Criança sofre de insuficiência respiratória desde que nasceu, há 10 anos.
Secretaria de Saúde disse em nota que vai cumprir decisão sem recorrer.
Lucas Bittencourt recebeu a visita do cirurgião torácico Rodrigo Sardenberg (Foto: Raquel Morais/G1)
Lucas Ferreira Bittencourt não fala, não anda e respira com ajuda de
aparelhos desde que nasceu, por causa de uma insuficiência respiratória
crônica. A cirurgia, com custo de cerca de R$ 400 mil, já havia sido
determinada pelo tribunal, por meio de liminar, com base em laudos dos
médicos que atendem o garoto e do Ministério Público do DF. A decisão
também determinava o pagamento de multa diária de R$ 10 mil pelo GDF a
partir de 24 de julho.A determinação desta terça foi unânime – 10 votos a 0. Pela decisão, o procedimento deve ser realizado conforme pedido da família, que solicita chefia de um médico específico, com todos os custos arcados pelo governo do Distrito Federal.
Em 1º de agosto, o TJDF havia negado recurso do GDF contra a liminar que determina a implantação do marca-passo. De acordo com a assessoria de imprensa do TJDF, a decisão desta terça-feira não trata da multa, mas a cobrança continua valendo. Caso o GDF não cumpra a determinação, o tribunal deverá apresentar nova decisão com o valor da penalidade. Dois desembargadores votaram contrariamente à cobrança.
Junta médica
Em agosto, uma junta médica da secretaria concluiu que Lucas não tem indicação para a cirurgia. Os três profissionais que analisaram a criança durante 26 minutos afirmaram que ele apresentava “sequelas neurológicas irreversíveis, tanto intelectuais quanto motoras” e que era tetraplégico.
Também segundo os médicos, o implante não traria melhoras significativas a Lucas e não havia necessidade de urgência no tratamento. Rodrigo Sardenberg, médico especialista no procedimento, questionou o laudo. “Acho que não foi uma boa avaliação, inclusive porque há um erro conceitual: Lucas não é tetraplégico, mas tetraparético, ou seja, ele tem os movimentos, mas são mais lentos.”
O TJ afirmou que a análise da junta médica não isentava o GDF de realizar a cirurgia. No dia 31 de julho, o tribunal negou por unanimidade recurso do governo contra a liminar que determinava o implante. O órgão determinou que a operação ocorresse independentemente do relatório da junta.
A cirurgia chegou a receber parecer favorável da coordenadora de neuropediatria e do secretário de Saúde, Rafael Barbosa, quando o pai do garoto consultou a pasta sobre a possibilidade de o GDF custear o procedimento. Um mês depois, porém, a secretaria arquivou o processo alegando não poder transportar o menino para São Paulo, onde a operação seria realizada inicialmente.
Veja nota da Secretaria de Saúde:
"A Secretaria de Saúde do DF SES/DF informa que atenderá à decisão judicial. Para isso, irá aguardar o Acordão do TJDF para tomar as medidas necessárias. A SES/DF esclarece também que, em nenhum momento, se negou a atender ao paciente L.B. apenas precisava de um aval jurídico já que o procedimento não é realizado pelo SUS e não foi aconselhado por sua junta médica."
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