Casa onde família morava foi condenada e caiu após enchente do Rio Acre.
Sehab se comprometeu a encaminhar o caso para a Seds esta semana.
Família que mora em barco há um ano diz que maior sonho é ganhar uma casa (Foto: Tácita Muniz/G1)
Sem casa há um ano, a família do autônomo Daniel de Lima Frazão, de 27
anos, mora em um barco às margens do Rio Acre, no Bairro 6 de Agosto. De
acordo com Frazão, o terreno da casa em que morava foi condenado em
2012 pela Defesa Civil e Secretaria de Habitação do Acre (Sehab), mas
mesmo assim continuou morando no local com sua família. O autônomo conta
que na alagação de 2014 resolveu ir morar no barco. Após a enchente
histórica do Rio Acre deste ano, o terreno desmoronou e levou a casa
onde a família morou durante anos.O autônomo conta ainda que é complicado sair para trabalhar e deixar os dois filho, de 6 e 4 anos, sozinhos com a esposa no barco. "A gente não consegue dormir e nem trabalhar, todo tempo preocupado com as crianças. Há poucos dias, o menor ia morrendo no rio, quando eu vi, ele já estava dentro da água, tive que pular com documento e tudo para salvar", conta.
O barco foi adaptado como uma casa. De forma simples, a família teve que se adaptar às condições de moradia dentro da embarcação. No local, tem uma mesa com uma TV, os colchões que ficam suspensos em uma corda, fogão, caixa d'água, uma pia improvisada e até uma pequena horta que fica em cima do barco. A energia é cedida pelo vizinho, que permitiu que Daniel fizesse uma ligação clandestina para ligar a TV.
"Eu faço o possível para deixar mais ou menos com cara de lar. Pelo menos para a gente conseguir transitar aqui dentro. Tudo que temos veio de doação. Porque não veio uma assistente social para ver nossa situação aqui. Nós temos duas crianças e não dá para viver assim", relata a dona de casa, Marisa Belarmino de Souza, de 24 anos.
Frazão diz emocionado que o seu maior sonho é ter uma casa para morar com a esposa e os filhos. "Eu peço todos os dias para Deus que a gente consiga ganhar uma casa. Nosso maior sonho é tirar nossas crianças desse lugar para terem uma vida melhor. Meus filhos não podem nem ir para a escola", diz.
Daniel diz que salvou o filho de um afogamento (Foto: Tácita Muniz/G1)
O autônomo explica que foi informado que não poderia fazer cadastro
para ganhar uma casa do governo, já que o terreno onde morava está no
nome do seu pai. "Eu sempre morei nesse local, sei que está no nome do
meu pai, mas nós morávamos na casa de trás. No terreno tinham quatro
quartos e a casa de trás, e meu pai alugava os quartos. Até quem morava
lá de aluguel ganhou o Aluguel Social, ou uma casa", afirma.
Todos os dias peço a Deus que a gente consiga ganhar uma casa"
Daniel Frazão, autônomo
Ao G1, o chefe do departamento social da Sehab, Marcos Huck, explicou que o terreno onde o autônomo morava com a família está no nome do pai dele e que em 2012 o local foi "congelado" pela Sehab e Defesa Civil. Além disso, Huck afirmou que o pai de Daniel assinou um documento em que escolhia ser indenizado ao invés de receber uma casa popular do governo.
"Como ele estava morando em uma casa onde já tem cadastro no nome de uma pessoa, fica complicado para podermos fazer a inserção dele no programa habitacional. O que pode ser feito, e vamos fazer, é o encaminhamento desse caso para a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds-AC) para ver a possível alocação deles no aluguel social. E quando houver a chamada para novas inscrições em casas populares, eles iriam participar", explica Hulk.
Cheia histórica
Em Rio Branco, a cheia do Rio Acre em 2015 desabrigou mais de 10,4 mil pessoas em 53 bairros. No total, em torno de 87 mil pessoas foram afetadas diretamente pela enchente. Após a vazante do rio, ao menos 33 casas foram condenadas pela Defesa Civil, nos bairros Seis de Agosto e Cidade Nova.
A cheia também deixou mais de 70 mil alunos fora das salas de aula nos município de Rio Branco, Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri, Cruzeiro do Sul, Feijó e parte de Tarauacá.
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