MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 3 de janeiro de 2016

Reajustes de luz e água vão seguir o patamar de 2015, dizem especialistas


O educador financeiro Augusto Bastos recomenda um uso mais consciente dos recursos como luz e água

Naiana Ribeiro (naiana.ribeiro@redebahia.com.br)
As contas fixas, como a de energia elétrica e água, devem ficar até 15% mais caras na Bahia este ano. A previsão é dos especialistas no setor energético e de economistas, com base no cenário de 2015 e projeções de juros e inflação para este ano que começa.
Segundo o boletim Focus, do Banco Central (BC), a mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2016 saiu de 6,80% para 6,87%. O mercado financeiro acredita que o Banco Central vai elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 14,75%, ainda em janeiro. Em abril, os juros terão chegado a 15,25% ao ano. A taxa ficaria nesse nível até outubro e seria reduzida a 14,75% em dezembro. 
Nesse contexto, o consumidor continuará a sofrer com aumento da energia em 2016 - que deve seguir o mesmo patamar de 2015, podendo ter uma alta de  15%. Pelo menos é o que acredita o engenheiro elétrico Sérvulo Ramos, que também é coordenador do Curso de Engenharia Elétrica na Faculdade ÁREA 1 Devry Brasil.
Jorge Soares pretende cortar os gastos domésticos para driblar os aumentos
(Foto: Evandro Veiga/Correio)
“Depende de uma série de fatores, mas não acredito que as tarifas devam aumentar mais. O patamar deve ser o mesmo”, afirma Ramos. Em 2015, o aumento médio da tarifa pela Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) foi de 10,45% (para baixa tensão) e 13,34% (para alta tensão). Com relação à energia, o Banco Central estima que a alta será de 4,6% ao longo de 2016. Mesmo tendo forte influência do cenário econômico do país, o reajuste médio das tarifas de energia em 2016 ainda está sujeito a variáveis, entre elas o ritmo das chuvas e o efeito sobre o sistema de bandeiras tarifárias.
Segundo Ramos, um ponto importante para um menor preço da energia para o consumidor final seria o desligamento das usinas térmicas. As empresas elétricas têm tido grandes gastos com a geração a partir dessas usinas, utilizadas nos últimos anos para compensar o baixo nível nos reservatórios das hidrelétricas.  
De acordo com o administrador, contador e educador financeiro pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Augusto Bastos, as dificuldades previstas para este ano devem ser parecidas ou piores do que as enfrentadas no ano passado. “Tanto nas contas de água, luz, gás, etc, podemos esperar que as concessionárias realinhem os preços para, no mínimo, o mesmo nível da inflação”, afirma ele, que ensina na pós-graduação da Universidade de Salvador (Unifacs).
Bastos especula que os aumentos de energia e de água no estado devem ser bem próximos dos repassados em 2015. “A inflação pressiona esses preços fixos, que são insumos não só para as famílias como  para o setor produtivo. Para que sejam feitos novos investimentos, inevitavelmente, o preço será repassado”, fala.
A economista e professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Gisele Ferreira Tiryaki ressalta que o cenário econômico deve continuar difícil este ano.  “Apesar da redução na atividade econômica e no desemprego reduzirem as pressões inflacionárias, espera-se ainda inflação de custos (energia elétrica e combustíveis), alguma inflação inercial (ajustes de preços e salários, realinhando perdas anteriores e incorporando expectativas de aumento futuro), e pressão de preços por conta dos elevados gastos públicos”, analisa.
No âmbito energético, Gisele considera que, apesar da melhora nos reservatórios de hidrelétricas com as últimas chuvas, a população ainda paga elevadas tarifas. “Quanto à água, o  reajuste depende da inflação e de custos fixos da Embasa, dos quais a energia elétrica tem um peso importante”, explica. Em 2015, o reajuste foi de 12% na Bahia.
Contas variáveisCom a expectativa de inflação acima do teto, entre 6,9% e 7%, a Associação dos Executivos de Finanças (Anefac) projeta que a alta em custos variáveis, como serviços e combustível, seja menor do que em 2015. “Temos um fator a favor de aumentos, que é a inflação ainda considerada alta. Com o dólar batendo na casa dos R$ 4, a economia apresenta um risco maior, principalmente no setor de bens duráveis, o que pressiona os custos. Inflação alta é sinônimo de juros maiores”, diz o diretor da Anefac Miguel de Oliveira.
Com uma economia menor, há uma retração  nas vendas. “O baixo consumo  deve fazer com que empresas não repassem todos os custos. Provavelmente, terão que reduzir os custos internos  para continuar vendendo”.
A economista Gisele Tiryaki também espera uma manutenção ou elevação no preço da gasolina. “Não vejo a redução no preço internacional sendo repassada para o mercado interno, em virtude das dificuldades enfrentadas pela Petrobras”, indica.
As projeções dela para os preços dos bens de consumo são positivas. “Não espero elevação de preços de bens de consumo ou serviços, por conta da demanda desaquecida. O padrão aquecido do Natal não será mantido”.
O que fazer?Com as projeções de aumentos para os custos fixos e de alguns dos custos variáveis, a recomendação do educador financeiro Augusto Bastos é que os consumidores aproveitem para ter um uso mais consciente dos recursos como luz e água. “Não tem só a ver com uma redução de custos”, diz o especialista. 
Para quem não previu  aumentos no orçamento de 2016, ele recomenda que se faça uma análise financeira e coloque uma margem em todas as despesas, de janeiro a dezembro. “O importante é começar a diminuir o consumo dessas coisas e usar de forma racional. Evite desperdícios e só use o que for necessário”, sugere.
Para fechar a conta do orçamento de 2016, a estratégia do administrador Jorge Soares, de 52 anos, vai ser manter a contingência de gastos. “Vou ter que colocar tudo no papel, definindo o que é prioritário e o que não é. Só vou comprar o que efetivamente for preciso comprar”, revela.
O peso das despesas fixas no orçamento familiar, inclusive, já fez com que o administrador projetasse os reajustes que devem ocorrer  nos gastos que mais apertam o orçamento, como água, luz e alimentação. “Calculei uma média aritmética em cima do que venho consumindo nos últimos seis meses. Isso me deu uma ideia de mais ou menos quanto devo gastar a mais com esses reajustes, e, principalmente, com a inflação”, conta. Com as contas organizadas em uma planilha, o orçamento familiar para 2016 deve ter um aumento médio de 34%. “Em todas as despesas, coloco uma projeção de segurança, com mais 5% para  emergências”.
O engenheiro mecânico Francisco Moura, 56, confessa que, se as projeções dos especialistas se concretizarem, o jeito vai ser mesmo cortar despesas. “É difícil cortar, mas todo mundo vai ter que fazer, porque não tem outra opção. Esses aumentos pesam no condomínio, na conta de luz (que representa 3,5% dos custos fixos), no combustível (que hoje representa 10% do orçamento) ”, afirma. 
Planilhas de controle
O economista e educador financeiro Edisio Freire disponibilizou três planilhas para que você, leitor, coloque na ponta do lápis todas as suas contas. Com elas dá para fazer o diagnóstico financeiro, controlar o orçamento doméstico e até as dívidas. Aproveite e faça uma previsão dos aumentos este ano. Para baixá-las, clique nos links a seguir.
Colaborou Priscila Natividade


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