A investigação sobre grilagem de terras destinadas à reforma agrária em Mato Grosso, denominada como Operação "Terra Prometida", agora tem como um dos suspeitos de envolvimento o ministro da Agricultura Neri Geller. Testemunhas ouvidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal apontam o envolvimento do ministro com a apropriação de lotes que, pelo programa do governo federal, seriam destinados a agricultores sem-terra. Trechos sobre os supostos vínculos do ministro com os desvios do programa já foram enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Geller
foi citado várias vezes ao longo da investigação. A suspeita é que ele
tenha favorecido a negociação ilegal de lotes e até se tornado
proprietário de um deles. O programa do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) prevê a distribuição de 1.149
lotes de 100 hectares. Hoje cada um desses lotes está avaliado pelo
mercado local em R$ 1 milhão. Dois irmão do ministro, Odair e Milton
Geller, se entregaram ontem à PF após terem a prisão decretada.
Ao
todo, a Justiça Federal decretou a prisão de 52 fazendeiros,
empresários e servidores públicos acusados de se apropriar de forma
ilegal de lotes da reforma agrária nas imediações de Itanhangá (MT).
Trata-se do segundo maior assentamento da reforma agrária da América
Latina.
As
investigações começaram em 2010, a partir de reportagens do “Jornal
Nacional” sobre negociação de lotes da reforma agrária, o que é proibido
por lei. O esquema, porém, ocorre desde 1997. O centro do esquema são
os municípios de Itanhangá e Lucas do Rio Verde (MT), cidade onde a
família Geller tem fazendas.
Procurado,
o ministro não quis se manifestar. Em nota divulgada ontem, o
Ministério da Agricultura negou o envolvimento de Neri Geller.
“O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informa que o
ministro Neri Geller não foi arrolado na “Operação Terra Prometida”,
deflagrada pela Polícia Federal. O ministro, que estava em missão
internacional nos Emirados Árabes e retornou ao Brasil no final da tarde
desta quinta-feira (27), lamenta a presença de familiares entre os
investigados e diz não acreditar na participação dos mesmos em qualquer
irregularidade. Geller afirma não possuir associação jurídica ou outro
tipo de sociedade com os envolvidos no processo”, diz a nota.
*Com informações de O Globo
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