MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Confronto em fazenda do Pará deixa sem-terra feridos, diz CPT


Confronto envolve trabalhadores rurais, informou a Pastoral da Terra.
Equipes de policiais civis e militares se deslocaram para o local do crime.

Evandro Santos Do G1 PA
Sem-terra na fazenda Cedro (Foto: Divulgação / Agropecuária Santa Bárbara)Sem-terra na fazenda Cedro (Foto: Divulgação / Agropecuária Santa Bárbara)
Doze pessoas ficaram feridas a tiros em um confronto ocorrido na manhã desta quinta-feira (21), na fazenda Cedro, em Eldorado dos Carajás, no sudeste do estado, informou a Comissão Pastoral da Terra. Uma reunião entre a Secretaria de Segurança Pública, Ouvidoria Agrária e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está agendada para esta sexta-feira (22) para discutir o conflito.
De acordo com o Governo do Estado cem homens, entre polícias civil e militares estão no local para garantir a segurança na área. Dois peritos da Unidade Regional do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves também foram para o local do conflito.
A Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá confirmou a ocorrência e mandou uma equipe para o local do crime. A CPT disse que o confronto envolveu trabalhadores rurais e funcionários da fazenda.
Segundo a CPT, os feridos foram levados para hospitais da região. Os mais graves foram encaminhados para o hospital de Eldorado dos Carajás. As vítimas que tiveram ferimentos leves foram levados para Marabá. Dez dos feridos já receberam alta médica e outros dois devem ser liberados nesta sexta-feira (22).
O advogado da CPT, José Batista Afonso, disse que as vítimas foram feridas a bala. Três equipes da polícia foram apurar o caso. A Delegacia de Conflitos Agrários da região disse que o conflito já era eminente, mas não informou detalhes.
O coordenador do MST no Pará, Ulisses Manaçás, informou que os trabalhadores rurais estavam fazendo um ato público em defesa do meio ambiente e contra o uso de agrotóxico, quando foram atacados.
“Fomos recebidos por vários tiros de seguranças armados da fazenda”, disse. Uma irresponsabilidade já que haviam muitas crianças entre os manifestantes", completou Manaçás. Depois do ocorrido, os sem-terra fecharam a rodovia BR-155, antiga PA-150, km 55, entre os municípios de Marabá e Eldorado dos Carajás.
O MST reinvidica a liberação de três fazendas da região para a reforma agrária, e pede uma audiência com o Incra de Marabá para discutir a questão da violência no campo.
Agropecuária alega que sem-terra destruiram propriedades da fazenda (Foto: Divulgação/ Agropecuária Santa Bárbara)Agropecuária alega que sem-terra destruiram
propriedades da fazenda
(Foto: Divulgação/ Agropecuária Santa Bárbara)
A Agropecuária Santa Bárbara, proprietária da fazenda Cedro, reconhece que houve confronto. Porém, segundo a agropecuária, foram os sem-terra que atacaram a propriedade sem que houvesse qualquer tipo de provocação. Os trabalhadores rurais, que já ocupavam uma parte da fazenda desde 2010, teriam marchado em direção a sede com armas em punho, e foram repelidos pela segurança patrimonial da empresa.
Ainda segundo a agropecuária, houve feridos, mas a empresa ainda não sabe confirmar quantos. A Santa Bárbara informou que os sem-terra destruiram casas de funcionários e já chegaram a ocupar a sede da fazenda.
Segundo Manaçás, policiais já estão no local ouvindo os depoimentos dos envolvidos, para posteriormente, instaurar um inquérito civil.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informou que  100 policiais militares e civis foram deslocados para a fazenda Cedro. O secretário de Estado de Segurança Pública, Luiz Fernandes Rocha e outros dirigentes do setor também estão a caminho do local.
Massacre de EldoradoA região onde se localiza a fazenda Credro já foi palco de conflitos de terra no Pará. Em 1996, ocorreu na PA 150 o chamado Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 1,5 mil sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras na rodovia PA-150. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local. Além de bombas de gás lacrimogêneo, os policiais atiraram contra os manifestantes, matando 19 sem-terra.
Em maio de 2012, o Tribunal de Justiça do Pará determinou a prisão de dois militares envolvidos no massacre. Eles foram condenados a penas superiores a 100 anos de prisão.

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