MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 4 de dezembro de 2011

Mulheres pescadoras aprendem a fazer artesanatos de argila no PI

 

Objetos criados são motivo de alegria e bons negócios.
Do barro sai o sustento de 285 famílias do bairro de Poti Velho, em Teresina.

Do PEGN TV
No polo de cerâmica do Piauí, mulheres de pescadores aprendem a trabalhar com argila. O artesanato que elas fazem retrata a dura vida que já levaram. Hoje, os objetos criados são motivo de alegria e bons negócios.

Do barro sai o sustento de 285 famílias de Teresina, no Piauí. Elas transformam argila em potes, vasos, bijuterias e objetos decorativos.

Um projeto do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) trouxe desenvolvimento para o bairro de Poti Velho. Transformou donas de casa em artesãs competentes e bem remuneradas. Hoje elas comandam 27 lojas da principal rua do bairro.

O principal produto é inspirado justamente nas empreendedoras: a mulher do bairro, uma trabalhadora nata. A mulher da olaria carregava tijolos na cabeça o dia inteiro por r$ 10. A mulher do pescador acompanhava o marido para limpar os peixes no barco. Os traços físicos da população também são preservados nas bonecas de argila.

“O rosto dela lembra o meu rosto. Eu vou fazendo, vou esculpindo. Quando termino, meus filhos dizem assim: ‘mãe, essa boneca parece muito com a senhora’”, afirma a artesã Sonia Maria Nascimento da Silva.

A cooperativa de artesanato do Poty Velho nasceu há oito anos e hoje é formada por 40 pessoas. “A gente sabe que o artesanato, ele não só vende só pela sua beleza, mas pela sua história.

Então, a gente teve como objetivo todos os produtos da cooperativa ter uma relação com a identidade local”, diz Raimunda Teixeira da Silva, presidente da cooperativa.

O grupo foi capacitado pelo Sebrae no projeto pólos artesanais do Piauí. “Nós trabalhamos com várias tipologias e vários municípios do estado, aonde nós desenvolvemos ações não só de gestão, mas de informação e capacitação tecnológica”, diz Rosa de Viterbo Cunha, do Sebrae.

Nas feiras as artesãs vendem a maior parte das 600 peças produzidas todo mês. “Nós temos lojistas em várias partes do Brasil (...), Rio, São Paulo, Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte. São pessoas que conheceram nossos produtos através das feiras e rodadas de negócios que a gente participa”, afirma Raimunda.

Mas a cooperativa também possui muitos clientes na loja de fábrica. Os turistas que chegam ao bairro ficam impressionados com o artesanato. “Eles conseguiram avançar nas questões das formas, nas questões da estrutura, colocando junto a criatividade. Ficou uma das coisas mais belas que eu já vi no Brasil”, opina o cliente Leonardo Ferreira Soares.

Pensando nos turistas, o Sebrae orientou a cooperativa a criar peças menores. O tamanho facilita o transporte. E os clientes não precisam mais se preocupar com a resistência do artesanato durante a viagem.

Uma estratégia para vencer a concorrência são caixas de MDF, embalagens personalizadas e resistentes feitas para conquistar os turistas. Nas caixas, a cerâmica chega inteira em qualquer lugar do mundo.

O aumento das vendas faz cada artesã faturar cerca de R$ 500 por mês. “Hoje em dia eu já tenho o meu próprio dinheiro, ajudo em casa, ajudo meu esposo, não preciso mais pedir para eu poder fazer uma conta porque eu mesma posso pagar”, diz Maria de Jesus Lima de Araújo.
E o faturamento vai aumentar mais. O Sebrae foi atrás de parceiros para a cooperativa. A Fundação Banco do Brasil doou o forno elétrico de R$ 34 mil. E uma rede mundial de supermercados liberou R$ 250 mil nos últimos dois anos para melhorias na estrutura e cursos de capacitação.

“O artesão, em si, ele se sente gratificado porque ele realmente não tem barreiras. Ele tem oportunidades de se inserir e ter uma capacitação altamente especializada, altamente direcionada e com excelentes retornos”, diz Rosa, do Sebrae.

E olha que no começo nem os familiares acreditavam nesse trabalho. “Até meu marido, meus filhos diziam: ‘mãe, quem vai comprar isso aí, mãe? Essas bolinhas. Quem que vai botar barro no pescoço?’ Meu marido me chamava até de Maria bolinha. Eu insisti, não desisti”, relata a artesã Sonia Maria Nascimento da Silva.

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