Augusto Nunes: "a chapa
vitoriosa em 2014 só escapará do castigo se a maioria dos ministros do
TSE mandar às favas a lei e submeter a Justiça aos interesses dos réus".
A conferir:
Os brasileiros
saberão nesta semana se o Tribunal Superior Eleitoral ouve
exclusivamente o que diz a lei ou também ouve os sussurros de quem acha
que a Justiça deve subordinar-se ao quadro político e econômico que
aflige o Brasil. A resposta será dada pelos sete ministros que, a partir
desta terça-feira, escreverão o epílogo do julgamento da chapa formada
por Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014, acusada de abuso de poder
político e econômico na campanha presidencial.
Essa dupla não teria
quaisquer chances de salvação se os julgadores se ativessem apenas a
critérios jurídicos ─ e, na hora de votar, não fechassem os olhos à
montanha de provas que incriminam a dobradinha que fez o diabo para
ganhar a eleição. Os fatos berram que os dois parceiros foram
financiados por dinheiro sujo. Ambos sempre souberam de onde vinha a
enxurrada de doações multimilionárias, ambos sempre desfrutaram sem
remorso das relações promíscuas entre larápios com foro privilegiado,
figurões do Executivo e bandidos de estimação premiados com o segredo do
cofre do BNDES.
Dilma já é carta fora
do baralho: caso preserve os direitos políticos e se atreva a disputar
uma vaga no Senado, será aposentada com humilhação, e definitivamente,
pelas urnas de 2018. O protagonista da novela em curso no TSE é Temer.
Se o julgamento não for interrompido por outro pedido de vista,
formulado por algum cúmplice desprovido do sentimento da vergonha, Temer
só escapará do castigo se a maioria dos ministros mandar às favas à
legislação eleitoral e agarrar-se à falácia segundo a qual o mundo
político e a política econômica não sobreviverão a mais uma troca de
guarda no Planalto.
Nessa hipótese, o
Tribunal Superior Eleitoral se transformará em mais uma corte reduzida a
puxadinho dos podres poderes, habitado por juízes sem juízo e, por isso
mesmo, prontos para submeter-se aos interesses de empresários com medo
de falência ou pais da pátria com medo de cadeia. Nem por isso a
esperança estará revogada. Os que sonham com a rendição do Brasil
decente primeiro precisam conseguir a capitulação da República de
Curitiba. É tarde demais para paralisar a Lava Jato personificada não
por Rodrigo Janot, mas por Sérgio Moro.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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