Um caminhão carregado de sucata, avaliada em mais de R$ 1 milhão. Só
para transportar essa “mina de ouro”, o motorista recebeu, nada menos,
que R$ 8 mil. Na verdade, essa história da sucata “milionária” foi
apenas uma forma que encontramos para representar a cena fictícia da
novela global, A Força do Querer,
transformada em realidade na manhã desta segunda-feira (29), quando
Itabuna, como rota do tráfico, recebeu um carregamento de cocaína pura,
distribuída em 50 pacotes.
O entorpecente pesa, ao todo, 55 quilos. A droga estava em um dos
caixotes, carregados de ferros velhos, vindo do estado de Rondônia, mais
precisamente da cidade de Ariquemes. Essas sucatas eram só fachada de
um negócio sujo, que “abarrotaria” os bolsos de traficantes dessa
cidade. Os “coronéis” do tráfico, no entanto, não contavam com o serviço
de inteligência da polícia, que puxou a “cortina” e trouxe à tona os
bastidores do crime.
Tudo começou, quando o caminhoneiro, identificado como Ariones José
Pinto, de 53 anos, chegou a Itabuna, quase na madrugada da última
sexta-feira (26). Assim que o dia amanheceu, já no sábado (27), ele
ligou para aquele que seria o responsável pelo recebimento da carga. O
traficante, então, pediu que o caminhão fosse descarregado somente na
manhã desta segunda e prometeu pagar a mais pela espera.
Quando o motorista seguia para o local combinado, no bairro Jaçanã, o
caminhão apresentou problemas em seu sistema de ar, nas imediações do
15º Batalhão da Polícia Militar. O traficante foi avisado e contratou um
mecânico para tentar resolver o problema. No momento em que os dois
homens tentavam consertar o veículo, foram surpreendidos pelo agente
Lúcio Serra e sua equipe. Os policiais, imediatamente, entraram em
contato com o coordenador da 6ª Coorpin, André Aragão.
O Cicom já tinha ligado para a coordenadoria em Itabuna, passando todas
as informações descobertas pelo Serviço de Inteligência em Salvador.
Agora, era só descarregar o caminhão e apreender a droga. E foi o que
aconteceu. Diante do flagrante, o caminhoneiro garantiu ao delegado
André Aragão que não sabia da existência de drogas na carga que
transportava.
“Estou surpreso”, disse caminhoneiro
A cocaína estava escondida em uma espécie de cofre, infiltrado entre a
sucata de um dos caixotes. Cada caixote tinha entre uma a duas toneladas
de ferro velho. O experiente Lúcio Serra, coordenador de investigação
da 6ª Coorpin, desconfiou do valor do frete. Como relatamos no início da
matéria, o valor pago pelo transporte da “sucata” foi de R$ 8 mil. “A
carga de sucata valeria, aproximadamente, R$ 1 mil. Além disso, Itabuna
não tem indústrias deste tipo e não costuma receber este tipo de carga”,
ponderou o agente.
O caminhoneiro e o mecânico foram conduzidos para a delegacia, onde
prestaram depoimento. Eles já foram liberados, segundo a polícia. Em
entrevista ao Verdinho, o condutor do caminhão, mais uma vez, afirmou
que não sabia de nada. “Estou surpreso com essa situação. Jamais ia
imaginar. Se eu soubesse, jamais eu ia carregar drogas”, defendeu-se
Ariones.
O delegado André Aragão informou que o próximo passo, agora, será
prosseguir com as investigações, tendo como alvo a prisão dos
traficantes responsáveis pela droga. “Existe uma rede de distribuição de
drogas. Já temos uma linha de investigação. Precisamos comprovar isso e
representar pela prisão preventiva dos acusados”, disse Aragão. A
identidade de um dos suspeitos já foi descoberta e está sendo mantida em
sigilo para não atrapalhar o andamento do caso. O traficante em
questão, chamado no meio policial como “tiro surdo” (quando nunca foi
pego) seria do bairro de Fátima e está foragido.
De acordo, ainda, com o delegado, um dos planos dos traficantes seria
misturar a pasta base de cocaína até triplicar a quantidade, dobrando a
fortuna para até R$ 2 milhões. “Essa operação foi um baque muito grande
para a sociedade criminosa”, comemorou o coordenador da Polícia Civil.
Vale lembrar que esta foi a maior a apreensão de drogas feita em Itabuna
este ano, em Itabuna.
Memes que invadiram as redes sociais voltam a fazer sucesso
Voltando à ficção, nesse mês, a novela A Força do Querer, mencionou
Itabuna como rota do tráfico. Neste capítulo, que foi ao ar na noite do
dia 16, a personagem Jeiza, uma policial interpretada pela atriz Paola
Oliveira, declarou: "Recebemos a informação da nossa inteligência de que
a droga já saiu do Tocantins e chega amanhã em Itabuna".
Como numa espécie de profecia, que mistura ficção com realidade, Itabuna
se viu envolvida nessa cena, substituiu a policial fictícia Jeiza pelos
policiais da 6ª Coordenadoria, que agiram rapidamente na interceptação
da carga, impedindo, assim, seu destino final.
Após o nome da cidade aparecer na novela, a criatividade invadiu as
redes sociais, através dos famosos memes. E até Lúcio Serra virou
personagem nessa brincadeira, num “intercâmbio” com a policial Jeiza.
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