Supostas irregularidades estão reunidas em laudo.
Direção da entidade alega disputa política na entidade.
Nova sede da Apae fica na Avenida Vieira Caúla, no Bairro Igarapé (Foto: Gaia Quiquiô/G1)
Pais e sócios da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Porto Velho
denunciam supostas irregularidades na administração da entidade. Eles
juntaram um laudo que indaga a administração sobre recursos repassados à
instituição, dentre outros supostos problemas como falta de alimentação
adequada, superfaturamento em combustíveis e veículos usados
indeviamente.Segundo um sócio que não quis se identificar, as denúncias estão protocoladas em órgãos responsáveis como Delegacia da Criança e do Adolescente (DPCA) e Ministério Público do Estado (MPE). A Apae justifica as denúncias como "uma disputa política em relação à administração da entidade".
Os pais aproveitaram uma assembleia extraordinária convocada pela Apae, nesta sexta-feira (31) para discutir as denúncias. “Aproveitamos a assembleia para reivindicar as coisas que estão erradas. Queríamos que a administração nos explicasse, pois como pais, achamos que tem irregularidades sim”, explica a mãe de uma criança, Francisca das Chagas Sobreiro.
Como pais, achamos que tem irregularidades sim "
Francisca das Chagas Sobreiro, mãe de uma criança.
Além da falta de alimentação adequada, os denunciantes afirmam que a instituição não tinha higiene suficiente e faltam até mesmo copos descartáveis. “Eram dois ou três copos de alumínio para atender todos os alunos. Os banheiros não tinham almofada e elas acabavam sentando na louça”, disse. Segundo ele, a antiga sede da instituição não tinha estrutura necessária. “Tinha uma cisterna aberta e o perigo de uma criança cair a qualquer momento. Tanto é que depois da denúncia no Conselho Tutelar e na DPCA, eles mudaram de modo abrupto para a nova sede”, afirma o sócio
De acordo com os pais, a principal reclamação é que a instituição alega que não há fundos para atender as crianças. “Eles dizem que nunca tem dinheiro, mas nós descobrimos que há repasse para gasolina, apesar do ônibus ser a diesel e a kombi não rodar tanto quanto o ônibus”, diz o sócio. Segundo a Apae, há um ônibus e uma kombi para atender crianças e eventuais ocorrências da instituição. Os pais também reclamam da ajuda de custos cobrada no valor de R$ 100 reais para que o ônibus escolar pegue as crianças. Alguns que não têm condições de arcar com o pagamento, deixaram de frequentar a Apae.
“No edital está previsto mais de quatro mil litros de gasolina. A kombi quase não é utilizada e não atende as crianças. Se atende é excepcionalmente, para transportar alguma coisa para algum evento, mas nunca é para atender crianças”, afirma uma mãe que não quis se identificar.
Por acaso, o veículo está sendo usado pela vice-presidente. Checamos no Detran e a caminhonete está em nome da Apae"
Sócio que não quis se identificar
Denúncias sobre administração de recursos
Uma ex-funcionária que não quis se identificar, conta que trabalhou na entidade por três anos e foi afastada após começar a cobrar elementos básicos como cuidadores e merenda escolar. “Sugeri que adaptassem uma sala, colocassem uma pia e contratassem uma merendeira, mas fui destituída do cargo por cobrar. Falaram para eu me virar para servir a comida, pois eu tinha pego guias de requisição para merenda escolar”, afirma.
Segunda a ex-funcionária, a administração da Apae não convoca os pais para avisar sobre qualquer mudança e não aplica o dinheiro dos recursos corretamente. “Tivemos recurso de 100 mil para oficinas aos alunos e a administração não aplicou. Isso está no portal de transparência da prefeitura entre março ou maio. Também tivemos R$ 30 mil para comprar material didático e só chegou R$ 1,500 reais em material. Pedimos papel toalha pra limpar a boca das crianças, e alegaram não haver recurso”, relata.
Explicações da Apae
A gasolina é usada na kombi que auxilia em caso de falha do ônibus, ou transporte de crianças e materiais em geral, segundo a professora e responsável pelos convênios Maria Conceição Gomes de Oliveira. Segundo ela, a ajuda de custo de R$ 100 reais é revertida para pagar o motorista do ônibus e a ajudante, além dos encargos trabalhisticos.
Sobre a falta de merenda, a professora argumenta que a nova sede da instituição não tem estrutura para oferecer comida e, por isso, as crianças estariam recebendo lanche. Ela explica que a antiga sede da Apae tinha cozinha, mas a nova sede não tem a mesma estrutura. “Foi feita uma reunião para informar aos pais que, ao invés de oferecermos comida, seria lanche. A verdade é que existe uma rixa política na Apae. O grupo que perdeu está fazendo de tudo para prejudicar o que ganhou”, justifica Conceição.
Ainda segundo a professora, a Apae recebe uma ementa da prefeitura que dá a opção de disponibilizar alimentação ou lanche. “Decidimos reverter em lanche. Tínhamos cozinheira, mas ela foi demitida porque a Apae não tem condição de ter uma folha tão alta. A caminhonete foi vendida porque precisávamos pagar o aluguel de 45 mil e o veículo já estava velho”, finaliza.
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