Temer fez o que tinha de
fazer, constitucionalmente: restabeleceu a ordem com auxílio do
Exército. Artigo de Denis Rosenfield, publicado no Globo:
Para melhor
compreendermos as violentas manifestações de rua da última semana, tendo
como roupagem todo um falso vocabulário democrata, torna-se necessário
melhor avaliarmos a questão do Estado e da democracia.
Quando o presidente
Temer se viu confrontado pela violência instaurada em Brasília, foi
levado a fazer uma escolha, tendo como foco o restabelecimento da
autoridade estatal, que estava sendo minada. E tomou para si, como
presidente da República, a difícil decisão de chamar o Exército
Brasileiro para a defesa da ordem pública, abalada. Deixou claro para a
sociedade brasileira que seu objetivo consistiu em defender o Estado e o
regime democrático.
Se não o fizesse, não
estaria exercendo a autoridade que lhe confere a Constituição. Se não o
fizesse, estaria abdicando de sua função de governar, dando livre curso
à violência. Se não o fizesse, estaria dando o exemplo de que o caminho
da desordem pública estava aberto para novas manifestações por todo o
País. Se não o fizesse, estaria renunciando a sustentar o Estado. Um sim
seria dado à generalização da violência.
Vivemos uma situação
única e particularmente explosiva, pois, após a captura do Estado pelo
aparelho lulopetista e aliados, com a corrupção tendo se infiltrado
decisivamente no sistema político-partidário, as regras democráticas
começaram a servir aos mais distintos propósitos. Por exemplo, as
manifestações são apresentadas como “pacíficas”, próprias a um regime
democrático, quando visam, na verdade, a enfraquecer ainda mais a
democracia por meio da violência.
Que não se venha
repetir a patranha de sempre: que as manifestações são pacíficas, porém
“infiltradas” pelos black blocs. Todas as manifestações da esquerda são
acompanhadas pela violência, o que não se vê com as organizadas por MBL,
Vem Pra Rua e outros movimentos, que levaram ao impeachment de Dilma
Rousseff. Tanto são os vândalos acobertados que, mascarados e com bombas
caseiras, são defendidos pelos mesmos grupos de esquerda que organizam
essas manifestações.
São, também,
defendidos por advogados da mesma esquerda, que se autointitulam de
“democratas” e defensores dos “direitos humanos”. Na Câmara dos
Deputados e no Senado são apoiados por parlamentares que, nessas Casas,
têm introduzido a baderna como meio de paralisação dos trabalhos
parlamentares. Reproduzem o mesmo estilo de atuação, que toma a
democracia para subvertê-la.
A anomia
caracteriza-se pelo fato de as regras democráticas começarem a funcionar
no vazio, como se fossem independentes do Estado. Dada a herança
lulopetista e seus desdobramentos posteriores, os cidadãos não se sentem
mais representados, o que faz com que as instituições sejam
enfraquecidas e mesmo corroídas por dentro. Segue-se a falar de
democracia num quadro de desmoronamento institucional.
Pode ocorrer que o
uso que se faça das regras democráticas tenha o intuito de enfraquecer o
próprio Estado. Defende-se uma forma de democracia que começa a perder
sua substância, uma vez que o aparelho estatal se desarticula, vítima
que veio a ser de uma apropriação “privada e partidária” e criminosa. O
Estado foi tomado de assalto e os invasores apresentam-se como
democratas.
Quando o presidente
Temer assinou o decreto de Garantia da Lei e da Ordem, nada mais fez do
que seguir a Constituição, em seu artigo 142, que lhe atribui essa
função na defesa do Estado Democrático de Direito. Deixou claro que não
compactuaria com a desordem nem com a subversão da democracia. Deixou
igualmente claro que, uma vez restabelecida a ordem, revogaria o
decreto, o que fez no dia seguinte, quando os manifestantes saíram, em
seus ônibus, de Brasília.
Note-se que a atitude
do Exército, como expresso pelos ministros do GSI, general Sergio
Etchegoyen, e da Defesa, Raul Jungmann, foi nitidamente defensiva,
visando a resguardar a vida dos funcionários nos ministérios depredados e
incendiados e o patrimônio dos prédios públicos federais.
Imaginem a angústia e
o medo de funcionários em ministérios sendo incendiados, precisando
fugir das chamas, da fumaça e da asfixia. Imaginem a angústia e o medo
de pessoas trabalhando em seus escritórios, sob o impacto de pedras e
outros artefatos que destroem as paredes de vidro de suas instalações. O
que poderia acontecer se a violência não fosse contida?
Os esquerdistas de
sempre, PT, PSOL, PCdoB e Rede, logo passaram a falar de “repressão
militar”, violação da democracia e assim por diante, num festival de
besteiras sem igual. Alguém viu o Exército reprimindo alguém? Há um
único vídeo ou foto a esse respeito?
Repito: teve uma
atitude defensiva, de contenção da violência que se espalhava por toda a
Esplanada dos Ministérios. Simbolicamente, sustentou as instituições e a
democracia. Os falsos democratas são os que se insurgem contra essa
atitude constitucional e compactuam com a violência.
Para quem esteve em
Brasília nesse dia, a capital federal mais parecia uma praça de guerra.
Fumaça em vários lugares, bombas sendo lançadas por manifestantes,
vândalos atacando a polícia, em vez de fugirem dela, incêndios em
ministérios e nas ruas, pontos de ônibus destruídos e banheiros químicos
queimados.
A Polícia Militar do
Distrito Federal havia sido transbordada, não era mais capaz de exercer a
sua missão. A Força Nacional existente naquele momento em Brasília era
constituída por pouco mais de cem policiais, número nitidamente
insuficiente para conter a violência, que se alastrava.
O presidente Temer
fez o que deveria ter feito, restabelecendo a ordem, com o auxílio do
Exército, no estrito cumprimento de suas responsabilidades
constitucionais. Protegeu o patrimônio nacional e a vida das pessoas,
transmitindo à Nação a mensagem de que a violência não é opção para a
democracia. Não há democracia sem autoridade estatal.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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