Plantio chega à fase crucial marcado por irregularidades.
Produtores estão preocupados e desempenho pode ser prejudicado.
Plantio de soja já alcançou 1,7% de área, mas atraso na en-
trega de insumos preocupa (Foto: Leandro J. Nascimento/G1)
O plantio da safra 2012/13 de soja e Mato Grosso chega a uma etapa
crucial em outubro. Este é o mês da chamada "janela ideal" e pode
confirmar recordes produtivos para a temporada ou até mesmo frustrar as
previsões de alta caso o produtor não aproveite a fase. Mas apesar de os
trabalhos no campo ganharem força mediante intensificação do período de
chuva, o atraso na entrega dos insumos necessários ao cultivo do grão
já preocupa.trega de insumos preocupa (Foto: Leandro J. Nascimento/G1)
De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), a greve nos portos e falta de caminhões para o transporte dificultaram a chegada dos componentes até as propriedades. Além de esperar mais tempo, o agricultor também está pagando mais caro, lembra Naildo Lopes, coordenador da comissão de Gestão da Produção da Aprosoja.
"Tem produtores com problemas e o preço do frete praticamente dobrou. O adubo retirado em Paranaguá (PR), antes na base de R$ 100, passou para mais de R$ 200 a tonelada. Alguns produtores não têm um quilo de adubo na fazenda", afirmou o representante. Com a ajuda do clima Mato Grosso pode ofertar neste ciclo a maior safra da história, projetada em patamares superiores a 24,1 milhões de toneladas.
Mas se o atraso persistir, inclusive a semeadura da segunda safra de milho pode ser afetada. Lopes lembra que, além das greves deflagradas - a exemplo daquela pelos servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a mudança sobre a legislação que regulou a jornada dos motoristas também impactou na relação.
"Houve dificuldade porque não se achavam caminhões e também porque os preços do frete subiram. A falta de logística também prejudicou", afirmou. O produtor diz que apesar do atraso o desenvolvimento da safra não deve ser prejudicado, uma vez que parte dos insumos necessários ao plantio foi suficiente para iniciar o cultivo.
"Uma parte consegui receber, mas se tivesse comprado mais na boca da safra como houve produtores que deixaram seria prejudicado", alertou o agricultor.
No médio norte de Mato Grosso - onde está o maior celeiro de grãos do Brasil - os agricultores também enfrentam a mesma dificuldade. Na propriedade de Ronaldo Badan serão 650 hectares cultivados. O produtor de Nova Mutum, 269 km da capital, destaca que os insumos são entregues concomitantemente ao plantio.
"Está chegando em cima da hora, quando a entrega deveria ter sido feita até o mês passado. Pelo menos 30% do que comprei já chegou", pontuou o produtor rural. Conforme acrescenta ainda, a medida que os fertilizantes chegam é preciso interromper a semeadura para receber as cargas.
Problema já anunciado
Gestor do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca avalia que o atual cenário é reflexo de um problema já anunciado.
"Os produtores têm uma janela de plantio para cumprir e não podem se dar ao luxo de não plantar. Há uma preocupação porque com a falta do produto podem perder este período especialmente em outubro e não se garantir o bom desenvolvimento das lavouras", alertou o economista.
Somente em agosto - em decorrência da greve dos fiscais federais agropecuários - 657 mil toneladas de fertilizantes foram impedidas de entrarem no estado. "Se postergar o plantio perde-se a precipitação das chuvas", considerou ainda o economista do Imea.
Vendas em alta
Com o cenário de alta estimado para a safra agrícola 2012/13 no Brasil - ciclo em que o país deve se tornar o maior produtor mundial da cultura - elevou-se em 5% a demanda por fertilizantes no país. De acordo com a Associação Nacional de Difusão de Adubos (Anda), de janeiro a agosto os produtores brasileiros adquiriram 17,7 milhões toneladas de fertilizantes, frente a 16,9 mil toneladas do ano passado.
O total de nutrientes (NPK) entregues cresceu 4,7%. De acordo com a Associação, Mato Grosso concentrou o maior volume de entregas de fertilizantes no período, com 3,45 milhões de toneladas, seguido por São Paulo (com 2,421 milhões de toneladas), Paraná (2,273 milhões de toneladas) e Rio Grande do Sul (2 milhões de toneladas).
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