MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Jornalista passa mal ao depor sobre larvas em comida de Hospital no AC


Lenilda Cavalcante teve isquemia cerebral e foi internada no Huerb.
Polícia Civil diz que jornalista estava colaborando com investigação.

Do G1 AC

Lenilda Cavalcante (Foto: Arquivo pessoal)Lenilda Cavalcante sofreu uma isquemia cerebral
(Foto: Arquivo pessoal)
Chamada a depor na Delegacia de Combate ao Crime Organizado sobre o caso de larvas que teriam sido encontradas em marmitas servidas para os pacientes do Hospital das Clínicas, em Rio Branco, a jornalista Lenilda Cavalcante, de 47 anos, acabou sofrendo uma isquemia cerebral e precisou ser internada. O incidente aconteceu na noite de segunda-feira (18), enquanto ela prestava depoimento.

De acordo com Manoela Ferreira, esposa da jornalista, Lenilda estava estressada por causa da repercussão da matéria que ela havia escrito sobre as larvas encontradas nas marmitas dos pacientes da nefrologia do Hospital das Clínicas. A repórter havia sido uma das primeiras a chegar ao hospital.

"Ela acordou e viu na internet que o governador [Tião Viana] estava acusando os jornalistas [ que cobriram o caso] de terem feito sabotagem. Aí ela ficou nervosa, quando foi a tarde viu no perfil de uma jornalista que dizia ter visitado a cozinha do hospital e chamou a matéria [feita por Lenilda] de mentirosa. Aí Lenilda discutiu com ela também, e já estava com dor de cabeça por conta de toda essa adrenalina no dia", conta.
Manoela diz ainda que na noite do mesmo dia ela foi chamada para ir até a delegacia para depor e ceder as imagens que ela havia feito para a investigação. Lenilda concordou, mas pediu que fosse no dia seguinte, porém, o delegado teria insistido para que ela fosse no mesmo dia.

"Ela não queria ir porque estava com muita dor de cabeça e queria tomar um remédio e deitar, mas como ele falou que era às 18h ela acabou aceitando. Lenilda estava depondo, quando me disse que estava com muita dor na nuca. Eu corri em casa e peguei o remédio que ela toma para a pressão e dei para ela, mas como a pressão estava a 17 por 11 a gente chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)", lembra.

Internação
A jornalista foi levada para o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) onde, segundo a esposa, os médicos constataram que ela estaria com um quadro de isquemia cerebral, uma redução no fluxo de sangue que vai para o cérebro, que pode levar ao Acidente Vascular Cerebral (AVC).

"Se a gente não tivesse chegado a tempo ela poderia ter tido um AVC. Ela fez uma tomografia que não deu em nada, só que como ela estava muito tensa, os músculos dela acabaram contraindo", explica Manoela.

Por enquanto, a jornalista está consciente,  mas ainda um pouco confusa e seguirá internada na Unidade de Terapia Intensiva do Huerb sem previsão para receber alta. "Ela não está sentindo o lado esquerdo do corpo dela, mas ontem ela não estava nem mexendo as mãos e agora já está mexendo", diz.

Segundo Manoela, Lenilda Cavalcante sofre de hipertensão e há cinco anos já teria tido um AVC. Ela diz ainda que nas últimas duas semanas a repórter vinha sofrendo com dores nas pernas causados por problemas de circulação.

'Armação'
Lenilda Cavalcante e outros dois jornalistas teriam sido chamados por pacientes do Hospital das Clínicas que teriam encontrado larvas na comida que estava sendo servida. Posteriormente, a secretária estadual de Saúde, Suely Melo, disse que o caso teria sido uma armação.
"A Lenilda é uma profissional que tem nome e zela muito por ele. Ela ficou muito abalada porque quem conhece o trabalho dela sabe que ela jamais se meteria em uma matéria mentirosa. O frango estava fechado, não tem como uma pessoa pegar uma larva e colocar dentro de um frango fechado. Quando chegamos, vimos que havia poucas larvas em cima, aí abrimos e encontramos próximo do osso bastante larvas", ressalta.

Manoela diz que em nenhum momento o delegado insinuou que a jornalista fosse suspeita e queria apenas as informações que ela havia apurado para facilitar a investigação. "Ele só pediu que ela esclarecesse para ajudar", conta.

Colaboração
Em nota, a Polícia Civil informou que Lenilda Cavalcante e outros dois jornalistas haviam sido chamados para colaborar com as investigações e não estariam sendo investigados como suspeitos.

A assessoria da Polícia diz ainda que a jornalista compareceu de forma espontânea acompanhada da advogada que estava presente durante o seu depoimento.

Entenda o caso
Após a denúncia de uma paciente do setor de nefrologia do Hospital das Clínicas do Acre que diz ter encontrado larvas de moscas nos frangos das marmitas servidas na unidade, na última sexta-feira (15), a Polícia Civil do estado instaurou inquérito para apurar o caso. O Ministério Público do Estado (MP-AC), por meio da promotoria de Justiça de Defesa da Saúde, também instaurou procedimento para apurar os fatos. No local, foi realizada perícia e o material recolhido passa por análise laboratorial.

De acordo com a nutricionista do setor, Eliane Frare, como procedimento de segurança, as 50 marmitex que seriam servidas foram recolhidas e a alimentação foi substituída por um lanche. "Quando nos comunicaram, começamos a manusear o frango em uma das marmitas e de fato não vimos nada. O alimento que foi visto com larvas estava no lixo, não era o que estava na copa da nefrologia. Ainda assim, servimos mingau, café e bolacha por precaução", conta.

A secretária Estadual de Saúde, Suely Melo, se pronunciou na manhã desta segunda-feira (18) alegando que o hospital foi vítima de sabotagem. "Eu acredito nas cozinheiras e na alimentação que é produzida dentro da unidade. Estou abrindo sindicância e tenho certeza que vai ficar comprovado que foi um ato criminoso. Isso foi armação e nós vamos conseguir provar isso. Se foi de um paciente ou de um servidor, eu não sei. Mas isso vai ficar provado e nós vamos tomar as providencias cabíveis", garantiu.

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