pelo Grande Líder: a senadora
Gleisi Hoffmann. Mas a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB),
liderada por Lula e antes amplamente majoritária no Diretório Nacional,
só conseguiu ocupar metade das 90 cadeiras em disputa, assim mesmo
porque fez uma composição com a corrente O Trabalho. Já em matéria de
“conteúdos”, nada mudou no Congresso. Repetiram-se as mesmas ideias de
sempre – que resultaram na atual crise econômica, política, social e
moral do País – embaladas nas também habituais frases feitas da
demagogia populista em que Lula é insuperável, como demonstrou no
discurso de abertura do encontro: “Essa elite não sabe resolver os
problemas do País. Nós provamos que sabemos. Já fizemos e vamos fazer
outra vez. A gente vai voltar a governar este país a partir de 2018”.
É óbvio
que Lula se valeu do congresso para tentar, com as frases feitas em que é
especialista, levantar o moral e recuperar a autoestima da
companheirada, relembrando o passado de lutas “em defesa dos pobres” –
expressão que repetiu insistentemente em seus discursos – e as “grandes
conquistas” dos governos petistas, todas elas grandiosas e inéditas
“como nunca antes na história deste país”. A preocupação de Lula em
manter a unidade do PT ficou demonstrada, ao longo dos três dias de
encontro, pela clara manifestação de alguns sintomas.
O mais
evidente deles foi a insistência com que, em seu discurso na abertura do
congresso, Lula recomendou mais de uma vez que o debate de teses e
propostas se desenvolvesse no sentido de unir e não de dividir a
militância, uma vez que “lá fora são inimigos de classe que querem nos
destruir e nós precisamos estar preparados para derrotá-los”. Mas as
divergências internas se manifestaram, de forma mais contundente do que
nunca, com a reviravolta que acabou com a ampla hegemonia interna da
Construindo um Novo Brasil. Embora Lula ainda seja o maior líder do
partido, seu prestígio pessoal não se transfere na mesma medida para a
CNB.
A
disputa interna por cargos de direção foi tão acirrada que para acomodar
todas as tendências foi necessário aumentar o número de vagas tanto do
Diretório, de 82 para 90, como da Executiva Nacional, de 18 para 26. Até
mesmo a eleição de Gleisi Hoffmann, em substituição a Rui Falcão, que
ficou seis anos na presidência nacional do partido, se deu com uma
votação consideravelmente menor do que fazia prever o fato de Lula tê-la
escolhido para o cargo e conchavado sua candidatura com os líderes de
todas as demais correntes partidárias. Gleisi teve 62% dos votos, contra
38%, mais do que um terço do total, atribuídos a Lindbergh Farias,
apoiado pelas correntes de esquerda.
Lula
está claramente preocupado em manter sob controle os esquerdistas de um
partido com raízes fortemente plantadas no pragmatismo do movimento
sindical. Está convencido de que suas pretensões eleitorais terão que
estar escoradas no discurso de esquerda, para obter o apoio dos estratos
menos favorecidos da população. Não por acaso, discursando no congresso
petista, defendeu enfaticamente a política externa de seu governo,
definindo-a como “anticapitalista” e defensora da “solidariedade
humana”.
Lula
teve ainda uma palavra para “tranquilizar” seus correligionários quanto
aos “problemas” que está tendo com a Lava Jato. Garantiu que ao depor
perante o juiz Sergio Moro comprovou sua “inocência” e agora espera que
os promotores “apresentem provas” das acusações que fazem. E sentenciou:
“Está na hora de acabar com essa palhaçada neste país”. É o que os
brasileiros esperam.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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