Em 1963, ao recuperar seus poderes de presidente da República, João Goulart desenvolveu intensa campanha pelas reformas de base, interrompida por sua deposição pelos militares. Naqueles idos, estimulado pelas esquerdas, era pelo que a maioria do país clamava: participação dos empregados no lucro das empresas, salário-família, estatização das indústrias ligadas ao desenvolvimento, reforma agrária com a extinção dos latifúndios, voto do analfabeto e dos subalternos das forças armadas, fim do ensino privado, limitação da remessa de lucros e outras iniciativas de caráter socializante. Nos meios de comunicação só se falava das reformas, que as elites engoliam, mesmo já conspirando contra o governo.
O vento mudou de rumo, as reformas foram para o espaço, conquistas sociais estabelecidas desde os tempos de Getúlio Vargas acabaram revogadas, como a estabilidade no emprego.
Pois não é que volta-se a cogitar das reformas? Só que de cabeça para baixo. Ao contrário, apesar de o rótulo permanecer. As elites querem completar sua obra, extinguindo o que sobrou do desmonte, ironicamente com o silêncio e até com apoio das massas. Ou de seus ditos representantes.
MUDAR A PREVIDÊNCIA
Vão reformar a Previdência Social, mas para reduzir pensões e aposentadorias, sob o argumento de que dão prejuízo. Aplicam o raciocínio de que tudo deve dar lucro e também vão revogar a indexação salarial, expediente adotado pelos governos militares para o povo não morrer de forme, ou seja, os salários vinham sendo corrigidos de acordo com a inflação. Não será mais assim. Pior para o assalariado. Também anunciam a flexibilização dos direitos do trabalhador, que significa poder o empregador ditar as regras de trabalho sem obrigações. Atuará de acordo com o mercado, podendo suprimir indenizações e pagando o que bem entender.
Convenhamos, existem reformas e reformas. Vivemos o período das maldades reformistas. E sob a égide de um governo pretensamente do Partido dos Trabalhadores, agora empenhado em aumentar e criar novos impostos, como se administração pública não se assemelhasse ao sistema dos vasos comunicantes que aprendíamos nas primeiras aulas de física. Se a Previdência Social dá prejuízo – e não dá – o Imposto de Renda dá lucro.
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