Pelo
menos 57 políticos que estão fora das investigações da Operação Lava
Jato podem ter recebido, por via indireta, recursos do esquema de caixa 2
da Odebrecht, segundo o jornal Estadão.
A reportagem explica que o dinheiro, que
soma cerca de R$ 5 milhões, foi distribuído como doação de campanha,
entre 2010 e 2014, por empresas ligadas à cervejaria Itaipava, apontada
em delações como parceira da empreiteira na entrega de propina a agentes
públicos.
Segundo o jornal, no total, a Itaipava
fez doações oficiais a 81 candidatos entre 2010 e 2014. Destes, 24 já
são alvo da operação. Os demais receberam doações registradas na Justiça
Eleitoral e, ao menos por enquanto, não foram citados nominalmente nos
acordos de delação premiada firmados por executivos e ex-executivos da
Odebrecht.
A publicação esclarece que, nos
depoimentos, há indícios de que todas as doações da Itaipava foram, na
verdade, repasses da Odebrecht. O próprio Marcelo Odebrecht,
ex-presidente da empreiteira, confessou em depoimento ao Tribunal
Superior Eleitoral que sua empresa usava a Itaipava como fachada para
ocultar doações eleitorais a políticos.
Há ainda comprovação de que isso
aconteceu em quatro casos, relacionados a doações recebidas pelo senador
Aécio Neves (PSDB), pelo ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), pelo
ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM) e pelo PPS, presidido pelo atual
ministro da Cultura, Roberto Freire. Os quatro já divulgaram notas à
imprensa citando repasses da Itaipava quando questionados sobre doações
da Odebrecht.
Entre os 57 beneficiários da Itaipava
que não são alvo de inquérito estão candidatos a quase todos os cargos
eletivos: governador, senador, deputado federal, deputado estadual,
prefeito e vereador.
As doações foram registradas sob o CNPJ
das empresas Praiamar e Leyroz de Caxias (depois rebatizada como Rof
Comercial), ambas distribuidoras de bebidas do Grupo Petrópolis,
fabricante das cervejas Itaipava e Cristal. Em alguns casos, a
contribuição foi feita de forma direta – em outros, o dinheiro foi das
empresas para o partido, e só então chegou ao candidato.
A existência de uma parceria entre a
Itaipava e a Odebrecht foi revelada em março de 2016, quando a Polícia
Federal apreendeu na casa de um executivo da empreiteira uma planilha
com nomes de cerca de 300 políticos que teriam recebido dinheiro em 2012
e 2014.
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