| 28 Janeiro 2015
Artigos - MÍDIA SEM MÁSCARA
Artigos - MÍDIA SEM MÁSCARA
Essa
gente acredita que pode governar de costas para a realidade, pregando e
praticando coisas inviáveis e nocivas, contra a ordem econômica sadia e
contra os bons costumes.
De fato, o PT chegou a uma encruzilhada histórica. Está há doze anos no poder e se encontra naquele limiar inevitável, o do caos econômico derivado das políticas distributivistas populistas que inviabilizam o livre mercado, seja pelo excesso de tributação, seja pelo excesso de intervenção estatal. Para cumprir a sua agenda, o PT terá necessariamente que caminhar para seu viés autoritário. Com imprensa livre e o Congresso Nacional funcionando não haverá mais “avanços” na agenda revolucionária, podendo haver mesmo um retrocesso “neoliberal” em razão das necessidades imediatas inadiáveis.
A
contradição insanável do PT é que, partido revolucionário marxista que
é, tem que ser o partido da ordem dentro da democracia. Tem que praticar
o neoliberalismo de Chicago. Está desagradando seus quadros mais
“verdadeiramente” socialistas, como que traindo as origens.
Dito isso, quero comentar aqui o artigo de Marta Suplicy, publicado na Folha de São Paulo (O diretor sumiu).
A autora está de saída do partido, não por discordar programaticamente,
mas porque sua chance de obter a legenda para concorrer a cargos
majoritários é nula. Não há mais espaços para ela dentro do PT. O artigo
de Marta é interessante porque ela propõe um diagnóstico para todas as
crises que campeiam no Brasil. Nas suas palavras:
“Tenho
pensado muito sobre a delicadeza e a importância da transparência nos
dias de hoje. Temos vivido crises de todos os tipos: crise econômica,
política, moral, ética, hídrica, energética e institucional. Todas elas
foram gestadas pela ausência de transparência, de confiança e de
credibilidade”.
Obviamente
que Marta Suplicy fez aqui uma simplificação hiperbólica, dizendo mais
ou menos o seguinte: o PT tem acertado, sua política faz bem ao Brasil,
mas peca pela falta de transparência. Ora, o que está errado é
precisamente a proposta política do PT, que empobrece a nação e a leva
para um conflito de grandes proporções. Marta como que se propõe a ser
“mais PT” com transparência. Está muito equivocada.
O
que tem provocado crises é o equívoco de achar que o Estado pode se
sobrepor ao mercado como instrumento do desenvolvimento econômico, que o
distributivismo é a saída para a concentração de renda, que a
tributação é o caminho da justiça social e que o mercado precisa ser
tutelado, pois é suspeito de ganância. O viés anticapitalista do
programa do PT é que está na raiz de todas as mazelas.
É
evidente que Marta Suplicy não percebe a realidade. Como os petistas e
esquerdistas em geral não percebem. Se o percebessem fatalmente
deixariam de ser socialistas e abraçariam as teses liberais. Essa gente
acredita que pode governar de costas para a realidade, pregando e
praticando coisas inviáveis e nocivas, contra a ordem econômica sadia e
contra os bons costumes. Marta Suplicy sempre foi da linha de frente da
revolução cultural, tendo ajudado fortemente o partido a chegar ao
poder.
São
pertinentes, todavia, as críticas à pessoa da presidente Dilma
Rousseff. Ela tem personalidade errática, é autoritária, omissa e
voluntarista e não sabe muito bem sobre a arte de governar. Para ela,
governar é fazer decretos de nomeação. Engana-se. Nem tem a lealdade e
nem a solidariedades de ninguém, nem da base aliada e até mesmo da Marta
Suplicy.
Mas
o problema é de fundo e sistêmico: é a proposta política do PT que
malogrou e está caminhando pelas ruas feito morto-vivo. Precisa ser
abandonada. As críticas “por dentro”, como as feitas por Marta, pelo
PSOL e pelo PSB são enganosas, verdadeiras cortinas de fumaça. Dizem: me
ponham no lugar que faço melhor a revolução. Essa gente é completamente
alienada.
O
fato é que o Brasil se encontra à beira do abismo e não será alguém
como Marta Suplicy que poderá salvar a nação. Quem será? Esse ator ainda
não apareceu. Tempos de grandes perigos.
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