Criador de leitões faz parte do Natal de famílias na região de Bauru, SP

 

Ele já vendeu todos os porcos para este final de ano.
Opção é abordada pelos pequenos produtores.

Guilherme Martins Do G1 Bauru e Marília

Benito cuida bem dos porquinhos para o Natal,
em Pederneiras, SP (Foto: Guilherme Martins/G1)

Benito Borges do Prado tem 54 anos. E embora não seja o Papai Noel, participa do Natal de muita gente. Ele possui um assentamento no município de Pederneiras, estado de São Paulo, e cria, em sua propriedade, porquinhos para o Natal.
Durante toda a vida, Prado dedicou-se à criação de porcos caipiras em Pederneiras. E sempre fatura mais nesta época natalina. “Eu estava com 60 porquinhos e dou 'Graças a Deus' porque vendi quase todos eles. São tantos que nem tem mais espaço para eles fuçarem”, fala, enquanto mostra os porquinhos restantes andando de um lado para o outro. “Destes aí, mais três já estão comprados”.
Os porcos são vendidos a R$ 14 o quilo e Prado fica feliz por poder fazer parte das festas das pessoas e ao mesmo tempo poder melhorar a sua. “Além de colocar a comida na boca dos outros eu também consigo um lucrinho para o meu Natal”, brinca.
A esposa de Prado, Maria Helena da Silva Prado, de 51 anos, conta que adora criar os porquinhos, mas tem o coração mole na hora de se despedir deles. “Eu acho eles muito bonitinhos e tenho tanto dó quando levam embora que nem olho”, conta. E, por outro lado, também fica feliz. “Criamos os bichos e fazemos parte das festas de muita gente, mesmo sem querer”.
Prado já é menos sentimental e procura não se apegar muito aos bichinhos. “Trato bem todos eles, mas não pego amor porque depois ficamos com dó de nos desfazer”, conta.
A história de “Neguinha”
Como diz o ditado, “em casa de ferreiro, o espeto é de pau”, e embora não costume se envolver emocionalmente com o seu lucro, Prado conta que certa vez apareceu uma porquinha que ficou marcada e, mesmo após 10 anos, o criador ainda se lembra da história.
“Neguinha”, como era chamada pela família, foi criada pela filha de Prado e acabou se tornando um bichinho de estimação. “Por onde a gente andava ela ia atrás seguindo, que nem um cachorrinho”.
Até que um dia apareceu um comprador e não teve jeito, Prado teve que se desfazer da companheira. “Esperei minha filha ir até a escola para nos despedimos da porquinha. Quando ela voltou pra casa e me perguntou do animal, respondi que ela tinha quebrado a pata e precisou ser sacrificada”. O criador ainda se lembra de que a filha ficou aborrecida com ele por um bom tempo.
Um negócio lucrativo
De acordo com o Presidente do Sindicato Rural de Bauru e região, Maurício Lima Verde, a criação de leitões é uma opção muito abordada pelos pequenos produtores da região, com o objetivo de aumentar a demanda de fim de ano. “Aumentou bastante a produção nos assentamentos, porque é uma produção muito fácil para ser feita em pequenos espaços”, explica.
Ele diz também que o preço pago ao produtor aumentou em relação ao ano de 2010. “No passado o quilo vivo do animal saiu opor R$ 8 e agora a média é de R$10 a R$15 o quilo, já que é natural a procura nessa época e, como muita gente encomenda com bastante antecedência, então a oferta fica limitada daqui pra frente”.
De origem humilde, Prado conseguiu o assentamento em que vive, há 4 anos, depois de ficar muito tempo acampado no terreno. A esposa Maria Helena conta que depois de passar uma vida toda criando porcos para o abate, ele havia prometido a si mesmo que não voltaria a criar porcos. “Mas não teve jeito. Ele voltou a fazer o que sempre soube, gostou e fez por toda a vida”.

Maria Helena, esposa de Benito, conta que adora criar os porquinhos (Foto: Guilherme Martins/G1)