MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Unasul e Mercosul vão se reunir no mesmo dia para discutir Paraguai


Reunião da Unasul foi remarcada para Mendoza, Argentina, na sexta-feira.
Sul-americanos prometem tomar decisão conjunta sobre saída de Lugo.

Amauri Arrais (*) Do G1, em Assunção
A reunião de chefes de Estado da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) sobre a crise política do Paraguai vai ocorrer nesta sexta-feira (29), na cidade argentina de Mendoza, informou nesta segunda a chancelaria do Peru.
Assim, a reunião da Unasul vai coincidir com o encontro de Cúpula do Mercosul, que já estava marcado para Mendoza nessa data.
A chancelaria peruana afirmou que isso foi intencional para aproveitar a presença dos chefes de estado que já estariam na cidade.
O impeachment do presidente Fernando Lugo e a consequente posse de Federico Franco no governo paraguaio levaram o país a ser suspenso tanto do Mercosul como da Unasul na véspera.
Mais cedo nesta segunda, o novo chanceler do Paraguai, José Félix Fernández Estigarribia, disse que o país não aceitará o fato de ter sido suspenso pelo Mercosul.
"Não aceitaremos a suspensão em razão de que se aplica o protocolo de Ushaia 1", disse. "Não se pode aplicar nenhum tipo de sanção sem nos escutar. É curioso que países que questionaram a brevidade do prazo do julgamento político agora nos acionem sem escutar a defesa."
A declaração foi feita após a cerimônia de posse do novo ministério do presidente Franco, três dias após o contestado processo de impeachment de Lugo, que deixou as novas autoridades paraguaias em uma situação de isolamento em relação a seus vizinhos e parceiros sul-americanos.
A chancelaria paraguaia emitiu um comunicado pedindo aos parceiros do bloco "direito de defesa".
Questionado sobre o "gabinete paralelo" anunciado nesta segunda pelo presidente afastado Lugo, o chanceler do governo de Franco disse que se tratava de "uma piada".
"Lugo é ex-presidente do Paraguai, não tem nenhuma função administrativa", disse. "Se ele falar como presidente, que se apliquem as sanções previstas na legislação paraguaia."
A entrevista foi dada após Franco tomar juramento dos novos ministros.
Crise no Paraguai
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra Lugo foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país. A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".
Ele também foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas e não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exército do Povo Paraguaio, responsável por assassinatos e sequestros durante a última década, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse.
O presidente do Paraguai, Federico Franco, faz reunião com o gabinete nesta segunda-feira (25) (Foto: AFP)O presidente do Paraguai, Federico Franco, faz reunião com o gabinete nesta segunda-feira (25) (Foto: AFP)
O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do presidente socialista.

A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.
Na sexta, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.
Em discurso após o impeachment, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado.
Mas, neste domingo, Lugo voltou atrás, aumentou o tom disse que não reconhece o governo de Federico Franco e que não deve, portanto, aceitar o pedido do novo presidente para ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos.
Isolamento
O analista político José Carlos Rodríguez, um consultor em Assunção, disse à Reuters que apesar do isolamento internacional, o apoio das forças políticas locais a Franco é amplo, mas advertiu que o cenário interno pode mudar.
Franco "tem um apoio político gigantesco, mas é conjuntural e não sabemos quanto tempo vai durar", disse.
novo governo de um dos países mais pobres da América do Sul está isolado regionalmente, depois que Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Uruguai retiraram ou chamaram para consultas seus embaixadores em Assunção.

A pressão da região é bastante perigosa para a pobre economia do Paraguai, que depende dos portos de seus vizinhos Argentina, Brasil e Uruguai para o transporte e o abastecimento, além das exportações. No entanto, o governo brasileiro disse que não tomará medidas que "afetem o povo irmão paraguaio".
No mesmo sentido, o Uruguai afirmou que não adotará sanções econômicas. "Não somos partidários de sanções econômicas... nada disso, porque quem acaba pagando por isso é o povo", disse a jornalistas o presidente José Mujica.
Mas o Paraguai enfrenta ainda o risco de sanções dos organismos regionais dos quais participa, como a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e o Mercosul.
O bloco Mercosul, que o Paraguai integra ao lado de Argentina, Brasil e Uruguai, suspendeu a participação do novo governo em uma cúpula que será realizada nesta semana em Mendoza, na Argentina. Em vez disso, receberá Lugo na cúpula presidencial para que o ex-presidente explique a situação interna no país.
O Paraguai considerou a decisão "precipitada" e o Ministério das Relações Exteriores do país disse que a medida sofre "do mesmo defeito que se atribui ao processo interno paraguaio que deu origem a ela, e que se classifica impropriamente como ruptura da ordem democrática".
O chanceler uruguaio, Luis Almagro, explicou que a suspensão do Paraguai da cúpula do Mercosul "aponta para uma ruptura institucional que ocorreu e um procedimento que não tem as características que devia ter."
A Venezuela anunciou a interrupção do envio de petróleo ao Paraguai, mas o presidente da estatal paraguaia Petropar garantiu o abastecimento no país, um importador.
O novo chanceler paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, que tentou sem sucesso fazer contato com seus pares da região, disse que nem sequer o diplomata responsável pela embaixada da Argentina em Assunção o atendeu pelo telefone.
"Telefonei ao encarregado de negócios da Argentina e eles têm ordens de ainda não atender ao telefone", disse.
A Alemanha afirmou que a Europa estava seguindo com preocupação os acontecimentos no Paraguai. Os Estados Unidos, por sua vez, indicaram que a sua secretária de Estado, Hillary Clinton, conversou com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, no fim de semana sobre a situação.
"Estamos muito preocupados pela velocidade do processo utilizado para esse impeachment", disse em entrevista coletiva a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) tinha uma reunião prevista para terça-feira.
(*) Com agências internacionais
quadro paraguai america  (Foto: 1)

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