MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 28 de abril de 2015

Após perder casa em cheia, família mora há um ano em barco no AC


Casa onde família morava foi condenada e caiu após enchente do Rio Acre.
Sehab se comprometeu a encaminhar o caso para a Seds esta semana.

Iryá Rodrigues Do G1 AC
Daniel barco em Rio Branco (Foto: Tácita Muniz/G1)Família que mora em barco há um ano diz que maior sonho é ganhar uma casa (Foto: Tácita Muniz/G1)
Sem casa há um ano, a família do autônomo Daniel de Lima Frazão, de 27 anos, mora em um barco às margens do Rio Acre, no Bairro 6 de Agosto. De acordo com Frazão, o terreno da casa em que morava foi condenado em 2012 pela Defesa Civil e Secretaria de Habitação do Acre (Sehab), mas mesmo assim continuou morando no local com sua família. O autônomo conta que na alagação de 2014 resolveu ir morar no barco. Após a enchente histórica do Rio Acre deste ano, o terreno desmoronou e levou a casa onde a família morou durante anos.
Frazão conta que tinha algumas madeiras para construir outra casa no terreno, mas foi informado de que se fizesse iriam derrubar, já que o terreno estava congelado. "Foi quando viemos para o batelão, e isso já tem um ano. Nós queremos ajuda do governo e da prefeitura para a gente ter uma casa. Não é fácil morar nessa situação, só Deus para nos dar força", desabafa Daniel.
O autônomo conta ainda que é complicado sair para trabalhar e deixar os dois filho, de 6 e 4 anos, sozinhos com a esposa no barco. "A gente não consegue dormir e nem trabalhar, todo tempo preocupado com as crianças. Há poucos dias, o menor ia morrendo no rio, quando eu vi, ele já estava dentro da água, tive que pular com documento e tudo para salvar", conta.
O barco foi adaptado como uma casa. De forma simples, a família teve que se adaptar às condições de moradia dentro da embarcação. No local, tem uma mesa com uma TV, os colchões que ficam suspensos em uma corda, fogão, caixa d'água, uma pia improvisada e até uma pequena horta que fica em cima do barco. A energia é cedida pelo vizinho, que permitiu que Daniel fizesse uma ligação clandestina para ligar a TV.
"Eu faço o possível para deixar mais ou menos com cara de lar. Pelo menos para a gente conseguir transitar aqui dentro. Tudo que temos veio de doação. Porque não veio uma assistente social para ver nossa situação aqui. Nós temos duas crianças e não dá para viver assim", relata a dona de casa, Marisa Belarmino de Souza, de 24 anos.
Frazão diz emocionado que o seu maior sonho é ter uma casa para morar com a esposa e os filhos. "Eu peço todos os dias para Deus que a gente consiga ganhar uma casa. Nosso maior sonho é tirar nossas crianças desse lugar para terem uma vida melhor. Meus filhos não podem nem ir para a escola", diz.
Daniel barco em Rio Branco (Foto: Tácita Muniz/G1)Daniel diz que salvou o filho de um afogamento (Foto: Tácita Muniz/G1)
O autônomo explica que foi informado que não poderia fazer cadastro para ganhar uma casa do governo, já que o terreno onde morava está no nome do seu pai. "Eu sempre morei nesse local, sei que está no nome do meu pai, mas nós morávamos na casa de trás. No terreno tinham quatro quartos e a casa de trás, e meu pai alugava os quartos. Até quem morava lá de aluguel ganhou o Aluguel Social, ou uma casa", afirma.
Todos os dias peço a Deus que a gente consiga ganhar uma casa"
Daniel Frazão, autônomo
A família conta que em nenhum momento qualquer órgão responsável fez visita para conhecer a realidade deles. "Nunca ninguém veio aqui ver nossa situação, nem prefeitura nem assistente social", finaliza Frazão.
Ao G1, o chefe do departamento social da Sehab, Marcos Huck, explicou que o terreno onde o autônomo morava com a família está no nome do pai dele e que em 2012 o local foi "congelado" pela Sehab e Defesa Civil. Além disso, Huck afirmou que o pai de Daniel assinou um documento em que escolhia ser indenizado ao invés de receber uma casa popular do governo.
"Como ele estava morando em uma casa onde já tem cadastro no nome de uma pessoa, fica complicado para podermos fazer a inserção dele no programa habitacional. O que pode ser feito, e vamos fazer, é o encaminhamento desse caso para a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds-AC) para ver a possível alocação deles no aluguel social. E quando houver a chamada para novas inscrições em casas populares, eles iriam participar", explica Hulk.
Cheia histórica
Em Rio Branco, a cheia do Rio Acre em 2015 desabrigou mais de 10,4 mil pessoas em 53 bairros. No total, em torno de 87 mil pessoas foram afetadas diretamente pela enchente. Após a vazante do rio, ao menos 33 casas foram condenadas pela  Defesa Civil, nos bairros Seis de Agosto e Cidade Nova.
A cheia também deixou mais de 70 mil alunos fora das salas de aula nos município de Rio Branco, Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri, Cruzeiro do Sul, Feijó e parte de Tarauacá.

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