Em meio à possibilidade de o leite materno transmitir zika às crianças,
especialistas das sociedades estadual e brasileira de Pediatria estão
divididos se mães infectadas pelo vírus devem continuar amamentando seus
filhos. Na corrente mais cautelosa e que considera a troca do leite
humano por outro tipo está o infectologista Paulo César Guimarães, da
Sociedade Brasileira do Rio e diretor da Faculdade de Medicina de
Petrópolis. O temor é por conta da Síndrome de Guillain-Barré, doença
provocada pelo vírus e que compromete os movimentos do corpo. “Ainda não
sabemos quanto tempo a zika pode ficar no organismo. Temos poucas
informações científicas, então acredito que o melhor é a lactante cujo
exame PCR deu positivo para a zika conversar com o médico e verificar se
o melhor não é interromper a amamentação”, recomendou Guimarães, que
acrescentou que, nos demais casos, é para manter o consumo de leite
materno normalmente. Ele recomenda que casais também devem se prevenir
nas relações sexuais, mesmo após o fim dos sintomas da zika. Já o
presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP), Luciano Borges Santiago, destacou que o
leite humano não tem contra-indicação para casos do vírus, entretanto,
demonstrou dúvida sobre o potencial contaminante via lactação. “É
leviano dizer que a criança pode pegar zika da mãe na amamentação, assim
como também é falar que (o aleitamento) não transmite ”, diz Santiago.
Ele ressaltou que a SBP segue orientações do Ministério da Saúde, que
apoia o aleitamento até que apareça o primeiro caso de infecção. A
Sociedade de Pediatria do Rio defende a amamentação. Pelo mundo, já são
33 países, em três continentes, que registram habitantes contaminados
por zika vírus. O anúncio, divulgado pela Organização Mundial de Saúde,
lista Cabo Verde, na África, Ilhas Maldivas, Fiji, Tonga, Samoa, Ilhas
Salomão e Vanuatu, todos na Ásia, como países onde há transmissão
interna do vírus. Pelas Américas, o número é de 26 nações, entre elas
Colômbia, Brasil, Suriname, El Salvador e Venezuela. Também há indicação
e circulação viral em outros seis: Gabão, na África, Indonésia,
Tailândia, Cambodja, Filipinas e Malásia, na Ásia. Na Colômbia, o
Instituto Nacional de Saúde informou que 3.177 mulheres grávidas foram
notificadas com zika no país desde o início da fase endêmica da doença,
em outubro. O total de pessoas notificadas com o vírus é de 25.645. O
departamento, como são chamados os estados na Colômbia, que mais tem
registros de zika é o Norte de Santander, na fronteira com a Venezuela.
Na região, foram notificados 4.983 casos entre outubro e 30 de janeiro.
Também é lá que há o maior número de grávidas com o vírus, 983 no
período analisado. O anúncio do aumento de casos notificados na Colômbia
ocorreu um dia depois de o governo informar que três pessoas morreram
por associação com o zika. Os três infectados morreram pela síndrome
neurológica de Guillain-Barré, que os cientistas vinculam ao vírus. (O
Dia)
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