A política está pegando fogo em Brasília, com a Oposição minoritária tentando de todas as formas ter protagonismo nas eleições da Câmara e do Senado. Aécio Neves, presidente do PSDB, reuniu o partido e botou a tropa em ordem no apoio ao deputado Júlio Delgado (PSB) e ao senador Luiz Henrique (PMDB) para a presidência das duas casas. Está tendo que enfrentar dissidências vindas principalmente de São Paulo. Além disso, Aécio dirigiu fortes críticas a Dilma Rousseff, tendo em vista a desastrosa condução da economia do país, à corrupção desenfreada e ao estelionato eleitoral cometido por ela nas últimas eleições. Neste contexto, não havia pior dia para o governador paulista Geraldo Alckmin fazer visita para Dilma Rousseff, com o objetivo de pedir penico para solucionar a a crise hídrica que assola o seu estado. Lá está ele, com aquele sorriso jeca, bajulando Dilma e Mercadante. Logo hoje! É, sem dúvida alguma, um tucano inconveniente.
Abaixo, a entrevista concedida hoje por Aécio, em Brasília:
Sobre a eleição no Congresso, qual a orientação do PSDB?
A
minha posição pessoal é muito clara e eu venho trazê-la hoje à nossa
bancada como presidente do partido. No momento que existem duas
candidaturas da base governista e uma candidatura que se coloca como
independente e que surge a partir da iniciativa de um partido político
que, inclusive no segundo turno esteve conosco na última eleição
presidencial, o caminho natural do PSDB é fortalecer a candidatura do
deputado Júlio Delgado. É a candidatura que, a meu ver, apresenta as
melhores condições de garantir a independência fundamental que a Câmara
dos Deputados não teve nos últimos anos.
E no Senado não é
diferente. A candidatura do senador Luiz Henrique na verdade atende esta
mesma aspiração: não termos um Legislativo acuado, submisso, e
principalmente, submetido às vontades e às orientações do Palácio do
Planalto, como assistimos durante todo este último período e de forma
mais escancarada ainda no final do ano passado no momento em que, com
uma violência enorme, o comando do Legislativo, atendendo a orientação
do Palácio do Planalto, feriu de morte a Lei de Responsabilidade Fiscal
ao operar a LDO.
Portanto, na minha visão, temos duas grandes
oportunidades, em apoiar a candidatura de Julio Delgado na Câmara
Federal, apresentando uma agenda para o Poder Legislativo que iniba mais
uma vez a edição das medidas provisórias, que inclusive possa votar, e
ele tem este compromisso, o projeto que relatei no Senado Federal,
aprovado por unanimidade no Senado no início da legislatura passada e
que ficou engavetado também por orientação do Palácio do Planalto na
Câmara que impede que medidas provisórias possam tratar de temas não
correlatos, criando uma mínima relação de respeitabilidade entre os
poderes.
No Senado, da mesma forma, estaremos ao lado do senador
Luiz Henrique. Inclusive, hoje a tarde, no ato de lançamento da sua
candidatura que, a meu ver, é uma candidatura extremamente competitiva.
Os
seus colegas de partido disseram que independentemente do que aconteça
no domingo no Congresso, vai ser um ano muito difícil na Casa. O senhor
concorda com eles, independentemente de quem estiver na presidência será
um ano complicado para os parlamentares?
Acho que poderá
ser um grande ano para o Poder Legislativo, sobretudo em razão da
fragilização do governo federal. O que estamos assistindo no dia a dia é
o atestado absoluto de falência do governo. Um governo que não tem
sequer a hombridade, a dignidade de reconhecer os seus erros, que não se
julga no dever de explicar à população brasileira o que o Brasil de
hoje é tão diferente do Brasil cantado em verso e prosa na campanha
eleitoral poucos meses atrás.
Este é o grande momento de afirmação
do Poder Legislativo. Não podemos continuar submetidos única e
exclusivamente como ocorreu ao longo dos últimos anos à agenda do
governo federal. E mais do que isso, do ponto de vista das denúncias
sucessivas, das denúncias que não cessam de irregularidades de corrupção
no governo, devemos centrar fileiras para já, imediatamente, nesta
semana colhermos as assinaturas necessárias à recriação da CPMI da
Petrobras, além de outras que estão sendo também cogitadas.
