MEDIÇÃO DE TERRA

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quarta-feira, 1 de abril de 2015

'El País': Sindicalista argentino avisa que protestos podem se intensificar


Facundo Moyano diz que greve é alerta para sucessor de Cristina em caso de ajuste como do Brasil

Hugo Moyano é o sindicalista mais conhecido da Argentina. Já liderou quatro greves contra o governo de Cristina Kirchner. Seu filho, Facundo, também sindicalista, secretário-geral do sindicato de pedágios e deputado da oposição, resume o significado da greve atual. Acontece quatro meses antes das eleições primárias, e é um aviso não apenas para Kirchner, já de saída, mas especialmente para o novo governo, já que são esperados fortes ajustes como o vivido atualmente no Brasil. Facundo Moyano deixa claro em entrevista ao jornal espanhol El País que a greve é uma demonstração de que o caminho do próximo governo não será fácil.
Moyano diz que o objetivo principal da greve não é mandar um aviso ao novo governo em 2016 “mas claro que também pode ser vista dessa forma. Esta greve será acompanhada pela Casa Rosada, mas também por todos os presidenciáveis, que estão atentos. É uma mensagem clara: se num momento assim, com o movimento sindical dividido, fazemos esta greve, este protesto seria muito mais forte com um ajuste generalizado como o do Brasil. Agora sabem que vão ter que sentar e conversar”.
O sindicalista afirma que o atual governo, que tem maioria no Congresso “age como se a realidade não existisse”. Porém, ele diz que esses tempos vão acabar em breve. “Todas as pesquisas deixam claro que o novo Congresso vai estar dividido, sem uma grande maioria. Vão ser obrigados a sentar e conversar com o movimento sindical”.
Hugo Moyano diz que o ajuste já existe mesmo antes das eleições deste ano. “A inflação é um método de ajuste. Está sendo ajustado por ação ou omissão. Em 2014 houve uma perda de 5% do poder aquisitivo. A metade dos trabalhadores recebe 5.500 pesos (cerca de 1.950 reais). Acreditamos que vá a ocorrer uma desvalorização, em uma economia tão dependente do Brasil, o tipo de câmbio tira nossa competitividade. É preciso organizar os subsídios e uma série de fatores. Mas tudo deve ser feito com diálogo, sem que afete o bolso dos argentinos”.
Sobre a disputa política, o sindicalista diz que o legado de Juan Perón não pertence só ao governo. “A Frente para a Vitória (partido de Kirchner) quer tomar para si o monopólio do peronismo”. Segundo ele, há muito peronismo fora do governo e cita seu candidato Sergio Massa e ex-chefe de gabinete de Kirchner como também sendo peronista.
 Sobre a greve, o sindicalista diz que ela é um sucesso: “é marcante, especialmente porque até a CGT [a parte do sindicato fiel à Kirchner] deu liberdade a seus afiliados.

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