Manifestantes de Ferguson, no Estado de Missouri, nos EUA, realizaram protestos dentro de grandes redes varejistas dos EUA durante a madrugada da Black Friday nesta sexta-feira (28).
Os moradores da cidade se manifestam desde segunda (24), quando um júri decidiu não indiciar um policial branco que matou um jovem negro desarmado em agosto.
Dentro de uma loja do Walmart em outra localidade nos arredores de St. Louis, cerca de 75 manifestantes protestaram com gritos de “mãos ao alto, não atire”, atrapalhando consumidores que empurravam seus carrinhos de compra.
Os manifestantes se dispersaram de forma pacífica quando receberam ordem de um pequeno grupo de policiais. Foram então para uma loja da Target, onde realizaram um protesto similar. Há mais manifestações do tipo previstas para esta sexta-feira.
Entenda
O grande júri do condado de Saint Louis decidiu na segunda-feira (24) que o policial Darren Wilson, 28, não será processado pela morte de Brown, 18.
No dia 9 de agosto, o policial disparou várias vezes contra o jovem na zona residencial de Canfield Drive, depois que Brown tinha roubado um maço de cigarros em um estabelecimento próximo, que hoje estava cercado por um cordão policial.
A decisão do júri de não indiciar Wilson motivou incidentes de fúria em Ferguson. Cerca de 12 imóveis comerciais foram incendiados e mais de 100 pessoas foram detidas em confrontos com a polícia na segunda e na terça-feira (25).
Na quarta e na quinta-feira (26), no entanto, o clima ficou mais tranquilo, sem registro de maiores problemas. A segurança da cidade foi reforçada com efetivo da Guarda Nacional –uma força militar de reserva.
A tensão parece ter diminuído no decorrer da semana e as frequentes manifestações em frente ao Departamento de Polícia de Ferguson, que se transformaram em um ritual diário desde a segunda-feira, são cada vez menos frequentes.
Ferguson, cidade com 21 mil habitantes, tem maioria da população negra, mas praticamente todos os líderes políticos e policiais são brancos.
O policial Wilson, que foi colocado em licença administrativa, disse que temeu por sua vida e estava agindo em autodefesa quando atirou em Brown. A família de Brown diz que ele agiu por maldade e deveria ser julgado.
O Departamento de Justiça dos EUA está investigando possível abuso de direitos civis, e o presidente Barack Obama pediu uma reflexão sobre as dificuldades enfrentadas pelas minorias no país.
Homenagem e ajuda
Vários moradores da cidade interromperam suas refeições de Ação de Graças para se reunirem nas proximidades de Canfield Drive, onde um monumento improvisado, com flores e bichos de pelúcia, foi erguido em memória do jovem em frente à carcaça de um automóvel incendiado durante os distúrbios.
“Meu filho me perguntou por ele. É um menino educado. E me disse ‘quero ver Michael Brown’. Queria trazê-lo aqui para que veja o que ocorre hoje em dia nos Estados Unidos”, disse à Agência Efe Kartess Browder, de 24 anos.
Os proprietários dos estabelecimentos destruídos por atos de vandalismo nos protestos desta semana puderam desfrutar uma refeição típica do Dia de Ação de Graças, o peru.
O peru chegou a suas mesas graças a uma doação da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, sigla em inglês), uma organização defensora dos direitos civis das minorias étnicas nos Estados Unidos.
A vendedora de doces Natalie Dubose, mãe solteira e com dois filhos, cujo estabelecimento foi destruído por três indivíduos durante os distúrbios da última segunda-feira, também recebeu ajuda.
Seus utensílios e caixas de guardar produtos foram destruídos, assim como suas 40 encomendas de bolos para o Dia de Ação de Graças.
Disposta a cumprir com seus compromissos em um dia tão importante, Natalie iniciou uma campanha nas redes sociais para arrecadar dinheiro e teve tanto sucesso que até hoje já tinha conseguido US$ 230 mil em doações.
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