A
prioridade deve ser o Congresso Nacional retomar as investigações em
relação aos desvios na Petrobras porque estamos ainda vendo a ponto do
iceberg. Acho que temos a responsabilidade enquanto poder fiscalizador
das ações do Poder Executivo, de avançarmos nessas investigações que já
vem sendo feitas com competência pelo Ministério Público, pela Polícia
Federal, mas o Poder Legislativo não pode deixar de dar também a sua
contribuição.
As últimas medidas da Petrobras impactam
fortemente alguns investimentos inclusive no Nordeste, região em que a
presidente Dilma teve grande votação. Como o senhor avalia?
É
uma vergonha. Destruíram a nossa maior empresa e não tiveram sequer a
capacidade de agora, reconhecendo os desvios, minimizar essas perdas.
Hoje, a perda de grau de investimento feita pela Moody’s (de Baa2 para
Baa3) é uma sinalização clara de como o mundo vê o Brasil e não é só a
Petrobras. Infelizmente, o que o Brasil hoje está provando é o veneno, o
fel de um governo que agiu irresponsavelmente ao longo de todos os
últimos anos. Tudo que denunciamos durante a campanha eleitoral hoje
aparece para a população brasileira de forma absolutamente cristalina.
Seja com relação aos dados da economia, aos dados fiscais do governo,
seja com relação à corrupção na Petrobras, às denúncias cada vez mais
grave em relação aos desvios nos fundos de pensão e no BNDES. Portanto,
cada vez mais vai ficando claro que quem venceu as eleições foi a
mentira.
Sobre a saúde na
economia, registra o primeiro déficit primário desde 2001. Como a
oposição pode colaborar para mudar este quadro.
Quem tem a
responsabilidade por esse quadro é exclusivamente o governo. Cabe à
oposição denunciar, fiscalizar e impedir manobras fiscais, manobras
contáveis que vieram sendo feitas sem qualquer constrangimento ao longo
dos últimos anos. Mas isso não dura para a vida toda. Estamos
percebendo, agora, de forma absolutamente clara, que o governo não
priorizou o Brasil. O governo priorizou as eleições. E medidas que agora
estão sendo tomadas, se tivessem sido tomadas de forma responsável, e
não foram, ao longo do ano passado, ao longo dos últimos anos,
certamente minimizariam seus efeitos para a população brasileira.
Quem
vai pagar a conta da incompetência e irresponsabilidade do governo da
presidente Dilma são os mais pobres. E estamos vendo aí. A receita do
atual governo não é nossa receita. Vou falar sobre isso hoje aqui. A
receita do atual governo é fazer o ajuste pelo aumento de impostos por
um lado e a supressão dos direitos trabalhistas por outro. Essa não é a
receita do PSDB e não podemos deixar que isso seja confundido com ela.
O
setor elétrico está tendo várias crises. A presidente Dilma falava
tempos atrás em redução de tarifa e não é o que está acontecendo.
Mais
um grande engodo. Me lembro muito bem que no Congresso Nacional quando
eu alertava para os riscos da Medida Provisória nº 579 fui acusado
diretamente pela presidente de pessimista e torcer contra o Brasil.
Não
se faz redução de tarifas, sem que haja uma política fiscal
responsável, sem que haja planejamento. O que a presidente fez com o
setor elétrico é mais uma demonstração da marca autoritária do seu
governo, do absoluto desconhecimento que ela tem sobre do setor, e isso
se estende à Petrobras, comandada por ela com mãos de ferro, durante
todos esses últimos 12 anos. E, mais uma vez, o preço está sendo pago
pela população brasileira, pelo contribuinte brasileiro, com a
perspectiva de aumentos expressivos na conta de luz, mais de 20% agora
já no início do ano.
Cada vez mais, a cada dia que passa, se
comprova que os nossos alertas eram os alertas corretos. A presidente da
República não permitiu que o Brasil debatesse, durante a campanha
eleitoral, medidas para superação da crise. Ela vendeu o país da
fantasia: do conto da Carochinha, onde tudo ia muito bem, o país
crescia, do pleno emprego e não havia necessidade de qualquer ajuste.
Hoje
o custo dos ajustes é muito mais alto pela irresponsabilidade do
governo, que não tomou, no momento que deveria ter tomado, as
providências para conter esses equívocos todos e, infelizmente vai
sobrar, mais uma vez, para o bolso do cidadão brasileiro, do
contribuinte brasileiro.
BLOG DO CORONEL
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