Deveria ter poupado R$ 80,8 bilhões. Ao apagar das luzes de 2014,
mudou a lei para legalizar o calote. Mesmo assim prometeu R$ 10 bilhões
de superavit. Não aconteceu. O ano chegou ao fim com um déficit de R$
17,2 bilhões, mostrando gastança e descontrole. Se deveria ter poupado
80 e teve déficit de 17, o rombo é de 97. A matéria a seguir é da Folha
de São Paulo.
A presidente Dilma Rousseff fechou o último ano do primeiro mandato com
um rombo nas contas do governo. As despesas do chamado governo central
(Tesouro, BC e Previdência) com
pessoal, programas sociais, custeio e investimentos superaram as
receitas em R$ 17,2 bilhões.
Com o impulso do calendário eleitoral, os gastos foram acelerados e
chegaram a R$ 1,031 trilhão; já a arrecadação, prejudicada pela
fragilidade da economia e por medidas de alívio tributário, ficou em R$
1,014 trilhão. O governo teve de tomar dinheiro emprestado para cobrir
compromissos
cotidianos e obras de infraestrutura --em economês, houve deficit
primário, de 0,3% do PIB. Trata-se do primeiro deficit do gênero apurado
pelo Tesouro desde 1997, quando teve início a série histórica.
Com outra metodologia, o Banco Central apontou um pequeno resultado
negativo no caixa federal naquele ano. Ainda mais sem precedentes é o
contraste entre os números e a meta
anunciada pela administração petista: até setembro, a equipe de Dilma
sustentava que seriam poupados R$ 80,8 bilhões --um superavit primário--
para o abatimento da dívida pública.
CRISE GLOBAL
Chegou-se ao ápice de um processo de deterioração das contas públicas
iniciado em 2009, quando o governo Lula enfrentou a crise global com
aumento de gastos, redução de impostos e mais empréstimos nos bancos
públicos.
Reeleita, Dilma declarou que a estratégia --cujas consequências incluem
alta da inflação e do deficit nas contas externas-- chegou ao limite.
Isso significa uma ameaça à expansão de despesas como Previdência, Bolsa
Família, Minha Casa, Minha Vida e investimentos em infraestrutura, que
têm puxado o desequilíbrio orçamentário. A nova equipe econômica já
anunciou elevações de impostos, cortes no
custeio e restrições à concessão de benefícios como pensões,
seguro-desemprego e abono. Ainda assim, permanecem dúvidas quanto à
promessa de poupar R$ 55,3 bilhões neste ano, para conter a escalada da
dívida pública.
Como informou o secretário do Tesouro, Marcelo Saintive, o governo herda
R$ 226 bilhões em despesas pendentes de anos anteriores. Parte poderá
ser cancelada, mas há gastos, como subsídios represados aos bancos
públicos, que terão de ser executados. Ele evitou críticas à gestão anterior, mas disse que a Fazenda
trabalhará com "transparência, tempestividade e cumprimento de regras"
para "recuperar a credibilidade".
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